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Os juros futuros (DIs) romperam, neste final de 2024, os patamares dos 14%, já tocando inclusive nos 15%, nos contratos com vencimento em 2027. Esse patamar de taxas relembra alguns momentos passados, como os ocorridos durante a crise do suprime, que teve seu ápice em setembro de 2008, com a quebra do Lehman Brothers, o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos.
As taxas futuras atuais de juros nos relembram ainda outros dois momentos: agosto de 2011, quando os mercados sofriam com os contágios da crise das dívidas de países da Zona Euro e com o rebaixamento da nota de crédito dos EUA. Bem como a 2016, momento em que os DIs saltaram por conta da crise política brasileira, que culminou com o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Foram momentos em que muitos investidores devem ter pensado seriamente em deixar o mercado de renda variável e migrar para a renda fixa – mas também representaram períodos que antecederam futuras quedas de juros e, por consequência, bons tempos nas bolsas.
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Em 2008, por exemplo, o pessimismo se estabeleceu no mercado de capitais e o Ibovespa perdeu 60% entre 28 de maio a 27 de outubro de 2008, num mergulho de 73.179 pontos para 29.545 pontos.
Comprar ações na bolsa parecia algo vergonhoso e o Tesouro Direto apresentava taxas imperdíveis.
Mas quem, num ato de rebeldia, comprou o índice em meio à tormenta, qual rendimento obteve?
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Nada menos do que 130% entre 27 de outubro de 2008 e 13 de janeiro de 2010.
2011
Em 2011, o sentimento de pessimismo com mercado de capitais vinha, desta vez, com a desaceleração econômica. O Brasil havia performado positivamente após a crise de 2008 e a sensação era que a ressaca teria chegado com atraso por aqui. Mais uma vez comprar bolsa era um ato de insensatez.
Naquela ocasião,o Ibovespa recuava 25% entre 1 de novembro de 2010 a 31 de agosto de 2024, num declínio de 73.100 pontos para 53.200 pontos. Do dia 31 de agosto de 2011 a 12 de março de 2012, quem tomou o risco na bolsa em pouco mais de 100 dias embolsou de 24% de rendimento.
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Ressalta-se que, diferente de 2008, quando foi registrado um grande declínio do índice pela dimensão da crise, a correção neste novo período foi bem menor.
2016
Já em 2016, os juros elevados no Brasil refletiram o esforço para conter uma inflação persistente, agravada por fatores como a desvalorização do real e a alta dos preços administrados (energia e combustíveis), além do impacto de uma crise política e fiscal severa.
Em uma janela de exatos quatro anos – 20 de janeiro de 2016 a 20 de janeiro de 2020 – registra-se um surpreendente avanço de 210% do Ibovespa.
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2024
Agora, verifica-se uma preocupação com o aumento de gasto público e o déficit fiscal. Nota-se ainda que os juros futuros romperam o patamar de 14%, o que deve produzir desaceleração econômica.
O aumento dos juros normalmente se reflete na desvalorização do câmbio, abrindo os olhos do investidor estrangeiro aos ativos brasileiros subprecificados.
Sinais do mercado
No mercado de capitais estar certo é um desafio. Por isso, uma alocação gradual e diversificada, com auxílio de um bom assessor é sempre o melhor caminho. Mas alguns setores costumam dar sinais importantes pelos seus índices na bolsa brasileira.
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O ICON (cesta das ações vinculadas ao setor de consumo) costuma ser o primeiro setor a dar sinais de melhora, pois atua com o consumidor final e é diretamente conectado à economia real.
Já o IMOB (cesta de ações vinculadas ao setor imobiliário), pela natureza das operações que dependem quase em sua totalidade de crédito, tende a ser um dos setores que mais sofre com o aumento das taxas de juros no financiamento. Por outro lado, é um dos que mais se beneficia quando o movimento de queda de juros ocorre.
Das empresas que compõem o IEEX (cesta de ações vinculadas ao setor de energia elétrica), uma parte de seus contratos de concessão prevê reajustes em tarifas por uma série de indicadores que acompanham de maneira direta e indireta o IPCA e a própria taxa de juros.
Assim, vale observar o movimento desses três índices. Eles costumam dar sinais decisivos para o mercado.
É difícil afirmar se 2024 será parecido com 2008, 2011 ou 2016, mais daqui a uns anos saberemos se o momento atual foi de fato uma grande janela de oportunidade para renda variável, como ocorreu nos anos anteriores.