As lições que a SAF Botafogo nos ensinou em 2024

A trajetória do Glorioso ao longo do ano representa lições valiosas que podem ser aplicadas tanto no futebol quanto no mundo corporativo

Francisco Amarante

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Troféu da Copa Libertadores sendo erguido pelos jogadores do Botafogo (REUTERS/Agustin Marcarian)
Troféu da Copa Libertadores sendo erguido pelos jogadores do Botafogo (REUTERS/Agustin Marcarian)

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A Glória Eterna é do Botafogo!

As últimas semanas têm sido eletrizantes para a torcida do Botafogo. As conquistas recentes da Copa Libertadores da América e do Campeonato Brasileiro de 2024 reacenderam a paixão de uma das dez maiores torcidas do país. Apesar de um passado glorioso, o clube sofria com a ausência de grandes títulos.

Se há alguém que não pode reclamar de 2024, é o torcedor botafoguense. Nem a reação do mercado financeiro ao pacote de medidas de corte de gastos, divulgado pelo governo dias antes, conseguiu ofuscar o brilho da estrela solitária. Dezenas de milhares de fãs viajaram até Buenos Aires para assistir a uma das finais mais épicas da história. Dias depois, comemoraram o tão aguardado bicampeonato brasileiro, encerrando um jejum de 29 anos.

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A torcida está tão anestesiada pelo feito que parece não ter assimilado totalmente a possibilidade de ainda conquistar o Mundial de Clubes. Para isso, o Botafogo precisa avançar na Copa Intercontinental do Catar e superar o Real Madrid na final marcada para 18 de dezembro.

Enquanto muitos brasileiros enfrentam expectativas de inflação e juros mais altos, ainda que com boas projeções para o PIB e para geração de emprego, os botafoguenses sonham em alcançar um feito inimaginável: vencer a tríplice coroa em um único ano. Isso coroaria o trabalho exemplar realizado pelo clube nos últimos anos, firmando seu nome na história do futebol mundial.

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Quais foram as lições que o Botafogo nos ensinou em 2024?

O ano de 2024 do Botafogo foi um exemplo de transformação e sucesso, trazendo lições valiosas que podem ser aplicadas tanto no futebol quanto no mundo corporativo. Se analisarmos o clube como uma empresa privada, assim como uma assessoria de investimentos, aprendemos que toda mudança só foi possível graças a um excelente planejamento estratégico, com metas definidas para o curto, médio e longo prazo.

Os três principais aprendizados é que precisamos: 

A profissionalização trouxe resultados práticos. Em três anos, o Botafogo atraiu investimentos externos, recebeu mais de R$ 250 milhões em premiações e modernizou sua infraestrutura. Assim como na assessoria de investimentos, escolhas estruturais e estratégicas impactam diretamente o sucesso e a satisfação dos “clientes”.

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Entenda o que é uma SAF

Afinal o que é uma SAF?

A SAF (Sociedade Anônima do Futebol) é uma modalidade de organização empresarial criada no Brasil pela Lei nº 14.193, de 6 de agosto de 2021, que permite a clubes de futebol se organizarem como empresas para facilitar a captação de recursos, melhorar a gestão e dar maior transparência às operações financeiras. Essa estrutura tem como objetivo modernizar o futebol brasileiro, permitindo que clubes tradicionais e novos projetos sejam mais sustentáveis financeiramente.
Vantagens da SAF

1. Captação de investimentos: Atração de capital externo para quitar dívidas, reforçar equipes e modernizar estruturas.

2. Melhor gestão financeira: Maior controle e transparência, com práticas empresariais.

3. Separação de passivos: Dívidas anteriores ao modelo SAF podem ser negociadas separadamente.

4. Valorização da marca: Mais profissionalismo tende a aumentar o valor comercial do clube.

5. Responsabilidade limitada: Redução do impacto de má gestão no clube matriz.
Desvantagens da SAF

1. Perda de controle: Torcedores e sócios podem sentir que o clube “perdeu sua identidade” ao ser administrado por investidores.

2. Risco de má gestão empresarial: Investidores podem tomar decisões que priorizem lucro em detrimento da paixão do torcedor.

3. Dependência de investidores: A saúde financeira do clube pode ficar atrelada à continuidade de aportes de investidores.

4. Transição complexa: A criação da SAF exige organização jurídica e financeira robusta, o que pode ser desafiador para clubes muito endividados.

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Qual a importância que o técnico teve nas conquistas?

Nesse contexto, a escolha do técnico, assim como a escolha de um líder em uma empresa, foi decisiva. Após algumas experiências com técnicos portugueses, a chegada de Artur Jorge elevou o futebol do clube a outro nível, trazendo importantes lições:

Quem acompanhou a final da Libertadores contra o Atlético Mineiro, em Buenos Aires, provavelmente deu o jogo como perdido quando o jogador Gregori foi expulso aos incríveis 40 segundos de partida. No entanto, ao invés de cair no desespero ou culpar o árbitro, os jogadores e o técnico seguiram as lições, garantindo o controle do jogo e a vitória no final. A imagem de Artur Jorge com sua equipe técnica, analisando o jogo com um iPad no banco de reservas, redefinindo a estratégia para um 6-2-1, ficou marcada na memória dos torcedores.

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Essa abordagem tática tem trazido ótimos resultados, equilibrando a performance ofensiva e defensiva do Botafogo, que tem marcado muitos gols e melhorado sua defesa. Da mesma forma, no contexto de uma assessoria de investimentos, o líder da empresa, ao invés de cair no desespero e vender todas as posições do cliente em meio a uma crise de mercado, deve manter a calma, analisar os movimentos e esperar por fatos novos antes de tomar decisões.

Assim como a escolha de um técnico de futebol pode transformar a performance de uma equipe, a escolha de um líder em uma empresa pode ser determinante para o sucesso. Para isso, é necessário valorizar o planejamento estratégico, possuir domínio técnico, saber gerir pessoas, usar corretamente a tecnologia e dados, além de ter uma boa comunicação e versatilidade. Essas características fazem de um líder tático alguém capaz de combinar conhecimento técnico com habilidades interpessoais e estratégicas, moldando sua equipe para o sucesso em diversos cenários.

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Como reagiram os jogadores?

É inegável a qualidade técnica dos jogadores do Botafogo, mas o que mais se destaca nesse grupo, são outros aspectos, tão importantes quanto ou mais dependendo da partida.

Na final da Libertadores, após a expulsão do jogador Gregori, aos 40 segundos do primeiro tempo, esses aspectos ficaram mais visíveis. Alguns deles, que se destacaram, poderiam, perfeitamente, servir para qualquer outro profissional:

As últimas quatro partidas foram bastante desafiadoras, não esquecendo dos deslocamentos de cidade, exigindo muito dos atletas emocionalmente e fisicamente.

Para encerrar o ano, embarcou na noite do título do brasileiro, para disputar a Copa Intercontinental do Catar, num voo de 14 horas de duração e 6 horas de fuso horário. Se o corpo aguentar, não temos dúvida que o Glorioso fará de tudo para conquistar a tríplice coroa, se sagrando campeão do mundo. 

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Como foi o comportamento da torcida?

O torcedor botafoguense é o que podemos chamar de cliente fiel. Sabe aquele cliente que você atende a vida inteira, chova ou faça sol, ganhe ou perca do CDI? Sim, o glorioso alvinegro praiano tem esse tipo de apoiador. Ele não abandonou o time em nenhum momento, mesmo no apagão do brasileiro de 2023. Pelo contrário, ele aumentou os investimentos com você e no momento da performance lotou os estádios retribuindo o bom atendimento.

Torcedores de outras equipes se surpreenderam com a quantidade de botafoguenses em Buenos Aires e no Nilton Santos. Todos queriam presenciar esses momentos de glória: campeão da américa e do Brasil. Tipo cliente satisfeito, que acaba te indicando outro. 

O comportamento da torcida durante os jogos e as comemorações merecem destaque, pela alegria quase incrédula, pela união na hora da festa e pela tranquilidade com que ocorreram. NPS 100!

As opiniões contidas nesse artigo não refletem necessariamente as opiniões da ABAI, ficando ao autor a sua responsabilidade.

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Francisco Amarante

Superintendente da ABAI (Associação Brasileira dos Assessores de Investimentos)