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Na minha primeira coluna depois do Ano Novo, irei fazer um balanço geral dos retornos das principais classes de ativos em 2018 e dar a minha perspectiva para o comportamento deles em 2019, com foco mais específico em ações, que é a minha especialidade.
O campeão de 2018 foi o dólar
O dólar foi a classe de ativo com o maior rendimento em 2018: valorização de 17,1%. A taxa de câmbio (Ptax) saiu de R$ 3,31 no final de 2017 para R$ 3,87 em dezembro de 2018. Durante o período de maior tensão com a incerteza das eleições presidenciais, a moeda americana disparou e chegou a bater R$ 4,19 em setembro.
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Fechamento da curva longa de juros
As taxas de juros futuras mais longas (DI Jan/25) apresentaram forte queda em 2018. Após a eleição de Jair Bolsonaro, a taxa de juros DI Jan/15 caiu de 12,5% ao ano em setembro para 9,1% ao ano no final de dezembro.
Ano muito bom para a renda fixa
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Os principais indicadores de referência na renda fixa, os benchmarks IMAB (juro real IPCA+/NTNB) e IRFM (Pré-Fixado/LTN), tiveram excelente desempenho em 2018: alta de 13% no IMAB e valorização de 10,7% no IRFM.
Fim da cultura do CDI
Quem investiu no CDI em 2018 teve ganho bruto de 6,4% em 2018. Se considerarmos rendimento de 95% do CDI e descontarmos o imposto de renda de 20%, o rendimento é de apenas 4,9% ao ano, pouco acima do rendimento acumulado de 4,6% na poupança em 2018. Definitivamente, essa classe de ativos deve ser reservada apenas para a reserva de liquidez no curto prazo.
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Papai Noel não trouxe o rali de final de ano
O Ibovespa teve queda de 1,8% no mês de dezembro, mês que historicamente sempre apresenta uma valorização. O rali de final de ano não veio, mas o Ibovespa fechou o ano com valorização de 15%. O índice de small caps (SMLL), que engloba empresas de menor valor de mercado e menor liquidez, ficou para trás e teve valorização de apenas 8,1% em 2018.
Os ursos apareceram nas Bolsas americanas no final de 2018
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As Bolsas americanas entraram em território negativo em dezembro de 2018: queda de 10% para o índice S&P500 e desvalorização de 10,2% para o índice Nasdaq. O S&P500 acumulou queda de 7% em 2018, a primeira em 10 anos desde a crise de 2008.
O discurso do presidente do Fed em dezembro, a queda dos preços internacionais do petróleo, aumento da tensão global com a Guerra Comercial entre EUA e China, desaceleração das grandes economias mundiais e os polêmicos tweets de Trump (“o problema da econômica americana é o Fed”) são as explicações para o mercado de ações americanas ter entrado em território negativo.
O patinho feio em 2018 foram os fundos imobiliários
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O principal índice de referência dos fundos imobiliários (IFIX) foi a classe de ativos que teve o pior desempenho em 2018: alta de apenas 5,6%.
A queda das taxas futuras de juros longas teve impacto positivo no valor dos ativos imobiliários, principalmente os fundos de propriedade mais voltadas à renda. Porém, o desempenho do IFIX não acompanhou a queda das taxas de juros, pois o segmento imobiliário é um setor que tem ciclo de negócios bastante longo e que demora a responder às variáveis macroeconômicas, pois a decisão de comprar um imóvel é de longo prazo.
Perspectivas 2019
Tripé macroeconômico: taxa de juros baixa, inflação sob controle e recuperação do PIB
A taxa de juros deverá permanecer baixa, com expectativa de taxa Selic anual de 7,25% ao final de 2019 e 8% ao final de 2020. A expectativa de crescimento do PIB é de 2,5% ao ano no biênio 2019-2020, com projeção de inflação (IPCA) é de 4% ao ano no período, segundo relatório Focus do Banco Central.
Fluxo de recursos para o mercado de ações
Eu acredito que o fluxo positivo de recursos para investimento em ações está apenas começando e deverá crescer bastante em 2019. Fazendo uma conta rápida, eu estimo que o aumento do fluxo de investimento em ações no mercado local pode chegar a R$ 110 bilhões em 2019.
Eu falei sobre o assunto nesta coluna aqui.
Curva de juros
Acredito que a curva de juros reais deverá continuar a fechar, mas em magnitude menor do que em 2018. Os juros prefixados podem chegar até 8% ao ano e a NTNB cair para 4% ao ano. Esse nível de juro real faz sentido num cenário de inflação (IPCA) de 4% e taxa Selic de 8% ao ano.
Dólar apenas como hedge
Acredito que o dólar não repetirá o bom desempenho de 2018 e a sua classe de ativo deverá ser utilizada apenas como hedge, ou seja, como seguro contra o chamado “risco Brasil”.
Previsões 2019: como ganhar dinheiro em 2019
Small Caps
Acredito que daqui para a frente as ações small caps (de empresas que têm menor valor de mercado e liquidez mais reduzida) podem garantir melhores ganhos no futuro. O índice de small caps (SMLL) já começou a virar esse jogo em dezembro de 2018: alta de 2,1% do SMLL comparado à queda de 1,8% do Ibovespa.
Ibovespa
O mercado sempre trabalha com uma projeção de Ibovespa no final do ano. O consenso de mercado vê o Ibovespa entre 110-130 mil pontos em dezembro de 2019. Esse alvo depende bastante da aprovação das reformas, especialmente a da Previdência.
Como eu não fico em cima do muro, acredito que o Ibovespa pode atingir a faixa entre 150-160 mil pontos em dois anos.
Ações estatais: “kit Brasil”
A orientação mais “pró-mercado” da equipe econômica e dos ministérios do governo de Jair Bolsonaro é mais favorável para a privatização das estatais, o que é positivo para as empresas (Eletrobras, Petrobras, Banco do Brasil), que devem ter desempenho acima do Ibovespa em 2019.
Acredito que chegou a hora de ter empresas estatais na carteira de ações. Tenho duas ações na carteira As Melhores Ações.
Vídeo
Eu não tenho bola de cristal nem poderes de clarividência, mas aqui seguem três previsões para 2019: