Porta dos Fundos “foge” das polêmicas no cinema e faz piada com a vida moderna

"Contrato Vitalício" é uma ótima adaptação do humor do grupo, que ri das celebridades e da forma como vemos o entretenimento atualmente

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Estreou nesta quinta-feira (30) o primeiro filme do grupo Porta dos Fundos, que ficou conhecido por suas esquetes cômicas no Youtube e hoje é líder de curtidas e assinantes no canal. E apesar de ainda contar com alguns problemas, o longa mostra que a equipe de humoristas consegue muito bem adaptar seu estilo rápido e curto da internet para algo mais longo e com roteiro bem amarrado do início ao fim.

O primeiro mérito de “Contrato Vitalício” é exatamente esse, conseguir manter um enredo interessante durante 1h40 sem desandar muito e sem parecer apenas uma colagem de esquetes. Apesar disso, alguns momentos o ritmo diminuí um pouco e com algumas piadas que não dão tão certo, o filme chega a “travar” um pouco. Porém, nada que interfira no entretenimento.

Aliás, este é o principal tema do longa, que deixa um pouco de lado as grandes polêmicas com política e religião, para fazer uma grande piada com o mundo do entretenimento. Em coletiva realizada na última terça-feira (28) em São Paulo, Fábio Porchat (protagonista do filme e um dos roteiristas), explicou que a ideia veio de conversas que os integrantes já tivera no passado, mas que o ideal do filme é brincar com o mundo digital que vivemos e até com o próprio Porta dos Fundos.

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A história gira em torno de Miguel (Gregório Duvivier) e Rodrigo (Porchat), que após ganharem um prêmio em Cannes decidem fazer um contrato vitalício para trabalharem sempre juntos. Porém, Miguel desaparece naquela noite e só reaparece após 10 anos, com a ideia maluca de que o mundo será invadido por alienígenas – história que ele decide que será o seu próximo filme. Nesta época Rodrigo já é famoso e desconfia da sanidade do diretor. Para piorar, ele percebe que, para honrar o contrato, será obrigado a fazer um filme que pode destruir não apenas sua carreira, mas sua vida.

O enredo é simples, mas são nas atuações e ótimas piadas pensadas pelo grupo que o filme se sustenta. As atuações de Thati Lopes como uma blogueira fitness, Luis Lobianco como o empresário e Marcos Veras de repórter de fofoca, são o ponto alto de “Contrato Vitalício”. As participações especiais também tiram boas risadas durante o longa, sem ficarem forçadas.

Apesar de se afastarem de grande polêmicas, a questão do Porta dos Fundos aceitar fazer piada com si mesmo torna inevitável o detalhe do personagem de Duvivier, que por ser barbudo, cabeludo, ter desaparecido por 10 anos e com a ideia de que o planeta será invadido, poder ser uma brincadeira com a própria posição política do humorista. O assunto, porém, não é abordado no filme.

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Para quem espera uma combinação de várias esquetes do Porta ou a volta de personagens clássicos dos vídeos do Youtube é bom se preparar para algo diferente. “Contrato Vitalício” está longe de ser incrível, mas acerta onde muitas comédias nacionais erraram nos últimos anos e mostra que o grupo de humoristas tem grande potencial para continuar nesta jornada nas telonas.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.