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Essa semana foi aberto oficialmente o mercado de previsões econômicas 2025, indicando uma maior incerteza do mercado com relação a inflação e ao juros.
Os assessores de investimentos exercem um papel fundamental na hora de traduzir essas previsões para os seus clientes. O desafio reside no fato de que as previsões do mercado nem sempre se concretizam, deixando os investidores confusos ou até desiludidos.
A divulgação do 1º boletim Focus no dia 6, pelo BACEN, era esperada pelos investidores, gestores, empresários e formuladores de política pública. O boletim reúne as expectativas, de 100 instituições participantes do mercado financeiro, sobre os principais indicadores econômicos do País.
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Para o mercado, essa fonte serve como uma importante ferramenta para auxiliar na tomada de decisão e no planejamento financeiro e econômico.
Para 2025, a previsão para o IPCA teve ligeira alta indo para 4,99%, a cotação do dólar chegou aos R$ 6, a Selic foi de 14,75% para 15% e a estimativa do PIB teve uma alta marginal indo de 2,01% para 2,02%, confirmando o pessimismo que predominou os ânimos do mercado no final de 2024.
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Como toda previsão nem sempre elas são precisas e se realizam, pois estão sujeitas a eventos não controláveis, frustrando as expectativas e podendo gerar grandes prejuízos. Daí a necessidade de uma revisitação periódica nos seus fundamentos, podendo eles sofrerem ajustes ao longo do tempo, o que pode gerar volatilidade e instabilidade aos mercados.
Isso foi o que observamos ao longo de 2024, quando as previsões, do início do ano, indicavam uma Selic entre 8 e 9% e diversos fatores acabaram por aumentar a projeção para mais de 12%.
Podemos afirmar o mesmo com relação ao câmbio, que no primeiro sinal de desequilíbrio fiscal, sentiu e ultrapassou a casa dos R$ 6,00, bem acima do que o mercado projetava. Se analisarmos a série histórica iremos constatar, que tem sido cada vez mais recorrente esses ajustes nas previsões e numa frequência maior do que era observado antes.
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Para o assessor de investimentos essas imprevisibilidades podem ser fatais, pois qualquer leitura equivocada pode resultar em uma recomendação de ativos que sofrerá os seus impactos, gerando perdas aos investidores, por vezes irreversíveis. A pandemia pode ser um exemplo de um evento não controlável, que acabou afetando diversos mercados, como o de fundos imobiliários, que até hoje busca recuperação, encerrando 2024, com uma perda de 5,80%.
Como gosto de reforçar, o investidor é o principal ativo dos assessores e portanto, cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.
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O Dilema das Previsões: Expectativas e Realidades
No artigo Previsões de Mercado: Como Erramos em 2022, de Ferrer, M., o autor analisou os principais erros cometidos por especialistas em suas projeções econômicas e de mercado no ano anterior. Ele abordou como fatores imprevistos, mudanças rápidas no cenário macroeconômico, decisões de política monetária e eventos inesperados, afetaram a precisão das previsões.
O texto destaca casos específicos em que as expectativas criadas por analistas falharam em se concretizar, como o desempenho do mercado de criptoativos e as políticas monetárias globais, oferecendo uma reflexão sobre os desafios de prever o comportamento de sistemas complexos e interconectados. Ferrer também sugere medidas para melhorar a abordagem analítica, incluindo a consideração de cenários alternativos e a adoção de maior cautela na comunicação com o público investidor.
O cenário em 2024 não foi diferente, quando muitos acreditavam numa retomada do real e das bolsas brasileiras, mas fatores geopolíticos externos e a decepção com o pacote de medidas fiscais no cenário doméstico, acabaram por resultar no pior desempenho da moeda desde 2020 e no terceiro pior resultado desde 2010. Com relação ao mercado de ações não foi diferente, tendo o IBOVESPA apresentado o pior resultado de todas as bolsas globais e o pior desempenho anual desde 2021, desvalorizando 10,36% no ano.
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Quando olhamos para o bitcoin, quem previu o seu fechamento, em 2024, com 178% de valorização em reais?
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Razões para as Imprevisões
As falhas nas previsões financeiras podem ser atribuídas a diversos fatores. Destacamos esses três:
- Complexidade dos Mercados: Economias são sistemas dinâmicos e interconectados, tornando difícil prever como eventos locais e globais interagirão.
- Fatores Inesperados: Eventos como pandemias, crises geopolíticas ou colapsos empresariais fogem ao escopo de previsão.
- Viés de Confirmação: Analistas podem priorizar dados que confirmem suas hipóteses iniciais, ignorando informações contrárias.
Em “Thinking, Fast and Slow”, Daniel Kahneman, prêmio Nobel em ciências econômicas em 2002, explora como vieses cognitivos e heurísticas (atalhos mentais) influenciam negativamente as previsões de mercado, incluindo as feitas por especialistas. Ele argumenta que, frequentemente, os especialistas cometem erros porque confiam excessivamente em padrões percebidos, ignoram incertezas e subestimam o papel do acaso. Esses fatores levam a previsões imprecisas e, muitas vezes, equivocadas.
Lições para os Assessores de Investimentos
Diante da(s) incerteza(s), que o ano de 2025 deve trazer, os assessores desempenham um papel crucial ao gerenciar as expectativas e o comportamento dos clientes.
Buscar acertar o alvo com precisão poderá sair caro para o investidor neste ano.
Segundo Kahneman, a psicologia comportamental desempenha um papel fundamental na tomada de decisão dos investidores, ajudando a explicar por que muitas vezes eles agem de forma irracional, contrariando princípios econômicos tradicionais. Essa área, também conhecida como finanças comportamentais, estuda como emoções, vieses cognitivos e fatores sociais influenciam as decisões financeiras.
Principais aspectos da psicologia comportamental na tomada de decisão
Vieses Cognitivos:
- Viés de Confirmação: Os investidores tendem a buscar informações que confirmem suas crenças, ignorando dados que as contradizem.Ancoragem: Eles se fixam em um valor inicial (como o preço de compra de um ativo) e resistem a ajustá-lo com base em novas informações.
- Excesso de Confiança: Muitos investidores acreditam que possuem habilidades acima da média, levando a decisões arriscadas.
Heurísticas (Atalhos Mentais):
- Disponibilidade: Decisões são baseadas em informações que estão mais facilmente acessíveis na memória, como eventos recentes.
- Representatividade: Julgamentos são feitos com base em padrões percebidos, levando a extrapolações erradas sobre o desempenho futuro.
Influência das Emoções:
- Medo e Ganância: Emoções fortes levam a comportamentos extremos, como vender na baixa por medo ou comprar na alta por ganância.
- Aversão à Perda: Os investidores temem mais perder dinheiro do que gostam de ganhá-lo, o que pode levar a decisões conservadoras demais ou à incapacidade de realizar prejuízos.
Efeito Manada:
- A tendência de seguir as ações de outros investidores, assumindo que eles sabem mais, pode levar à formação de bolhas especulativas ou vendas em pânico.
Impactos na Tomada de Decisão
- Subestimação do Risco: Decisões baseadas em otimismo ou excesso de confiança podem levar à negligência em avaliar riscos.
- Timing Errado: Investidores frequentemente compram ativos no pico (por medo de ficar de fora) e vendem na baixa (por medo de perder mais).
- Desalinhamento com Objetivos: Emoções e vieses podem afastar os investidores de suas metas financeiras de longo prazo.
Como Mitigar os Efeitos da Psicologia Comportamental
- Educação Financeira: Compreender os próprios vieses pode ajudar os investidores a tomarem decisões mais racionais.
- Planejamento e Disciplina: Ter uma estratégia clara e aderir a ela, independentemente das flutuações do mercado.
- Diversificação: Reduz o impacto de decisões emocionais em ativos específicos.
- Consultoria Profissional: Assessores de investimentos podem oferecer uma visão mais objetiva e baseada em dados.
A psicologia comportamental mostra que os investidores não são tão racionais quanto a teoria econômica clássica pressupõe. Reconhecer essas influências psicológicas é essencial para melhorar o processo de decisão no mercado financeiro.
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente as opiniões da ABAI.