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Uma casa no interior com uma bela piscina. Eu não sei você, mas este é um dos meus grandes sonhos. Não tanto pela piscina em si, mas pela ideia de ter uma sombra refrescante, um lugar para ler em paz enquanto curto ver a minha família crescer.
Quando comecei a ler “Happy Money: The Science of Happier Spending” (Dinheiro feliz: a ciência de gastar com felicidade, em uma tradução livre), esperava um livro teórico, recheado de estudos que mostram que mais dinheiro não traz mais felicidade. Só não esperava ver o meu sonho ser trazido para a realidade com cores mais sombrias.
O problema não é a casa com piscina, mas sim a forma como projetamos o futuro, dizem os autores Michael Norton e Elizabeth Dunn. A lente da nossa imaginação foca apenas no primeiro plano do objeto de desejo (manhãs preguiçosas à beira d’água com um bom livro e uma água de coco, no meu caso). Enquanto isso, todo o restante do cenário fica mais borrado – e esquecemos de pensar nos aspectos mais práticos relacionados ao sonho (a manutenção da piscina, o trânsito para chegar até o interior).
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Ao ler aquilo, comecei a pensar naquele sonho de uma outra forma. Como arranjaria tempo para cuidar daquela casa? Quanto gastaria com a manutenção? Quanto tempo de trânsito nas estradas, todo fim de semana? Ao mudar a lente, passei a avaliar a compra de um jeito mais prático.
Antes de decidir realizar uma compra importante, os autores do livro sugerem um exercício simples, mas poderoso: pensar na próxima terça-feira. “Tire um tempo para refletir o que você fará na próxima terça-feira, da manhã até a noite. Como esta compra irá afetá-lo na terça-feira? Este exercício simples – pensar no uso do seu tempo em um dia específico – nos ajuda a fazer previsões menos enviesadas sobre quanto um item pode influenciar a nossa felicidade”, explicam.
Este “teste da terça-feira” pode nos ajudar a navegar decisões de compra com um pouco mais de sangue frio. Quando compramos algo, acreditamos que aquele item nos trará felicidade: um carro novo, um aparelho de ar condicionado, um celular de última geração. No entanto, conforme o tempo passa, aquilo que era uma novidade vira o nosso novo normal. Ninguém consegue tirar satisfação de algo que faz parte do seu padrão de vida. O que antes era um luxo logo vira uma necessidade.
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O fenômeno é conhecido pelos psicólogos econômicos como “adaptação hedônica” – a nossa tendência de nos adaptar a qualquer acontecimento (ou nova compra), sejam eles positivos ou negativos. Quanto maior for a sua renda, maiores são as suas expectativas e mais caros os seus objetos de desejo. Por isso, um aumento não traz necessariamente mais felicidade – só encarece o seu estilo de vida.
Mas isso quer dizer que dinheiro não traz felicidade? Não exatamente. O livro traz sugestões práticas de como obter mais felicidade por cada real gasto. São elas:
1. Compre experiências
Se você não tem tempo para se adaptar a uma viagem de férias, ela segue sendo especial muito tempo depois que você voltou para casa. Isso é o que explica tantos bilionários que compram passagens para viagens espaciais (alô, Virgin Galactic).
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2. Crie ocasiões especiais
Quando você toma um cappuccino diariamente, a bebida deixa de ser algo memorável e vira parte da rotina. Se você transforma aquela compra em uma ocasião especial, ela se torna mais saborosa.
3. Compre tempo
O dia de todo mundo tem apenas 24 horas – mas se você usa o seu dinheiro para fazer o seu tempo render mais (como lavanderia, diaristas e outros serviços domésticos, por exemplo), o seu nível de felicidade aumenta.
4. Pague agora, use depois
Parece não fazer muito sentido, mas quando você inverte a lógica do cartão de crédito e passa a pagar primeiro para desfrutar depois, consegue de fato desfrutar daquele item. Duvida? Então pense na lógica dos hotéis all inclusive: por já estar com a conta paga, todos os drinks e comidas parecem que são de graça. Quando você não precisa pagar por aquela experiência depois, ela se torna mais prazerosa.
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5. Invista nos outros
Usar os seus recursos para promover a felicidade, conforto e bem-estar dos outros tem um impacto difícil de estimar à primeira vista. Em um estudo pessoas que ganhavam US$ 5 tiravam mais felicidade daquele dinheiro se gastavam ele com os outros do que consigo mesmas.
Não estou dizendo para pararmos de gastar com roupas, acessórios e eletrônicos – mas sim, para olharmos para estas compras com mais espírito crítico. Elas nunca trazem a felicidade que imaginamos.
Quanto à casa com piscina, sigo no campo dos sonhos por aqui. Afinal, não vai ser toda terça-feira que vou poder aproveitá-la…