Quer ser um analista? Pergunte-me como

O trabalho de um bom analista de ações é transformar as informações disponíveis em uma recomendação simples e direta. Essa recomendação é uma opinião pessoal, levando em conta fatores qualitativos, uma verdadeira mistura de ciência e arte

Eduardo Guimarães

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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Hoje falarei do meu processo de análise das empresas e da minha experiência profissional de uma década de carreira como especialista em ações (equity research).

Minha experiência ao seu dispor

Eu acabei de completar 44 anos de idade e tenho 20 anos de experiência no mercado financeiro. Durante minha carreira em bancos de investimentos internacionais, escrevi mais de 3 mil relatórios, analisei profundamente mais de 60 empresas e estudei mais de 1.500 balanços publicados.

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Eu possuo a certificação CNPI (Certificado Nacional do Profissional de Investimento) desde 2008 e tenho mais de 10 anos de experiência em análise de empresas na Bolsa de Valores.

O meu desafio como especialista de ações é escrever um relatório bastante completo, com uma linguagem acessível e conteúdo diferenciado.

“Informação é barata. Insight não tem preço”

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Existem momentos na vida em que “menos é mais”, ou seja, nem sempre mais informação é melhor, pois muitos detalhes podem não ser suficientes para entender a tese de investimento de uma empresa.

Em outras palavras, você encontra resposta para quase tudo na internet (leia-se Google), mas é preciso saber fazer a pergunta certa. Um bom insight é aquela grande sacada ou ideia de investimento. Por exemplo, quem apostaria que o Trump venceria as eleições nos Estados Unidos?

O trabalho de um bom analista de ações é transformar as informações disponíveis em uma recomendação simples e direta. Essa recomendação é uma opinião pessoal, levando em conta fatores qualitativos, uma verdadeira mistura de ciência e arte.

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Acredito que o meu processo de análise não é convencional, mas é bastante racional, e às vezes pode ser até mesmo um pouco contrário ou fora do consenso.

O “pitch” de elevador

O mercado financeiro é cheio de expressões em inglês, e aqui nesta coluna tento descomplicar e não usar termos técnicos demais ou jargões do mercado.

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Porém, existe uma expressão que eu gosto bastante: pitch de elevador. O termo pitch vem do beisebol e se refere ao arremesso da bola para o rebatedor.

Acredito que uma ideia de investimento precisa ser explicada em pouco tempo, como por exemplo quando estamos num elevador. A recomendação (call) tem de ser simples, afinal qualquer pessoa precisa entender a ideia básica.

A minha sócia Marcela Kasparian sempre diz: “O meu pai precisa entender o que está escrito nos relatórios da Levante. Se ele não entender, estamos fazendo algo errado”.

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Os famosos relatórios de início de cobertura

Eu iniciei minha carreira na corretora do Banco Fator em 2007, no meio do “boom” de aberturas de capital (IPO) na Bolsa de Valores, e era o analista sênior responsável pela cobertura do setor imobiliário.

O meu primeiro relatório de início de cobertura das empresas do setor de construção civil tinha 10 empresas, com uma análise setorial completa e projeções detalhadas de cada empresa.

A primeira vez sempre é inesquecível: o relatório tinha mais de 180 páginas! Foram quase seis meses de trabalho com modelos de projeção bastante minuciosos. Naquela época, tamanho era documento e os relatórios de mercado eram bastante extensos.

No mundo da análise de empresas tudo é relativo

Neste mesmo relatório com 10 empresas, eu tinha três recomendações: compra, neutro e venda. Eu sempre procurava ter um call diferente do mercado. Assim, as recomendações de compra eram as minhas empresas preferidas e venda era a menos preferida no setor de atuação.

Tamanho não é documento

“Qual o sentido de um relatório muito extenso? Quem consegue ler um relatório deste tamanho?”

A frase acima é de um experiente analista de ações de fundos de investimento que era meu cliente na corretora. Eu sempre procurei simplificar, trazer um conteúdo diferenciado e nunca esquecer do “menos é mais” e da simplicidade.

Aqui na Levante, eu procuro descomplicar e escrever um relatório que pode ser lido em menos de 15 minutos. Além disso, temos também o relatório em vídeo para melhorar a experiência do usuário.

Eu termino a coluna com uma frase do investidor Jim Chanos, que tem um fundo de investimento (Kynikos) que ganha dinheiro operando vendido em ações, ou seja, apostando contra o resultado das empresas.

“Um investidor contrário ouve todo o tempo que ele está errado em apostar contra a corrente, e é preciso ter muito sangue frio para desconsiderar isso”.

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