A revolução do áudio e a morte do conhecimento? Os insights mais poderosos do SXSW

Evento está estimulante, com palestras mais atraentes e provocativas

Vinicius Mesquita

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Há algo de estranho no reino brasileiro de Austin, no Texas, sede de mais uma edição do SXSW, evento de referência sobre tecnologia, inovação, música e cinema. Não compreendam mal, os mais de dois mil brasileiros continuam por lá, caminhando apressados entre avenidas e hotéis, em busca das sessões mais atraentes. Mas, comparada à edição de 2024, a cidade está mais vazia, vários restaurantes fecharam suas portas e, quem diria, poucas palestras são inacessíveis porque as grandes filas desapareceram.

Paradoxalmente, o SXSW 2025 está estimulante, com palestras mais atraentes e provocativas. Alguém da organização deve ter soado o alerta e requisitado: menos graça, mais orientação.

A seguir, quatro apresentações fundamentais e “uma graça”, porque nem só de sobressaltos vive um andarilho de Austin.

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Não coma plástico

A futurista Amy Webb, proprietária da palestra mais concorrida do SXSW, flertou com o fim da humanidade. Abriu os olhos dos espectadores para o mal projetado por líderes autoritários e perigosos, responsáveis pelo aquecimento global incontrolável, pela competição esportiva – Enhanced Games – envolvendo atletas dopados de esteroides no limite suportável por um ser humano e pela assustadora capa da revista Consumer Reports, ensinando você a comer menos plástico.

“Agora precisamos de instruções para isso. Em alguns casos, eles descobriram que há algo como uma colher de plástico alojada no cérebro de algumas pessoas”, disse Amy Webb. “Você pode imaginar voltar no tempo e dizer ao Leo Baekeland, o inventor do plástico, que no futuro as pessoas precisariam de conselhos sobre como não comê-lo?”

Para Webb, nossa civilização está mudando de tal maneira que não temos mais como explicar.

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“Há semanas que parecem décadas. Eu sei, já estou deixando vocês desconfortáveis.”

Um dos temas mais importantes de seu relatório é o nascimento de um novo ciclo chamado “inteligência viva”, um sistema que pode sentir, aprender, adaptar e evoluir por meio da inteligência artificial, de sensores avançados e da biotecnologia.

“A inteligência viva (IV) vai reescrever as regras de nossa realidade como a conhecemos hoje. E nós não estamos preparados. A IV acabará moldando decisões futuras de cada líder daqui para frente, de cada empresa, cada governo, cada setor. E precisamos separar um tempo para pensar em como essas decisões moldarão o futuro.”

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A irrelevância do conhecimento

O futurista Ian Beacraft, CEO da Signal adn Cipher, mostrou como o conhecimento pode ficar desatualizado a cada dia que passa, com maior rapidez.

“No século passado, levava uns 30 anos para uma habilidade ficar desatualizada. E nos dias de hoje? Cinco anos? Dois?”, disse Beacraft.

“Nós não temos ideia de como lidar com isso. Temos que pensar juntos. Porque este mundo para o qual estamos caminhando é um mundo onde as habilidades estão mudando rapidamente em termos de seu valor. E o irônico é que precisaremos da ajuda da IA para resolver esse problema.”

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“Dominós da covardia”

Scott Galloway, professor de Marketing da NYU Stern, chacoalhou o público ao afirmar que os mais importantes líderes da tecnologia, como Jeff Bezos, Linda Yaccarino, Satya Nadella, Sam Altman, Tim Cook, Elon Musk e Mark Zuckerberg estão jogando um nefasto “dominó da covardia”, influenciando demais empresas, não tão proeminentes, a tomarem decisões antiéticas, irresponsáveis e, em alguns casos, conservadoras

“É um dominó da covardia que acontece em alguns setores da tecnologia. Mas é preciso dizer que nem todos são assim. Existem empresários fantásticos nos EUA. Quero dar um alô para os CEOs que não pretendem caminhar em direção ao fascismo”, disse Galloway

Galloway também aproveitou para destacar o recente gesto de Musk na posse de Trump, que alguns interpretaram como uma saudação fascista.

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“Eu tinha um loop de Musk fazendo a saudação nazista e pensei: ‘Eu me recuso a normalizar essa besteira’. Pense no que o dinheiro fez conosco.”

Em outro momento, Galloway disse que os podcasts estão em rápida ascensão, transformando o consumo de entretenimento de boa parte das pessoas. “É a mídia que mais cresce no mundo.”

O poder do áudio

Tom Webster, sócio da Sounds Profitable, empresa dedicada a definir o curso para o futuro dos negócios de áudio, ratificou as palavras de Galloway ao afirmar que a evolução dos podcasts parece não ter fim. Mas ele foi mais longe.

“Praticamente 50% das pessoas que acompanham um podcast no YouTube minimizam a tela para fazer algo mais. É, na verdade, o poder do áudio que faz toda a diferença. E, claro, porque o YouTube é uma plataforma fantástica.”

Segundo pesquisa da Sounds Profitable, 43% das pessoas entrevistadas dizem que fazem deveres de casa ou cozinham enquanto acompanham podcasts pelo YouTube. 39% disseram que fazem exercícios, e 35% também afirmaram que navegam pelo celular em busca de outras redes sociais.

The Last of Us 2

Uma das sessões mais concorridas do SXSW 25 foi a dedicada ao lançamento da segunda temporada de The Last of Us pela HBO (ou Max no Brasil), que estreia no dia 13 de abril. Até Amy Webb disse que não queria perder a entrevista do ator Pedro Pascal, protagonista da série e atração midiática do evento.

“Sou obviamente fã do game, mas é preciso se preocupar com todos. Com aqueles que são fãs do jogo e aprenderam a gostar da série, e com aqueles que só descobriram o jogo após assistir à série”, disse Craig Mazin, produtor executivo e co-criador da série.

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Vinicius Mesquita

Vinicius Mesquita, criador da Jazzify e apresentador do programa Vamos de Vinho, ex-Gerente Geral do UOL