9 respostas sobre a Libra, a criptomoeda do Facebook

Entenda se a moeda do Facebook tem lastro, para que ela serve, como seu preço será definido e ainda se renderá juros para os usuários

Gustavo Cunha

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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Após algumas semanas de suspense, o Facebook oficializou nesta terça-feira (18) o lançamento da Libra, sua própria criptomoeda. A companhia promete um sistema seguro de pagamento baseado em blockchain apoiado por ativos sólidos e projetado para usuários comuns.

Mas este é só o básico desta nova moeda e muitas dúvidas já estão surgindo para os usuários. Vou tentar aqui responder as principais delas:

1) Ela será atrelada a uma moeda fiduciária, o dólar por exemplo?

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Não exatamente. A Libra, nome dado pelo Facebook, será uma Stablecoin atrelada a um grupo de ativos. Fica claro pelo White paper que a moeda será lastreada por uma cesta de ativos em várias moedas. Ativos de baixo risco e em moedas de primeira linha que ficarão custodiadas em instituições financeiras também de primeira linha para minimizar o risco de contraparte.

Uma Libra será sempre lastreada por uma parte desse ativo e seu preço poderá variar de acordo com as variações dos ativos que componham a carteira.

Diferentemente de outras Stablecoins lastreadas em dólar, onde 1 da stablecoin é igual a US$ 1, no caso da Libra pode ser visto como uma cota de um fundo que detêm vários ativos de várias moedas.

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À medida que os ativos da carteira sobem ou caem de preço isso afeta o valor da cota, mas não a quantidade de cotas. Isso quer dizer que o valor da Libra deverá variar juntamente com o valor dos ativos que a lastreiam, mas é esperado que essa variação seja pequena dada a diversidade de moedas e a qualidade dos ativos que a compõem.

Não encontrei referência em relação à quantidade que teremos de cada moeda fiduciária na composição dos ativos que lastreiam a Libra, mas é de se esperar que o dólar e euro sejam as principais moedas fiduciárias representadas. Outro ponto é que essa cesta poderá sofrer alterações de tempos em tempos para, por exemplo, representar melhor uma região geográfica onde a adoção esteja sendo maior.

2) A Libra vai pagar juros? Dá para investir nela?

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Está claro no paper que os detentores da Libra não receberão os juros dos títulos que farão parte da cesta de ativos que será seu lastro. O valor dos juros ficará para os investidores iniciais que disponibilizaram os títulos e/ou para pagar os custos da plataforma.

3) O Facebook é o dono da Libra?

No princípio pode-se dizer que sim, já que o Facebook é a empresa que está bancando tudo no começo, mas bem cedo a governança muda, sendo passada para a Libra Association que será a responsável (dona se assim preferir).

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Entre os membros fundadores da associação Libra temos a Visa, MasterdCard, Paypal, Coinbase, Xapo, Vodafone, Uber, MercadoPago, Spotfy entre outros. É esperado que esse grupo, que hoje tem 27 empresas, aumente para 100 no decorrer dos próximos meses e esse será o grupo que tocará o projeto.

Curioso notar que a composição desse grupo não inclui nenhum Banco Central ou banco comercial e nem tampouco algum grande grupo asiático, ao menos por enquanto.

4) Quando poderemos usar a Libra para comprar algo?

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A expectativa para que essa moeda venha à vida é o primeiro semestre do ano que vem.

5) O que poderemos comprar com ela?

A lista aqui é enorme. A tomar como base a missão colocada no White paper que é criar serviços financeiros melhores, mais baratos e mais acessíveis, tudo o que pudermos pensar de consumo, investimentos, câmbio e financiamentos poderia se encaixar.

6) Qual a melhor descrição da Libra?

A sua melhor descrição é de um uma Stablecurrency construída em cima de um Blockchain aberto, seguro e estável, lastreada em ativos reais e com governança dada através de uma associação independente.

7) A Libra será somente uma stablecoin?

Não. Será desenvolvida uma nova plataforma em Blockchain (Libra Blockchain) que terá código aberto (open-source) para que todos possam desenvolver funcionalidades através dele.

Outro ponto é o desenvolvimento de uma nova linguagem de programação (MOVE) para cumprir com os requisitos de segurança dos smart contracts da plataforma.

8) Quais os impactos da Libra no mercado financeiro?

Na minha humilde opinião, se implementado de uma forma eficaz, seu impacto será imenso. Estamos falando de uma nova rede de pagamentos mundial que pode deixar obsoletas as redes da VISA e Mastercard, bem como todos os sistemas de pagamentos entre países que afetam cambio.

Dá para imaginar, por exemplo que a Libra possa cumprir alguns papéis, se não todos, que o dólar hoje cumpre no comércio e investimentos internacionais.

9) Por que isso é bom?

Uma forma de pagamento mais barata, com menos intermediários e mais eficiente já é suficiente para te convencer? Pois bem, é isso que eles estão buscando. E mais, com a imensa parcela mundial da população desbancarizada isso pode aumentar, e muito, o acesso deles a instrumentos de dívida, por exemplo, que eles não tinham acesso.

Você tem alguma dúvida que não está coberta acima? Coloque nos comentários ou me acesse via mídias sociais que terei prazer em responder…

Gustavo Cunha – LinkedIn, Facebook ou Youtube

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Gustavo Cunha

Autor do livro A tokenização do Dinheiro, fundador da Fintrender.com, profissional com mais de 20 anos de atuação no mercado financeiro tradicional, tendo sido diretor do Rabobank no Brasil e mais de oito anos de atuação em inovação (majoritariamente cripto e blockchain)