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As lendas urbanas, normalmente, estão relacionadas às histórias que as gerações passam umas para as outras ao longo dos séculos.
Elas são histórias fictícias, contadas como se fossem verdadeiras ou tivessem ocorrido exatamente como narrado. Elas se espalham de boca em boca ou viralizam pelas redes sociais, a ponto de muitos já não saberem se de fato são reais.
Todo mês de março, tenho reparado no crescimento de postagens em redes sociais, seja de plataformas de investimentos ou de escritórios de assessoria, comemorando o dia 14 como o Dia do Assessor de Investimentos.
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Resolvi fazer uma pesquisa para tentar encontrar em qual lei municipal, estadual ou federal essa data estava estabelecida como comemorativa para a atividade de assessoria de investimentos. No entanto, nada encontrei, pois, de fato, não existe o Dia do Assessor de Investimentos.
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A ABAI – Associação Brasileira dos Assessores de Investimentos –, que completará 10 anos de atuação na defesa da categoria no próximo dia 17 de março, apresentou, por meio do ex-deputado federal Felipe Rigoni, uma proposta de projeto de lei em 2022 indicando o dia 30 de março como o Dia do Assessor de Investimentos.
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A escolha do dia 30 de março se deu em razão da aprovação, em plenário, da lei federal que reduziu a taxa de fiscalização da CVM para o assessor pessoa física em 80% e para a pessoa jurídica em 50%, além de alterar a legislação que citava o agente autônomo de investimentos, substituindo essa denominação por assessor de investimentos – pautas levadas pela associação.
O Dia do Assessor buscava reconhecer e valorizar a importância desses profissionais no mercado financeiro, destacando seu papel na mediação de negociações de valores mobiliários e na orientação de investidores. Além disso, a data serviria para promover ações de educação financeira e conscientização sobre a profissão.
No entanto, o deputado não foi reeleito e o projeto de lei foi retirado de pauta, impedindo a oficialização da data comemorativa.
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Foi dentro desse contexto que a diretoria da ABAI teve a iniciativa de aproveitar o mês de março para lançar a campanha “Março Verde do Assessor de Investimentos”.
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A diretoria decidiu enaltecer a importância do assessor de investimentos na democratização do acesso ao mercado financeiro pelo investidor brasileiro e comemorar seu décimo aniversário em grande estilo.
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Ao longo de todo o mês, serão compartilhados, em suas redes sociais, vídeos de personalidades do mercado, depoimentos de associados, parceiros e clientes destacando o papel e a relevância desse profissional no relacionamento com os investidores.
A iniciativa da ABAI é bastante louvável, evitando que o dia 14 de março se torne mais uma lenda urbana.
Nessa busca por uma fonte fidedigna que indicasse essa data, acabei por descobrir como surgiram o Halloween e a Black Friday, compreendendo melhor a força que uma versão dos fatos pode atingir.
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Na sociedade americana, virou tradição comemorar o Halloween (Dia das Bruxas). Para ser honesto, eu não fazia a menor ideia do motivo de ser comemorado no último dia do mês de outubro.
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O Festival de Samhain era uma celebração celta durante o solstício de inverno, ocorrendo entre 31 de outubro e 1º de novembro. Ele marcava o fim da colheita e o início da metade escura do ano.
Os celtas acreditavam que, nessa época do ano, o véu entre o mundo dos vivos e o dos espíritos se tornava mais tênue. Para se protegerem, comemoravam fantasiados e usavam máscaras, disfarçando-se de espíritos errantes.
Durante a cristianização da Europa, a Igreja tentou concentrar todas essas comemorações no Dia de Todos os Santos. No entanto, algumas tradições pagãs não desapareceram, dando origem ao Halloween, que passou a ser comemorado todo dia 31 de outubro.
Outra data que se tornou uma tradição é a Black Friday, mas sua origem já foi alvo de controvérsias, incluindo acusações de racismo por grupos ativistas. Diz a lenda que a Black Friday seria uma referência ao varejo americano, que usava caneta preta para registrar lucros e caneta vermelha para prejuízos, indicando que, após o Dia de Ação de Graças, as empresas voltavam ao lucro.
Na realidade, a expressão “Black Friday” foi cunhada em 1869, após a crise do mercado de ouro, ou seja, inicialmente estava associada a uma crise financeira. Posteriormente, nos anos 1960, passou a ser usada para descrever o baixo volume de vendas no comércio após o Dia de Ação de Graças na Filadélfia, tornando-se sinônimo de crise comercial.
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Os especuladores americanos Jay Gould e James Fisk tentaram manipular o mercado de ouro em setembro de 1869, comprando grandes quantidades para inflar os preços e vendê-los posteriormente com lucro. Esse movimento acabou prejudicando a economia, especialmente agricultores e comerciantes, que dependiam do ouro para realizar transações internacionais.
Quando o governo americano percebeu a situação, o Tesouro Nacional interveio vendendo grandes quantidades de ouro, derrubando os preços, causando pânico no mercado e levando Jay Gould e James Fisk à falência.
Essa é a verdadeira origem da Black Friday, que hoje se tornou sinônimo de liquidações e promoções no comércio.
O assessor de investimentos, em vez de ter apenas um dia comemorativo, passará a ter seu mês verde. Diferentemente de uma lenda urbana, março será um período dedicado ao reconhecimento e à valorização desse profissional, que se dedica o ano inteiro à arte de se relacionar.
As opiniões contidas neste artigo não refletem necessariamente as opiniões da ABAI, sendo de inteira responsabilidade do autor.
