NRF 2025: As lições do maior evento de varejo do mundo que o Brasil precisa adotar

IA, inovação e mais pontos altos da feira mais importante do setor varejista

Carla Sarni

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Publicidade

O Brasil de 2025 é um país de contrastes. De um lado, desafios econômicos que exigem eficiência máxima. De outro, consumidores que, mesmo em cenários adversos, não abrem mão de experiências de qualidade e marcas que os entendam. Com esse pano de fundo, os dias na NRF – o maior evento de varejo do mundo -, em Nova York, me fizeram refletir sobre o que podemos e devemos aplicar imediatamente à nossa realidade.

Uma coisa ficou evidente: IA não é uma tendência, é uma necessidade. Lá fora, vi marcas integrando inteligência artificial em cada ponto da operação, desde a análise preditiva de vendas até o atendimento automatizado que entrega respostas mais rápidas e personalizadas. Mas aqui está o ponto crítico: no Brasil, a adoção de IA precisa ser prática e proporcional à nossa realidade. De nada adianta implementar ferramentas complexas se elas não resolvem problemas reais ou são inacessíveis para a maioria das empresas. A pergunta que as empresas brasileiras precisam se fazer não é “como ter IA?”, mas “como a IA pode, de fato, facilitar a vida do cliente e melhorar o desempenho do negócio?”.

Outro grande aprendizado foi que inovação não significa luxo ou grandes orçamentos. Significa encontrar formas criativas e práticas de resolver problemas. Lá fora, vi marcas transformando operações inteiras com automação, inteligência artificial e análise de dados. No Brasil, sabemos que os recursos são limitados para muitas empresas, mas a essência do aprendizado é esta: tecnologia não precisa ser sofisticada, precisa ser funcional. Seja simplificando a gestão de um pequeno negócio ou melhorando o atendimento em uma unidade de saúde, o foco deve ser sempre entregar mais com menos.

Continua depois da publicidade

Outro ponto forte é o papel do time no sucesso de qualquer organização. Não importa o tamanho da empresa: a cultura é o motor que mantém as engrenagens girando, especialmente em tempos difíceis. O mercado brasileiro ainda sofre com alta rotatividade e desengajamento de equipes. Vi na NRF exemplos de como as empresas mais bem-sucedidas investem em um propósito claro, alinham suas equipes a ele e, acima de tudo, valorizam as pessoas no dia a dia. No Grupo Salus, onde atuo, sempre entendemos que um colaborador inspirado gera clientes satisfeitos. O desafio é criar esse alinhamento e mantê-lo vivo, mesmo diante de adversidades.

E há um ponto que ficou evidente em praticamente todas as palestras: o consumidor brasileiro de hoje está mais consciente e seletivo. Não basta vender um bom produto ou serviço. É preciso contar uma história que conecte, que mostre como aquela marca se preocupa com seu público e com o impacto que gera na sociedade. Vi exemplos claros de como grandes marcas estão indo além da venda para criar verdadeiras comunidades. No Brasil, com nossa pluralidade cultural e demandas tão específicas, temos uma oportunidade única de construir conexões reais com nossos clientes, mas isso exige estratégia.

A NRF 2025 me acendeu um alerta: o mercado global não vai parar para nos esperar. Ele avança, se reinventa e premia quem está disposto a fazer o mesmo. O Brasil, com toda sua criatividade e resiliência, tem o potencial de ser protagonista dessa nova era. Mas isso exige que abandonemos velhos hábitos, abracemos a inovação prática e coloquemos as pessoas – clientes e colaboradores – no centro de tudo o que fazemos.

Continua depois da publicidade

A mudança está ao nosso alcance. Resta saber: vamos começar agora ou esperar que o mercado nos force a agir?

Autor avatar
Carla Sarni

CEO do Grupo Salus, maior holding de saúde, beleza e bem-estar do Brasil. É reconhecida como uma das principais lideranças femininas do país. Fundadora da Sorridents, a mais premiada franquia odontológica da América Latina.