Eleições nos EUA: quais os efeitos mundiais do segundo mandato de Trump

Agenda "America First" promete um ressurgimento das políticas protecionistas, com tarifas previstas de 10% a 15% sobre todos os produtos importados, e até 60% em itens chineses específicos

Vito Villar

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Donald Trump durante comício em Michigan, em 1º de novembro de 2024. REUTERS/Brian Snyder
Donald Trump durante comício em Michigan, em 1º de novembro de 2024. REUTERS/Brian Snyder

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A vitória de Donald Trump em um novo mandato presidencial nos Estados Unidos, combinada com o possível controle republicano da Câmara e do Senado, traz implicações significativas para a ordem mundial e os mercados globais. O que inicialmente parecia uma das eleições mais acirradas da história americana resultou em um triunfo categórico de Trump.

Sua agenda “America First” promete um ressurgimento das políticas protecionistas, espelhando seu primeiro mandato em que aplicou tarifas sobre importações, especialmente da China, provocando uma guerra comercial que impactou profundamente o comércio internacional.

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Em um possível segundo mandato, Trump pode intensificar ainda mais essas medidas, com tarifas previstas de 10% a 15% sobre todos os produtos importados, e até 60% em itens chineses específicos.

Tais ações podem gerar efeitos em cadeia, afetando mercados emergentes que dependem da exportação de commodities e produtos industriais, como o Brasil. Este cenário oferece riscos e oportunidades: novos mercados podem se abrir, mas a competição pode aumentar, caso produtos chineses sejam redirecionados a países como o Brasil.

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Observando a União Europeia, a relação com Trump foi marcada por tensões, e deve ser monitorada de perto. No passado, o bloco considerou fortalecer laços com a China para contrabalançar a política de Trump, embora essa ideia tenha sido posteriormente descartada. Movimentos semelhantes podem reconfigurar a balança de poder global.

O impacto no setor agrícola merece destaque, dado o papel dos Estados Unidos como um dos maiores produtores mundiais. A guerra fiscal, iniciada em 2017, e os subsídios criados por Trump levaram à formação de estoques que, por sua vez, reduziram os preços globais de commodities como soja e milho, prejudicando as exportações brasileiras.

Internamente, o controle republicano do Congresso permitirá a Trump avançar com reformas econômicas e regulatórias alinhadas à sua agenda conservadora e de choque fiscal. Políticas relacionadas a impostos corporativos e de bilionários, bem como incentivos para indústrias de transição energética, podem provocar respostas do Federal Reserve com uma política monetária contracionista, elevando a taxa de juros e, potencialmente, estimulando a fuga de capitais da América Latina.

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Com relação ao controle do Senado, a configuração proporcionará a Trump apontar seus nomeados para cargos-chave como juízes, gabinetes e avançar em sua agenda de controle migratório, além da retomada da produção de combustíveis fósseis.

No entanto, se os democratas mantiverem algum grau de controle na Câmara, ele poderá enfrentar obstáculos significativos em sua agenda, forçando-o a negociar e a, possivelmente, moderar sua abordagem. Isso criaria um sistema de freios e contrapesos que limitaria seu poder e tornaria seu caminho mais desafiador.

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* Vito Villar é consultor de Comércio Internacional e Sustentabilidade, com foco em novas legislações internacionais pela BMJ. Também trabalha com temas ligados a acesso a mercados, negociações internacionais e alterações tarifárias. Foi pesquisador do Observatório de Política Externa Brasileira (OPEB) da UFABC na área de Comércio Internacional. É internacionalista e bacharel em humanidades pela Universidade Federal do ABC (UFABC) além de membro da Cátedra Jean Monnet de Sustentabilidade da ESPM.

Vito Villar

Consultor de Comércio Internacional e Sustentabilidade, com foco em novas legislações internacionais. Também trabalha com temas ligados a acesso a mercados, negociações internacionais e alterações tarifárias. Foi pesquisador do Observatório de Política Externa Brasileira (OPEB) da UFABC na área de Comércio Internacional. É internacionalista e bacharel em humanidades pela Universidade Federal do ABC (UFABC) além de membro da Cátedra Jean Monnet de Sustentabilidade da ESPM