Como resistir às promoções

As ofertas tentadoras saltam aos nossos olhos diariamente, mas a situação econômica do país não favorece. O que fazer?

Eli Borochovicius

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O momento econômico é de inflação alta, taxa básica de juros crescente e com isso, taxas creditícias em percentuais descabidos, impactando nos resultados do mercado que se apresenta arrefecido.

O comércio precisa de faturamento para arcar com as suas responsabilidades financeiras e não muito raro, surgem promoções interessantes. Tem aparecido “Black Night”, Dia do Consumidor, Páscoa (antecipada), Taxa Zero e uma série de outras propostas comerciais que possam justificar a apresentação de descontos que animem o consumidor a gastar.

O problema é que, assim como as empresas, as pessoas físicas também estão sem dinheiro. O supermercado está mais caro, os almoços e jantares já não são mais os mesmos, as despesas com água, energia elétrica e combustível correspondem a uma parte maior do orçamento doméstico e a alta taxa de desemprego passa a ser um indicador preocupante.

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O ideal é que tenhamos uma economia aquecida, com as pessoas comprando, gastando, fazendo circular o dinheiro, mas quando as despesas aumentam além das receitas, não há milagre que faça com que haja equilíbrio financeiro se o comportamento financeiro permanecer inalterado.

Se pagar as contas em dia e evitar a inadimplência já é difícil para uma grande massa da população, que dirá readequar o orçamento em tempos de crise.

É um cabo de guerra. De um lado, as empresas precisando vender e se utilizando de ferramentas mercadológicas que surtam efeito. Segurando o outro lado da corda está o consumidor com o pé no freio, mas que não resiste à tentação de uma boa oferta.

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O lado das empresas parece mais forte já que possuem profissionais treinados para puxar a corda, cabe ao consumidor se fortalecer para conseguir o equilíbrio e não se esborrachar, dado que a vitória é praticamente impossível.

A educação financeira entra nesse cenário como uma ferramenta eficaz no fortalecimento do consumidor. Bem informado, consciente dos seus objetivos e com planejamento financeiro adequado, ficam reduzidas as chances de estourar a corda do seu lado.

Para resistir às promoções é importante que o indivíduo conheça bem as origens de seus recursos como salário e demais entradas de caixa, mas reconhecer as destinações é fundamental. Com foco naquilo que é essencial, reduzem as possibilidades do consumidor se distrair com as ofertas, que parecem tentadoras.

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Fazer uma lista daquilo que tem para pagar e priorizar os gastros com bens de consumo pode ser uma alternativa para evitar a compra por impulso e ser fisgado pelos eficientes vendedores.

O brasileiro não está acostumado com a queda de preços e na primeira oportunidade, com receio de nova alta, se endivida e inflaciona novamente o mercado.

É momento de cautela, de reflexão, de readequação orçamentária e de não se empolgar demais com as promoções. Os preços estão em um nível alto e precisam encontrar o seu equilíbrio. É uma questão de tempo.

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Eli Borochovicius

Eli Borochovicius é docente de finanças na PUC-Campinas. Doutor e Mestre em Educação pela PUC-Campinas, com estágio doutoral na Macquarie University (Austrália). Possui MBA em gestão pela FGV/Babson College (Estados Unidos), Pós-Graduação na USP em Política e Estratégia, graduado em Administração com linha de formação em Comércio Exterior e diplomado pela ADESG. Acumulou mais de 20 anos de experiência na área financeira, tendo ocupado o cargo de CFO no exterior. Possui artigos científicos em Qualis Capes A1 e A2 e é colunista do quadro Descomplicando a Economia da Rádio Brasil Campinas