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Em tempos de crise e oscilação da economia, o tema da educação financeira nas escolas volta mais forte, ainda que ela seja uma discussão antiga.
Ela ganhou destaque em 2010, quando o governo federal publicou o Decreto nº 7.397, criando a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), “uma política pública cujo objetivo prático seria ensinar adultos e alunos da rede pública e privada a lidar com o dinheiro e desenvolver na sociedade as habilidades financeiras que ajudassem a identificar as oportunidades e também os riscos nas decisões de compra ou de investimento no mercado financeiro”.
A estratégia foi criada pelo Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiro, de Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização (Coremec), formado pelo Banco Central (BC), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) e Superintendência de Seguros Privados (Susep).
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O decreto também havia criado o Comitê Nacional de Educação Financeira (Conef), com a participação dos secretários executivos dos ministérios da Educação, Fazenda, Justiça e Previdência Social, que seria responsável pela elaboração, implantação e acompanhamento dos projetos e ações da Enef.
O projeto piloto foi desenvolvido em 900 escolas. Segundo informações da época, a Enef, fruto de pesquisas iniciadas em 2007, havia sido desenvolvida em escolas do ensino médio com aproximadamente 22 mil jovens em todo o país. A promessa era a de que, em 2011, a Enef seria ampliada para o ensino fundamental.
Sob a coordenação e execução das ações transversais da Enef, a Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF Brasil), criada em 2011, promoveria a educação financeira no Brasil. Muitos profissionais se engajaram e trabalharam no desenvolvimento de material para alunos e professores do ensino básico mas, em função do Decreto nº 9.759, de 11 de abril de 2019, a governança do Conef está sendo revisitada, segundo informações do próprio site do governo.
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Todo o material e conteúdo desenvolvidos ao longo desses anos para o ensino básico para os professores e para os alunos, encontram-se disponíveis neste site.
Mas quão efetiva tem sido essa ação? Por que, então, depois de empregar tanto esforço, tempo, energia e, obviamente, dinheiro neste programa educacional que parecia ser a grande promessa de prosperidade na vida das crianças, jovens e adultos, o programa parece não ter se sustentado e caminha, quando comparado a outros tantos programas que foram criados em diferentes localidades do Brasil, empresas pequenas, startups, inclusive as que estão ligadas aos grupos educacionais do país, a passos lentos?
A resposta sempre recai sobre a questão cultural. E, sim, esta é uma verdade que também parece que não interessa ser mudada. Mas arrisco dizer que, além desse ponto, há outro que talvez seja o mais importante: o respeito ao espaço e ao tempo do professor.
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O professor é a porta de entrada e a parte mais importante do processo de implantação de um programa educacional, seja ele qual for. Por isso, apenas disponibilizar materiais não irá funcionar.
O programa de educação financeira não será efetivo se os professores forem aplicá-lo apenas porque ele é obrigatório.
Ainda que um professor seja apaixonado pela educação, para ele ensinar um novo tema que esteja fora de sua área de conhecimento, antes ele precisa acreditar que o conhecimento que ele irá receber é genuíno, que faz sentido para ele e que será, de verdade, um instrumento facilitador de seu trabalho e não somente mais um conteúdo que precisa ser empurrado para cumprir plano escolar.
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O sucesso para a implantação de um programa de educação financeira nas escolas tem início antes mesmo do curso de capacitação dos professores. A implantação de um programa de educação financeira tem início no professor que é e deve ser envolvido como um cidadão.