SÃO PAULO – Apesar de subir ano após ano o número de investidores pessoas físicas na bolsa de valores, é assustador pensar que apenas 594.950 pessoas, em meio a quase 200 milhões, investem em ações, enquanto 598.050 estão presas no país.
Para ficar claro o quanto estes números são preocupantes para um país com o tamanho do Brasil, o InfoMoney fez uma comparação destes dados com os mesmos dos Estados Unidos.
O Brasil possui atualmente, segundo dados de 2012 do Banco Mundial, 198,7 milhões de pessoas, enquanto os Estados Unidos, de acordo com a mesma fonte, têm 313,9 milhões de habitantes. Menos de 600 mil pessoas, o que representa 0,29% da população, investem na bolsa no Brasil, enquanto mais de 200 milhões, ou cerca de 65% da população norte-americana, investem no mercado acionário dos EUA.
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Em relação aos presos, os Estados Unidos possuem a maior população carcerária do mundo e, mesmo assim, o número de presos não chega nem perto do número de investidores, diferente do Brasil, que é maior. Nos EUA, 2,3 milhões de pessoas estão presas, o que significa 0,73% da população.
Resumindo, no Brasil, 0,3% das pessoas estão na cadeia, enquanto 0,29% investem na bolsa, e, nos Estados Unidos, 65% investem em ações e 0,73% estão presas. Agora, a dúvida que fica é: por que os brasileiros têm tanta aversão à bolsa?
De acordo com Clodoir Vieira, economista e consultor da Compliance Comunicação, nós tivemos um período longo de juros reais muito altos na economia, o que afastou os investidores da bolsa, afinal, o que era aplicado em títulos tinha um rendimento muito próximo com o que a bolsa oferecia e com muito menos risco. “Isso desincentivou o investidor, pois ele não precisava se preocupar em tomar risco, afinal ele podia conseguir a mesma rentabilidade de forma segura”, contou.
Os juros reais hoje ainda estão entre os maiores do mundo e, segundo Vieira, isso é muito preocupante. “O investidor até procurou a bolsa quando a Selic chegou a 7,25%, mas acredito que mais para investir em FII (Fundos de Investimentos Imobiliários) porque eles oferecem uma rentabilidade garantida e, pelo menos até o fim do ano passado, eram uma boa oportunidade”, afirmou. “Falta confiança para comprar ações”, completou.
O especialista ainda criticou a falta de incentivos do governo. “Do lado do governo, o único incentivo real e com resultados até hoje foi o do FGTS da Vale e da Petrobras. Faltam incentivos do governo e principalmente que a confiança do consumidor seja resgatada, pois enquanto tiver casos como o da OGX, os investidores não vão confiar na bolsa”, finalizou.
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