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SÃO PAULO – Com o adiamento da venda do controle acionário da Cesp para 19 de outubro, as ações da companhia despencaram 7,74% no pregão da última segunda-feira (1). Nesta terça, viam alta de 2,33% nos últimos minutos do pregão após chegarem a cair 0,4% – enquanto o Ibovespa disparava 3,9%. Para analistas, o movimento abre oportunidade de compra – mesmo que, em última instância, cresça a chance de cancelamento completo da privatização.
Francisco Navarrete, analista do Bradesco BBI, calcula upside (valorização) de 104% para o papel – ou seja, o preço mais que dobraria, para R$ 28 – no cenário que considera mais viável: o banco vê probabilidade de 75% de que a privatização seja concluída mesmo após esse adiamento. Em outro relatório, analistas do BTG Pactual falam em R$ 25 por ação, preço próximo à estimativa do Credit Suisse (R$ 25 por ação).
Considerando um cenário “espelhado”, ou seja, apenas 25% de chance de privatização antes do término da concessão (2028), a empresa ainda é considerada um bom investimento pelo mesmo analista, com upside mais tímido de 53%.
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Mesmo os mais pessimistas acreditam que o papel da companhia já está precificado para o caso da manutenção de status de estatal. O Credit diz que o preço justo do papel é de R$12,61 e também o BTG estima manutenção do preço atual neste segundo caso.
Por que o leilão foi adiado
A explicação oficial para a decisão de adiamento do leilão, que estava agendado para esta terça, foi o ambiente macroeconômico – não houve menção ao número de participantes do pleito. O mercado avalia, porém, que há duas frentes principais que geram falta de interesse pela aquisição: a hidrologia atual, com R$ 8,8 bilhões de passivos não provisionados; e o risco político de manter o processo em meio ao cenário instável das eleições.
Engie, CTG e Patria teriam retirado interesse, de acordo com o Valor, restando a Squadra. Esta última estaria procurando um parceiro financeiro e operacional para o negócio. “Adiar o leilão para o dia 19 de outubro, ainda antes do 2º turno das eleições, não ajudará os investidores que querem evitar as incertezas das eleições”, escreveram analistas do BTG.
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Ao mesmo tempo, caso o leilão seja adiado para depois das eleições, a liquidação da transação ocorrerá em 2019. Isso criaria um risco novo: que o próximo governo assinasse um novo contrato de concessão, diminuindo a atratividade da empresa.
Eleição pode inviabilizar a venda?
Embora não se saiba quem será o próximo governador de São Paulo, tudo indica que a gestão a tomar posse em 2019 provavelmente manteria o plano de privatização.
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Os dois candidatos melhor colocados nas pesquisas estaduais são João Doria (PSDB) e Paulo Skaf (MDB). O primeiro já deixou claro, em diversas ocasiões, ser a favor da privatização de estatais; já o segundo advoga por tarifas mais baixas e apoiou a MP579 para reduzir o preço da eletricidade em 2012.
Eletrobras
Em momento semelhante do processo de privatização está a Eletrobras. Com atrasos, existe a chance de as 6 distribuidoras que foram colocadas à venda serem negociadas apenas no ano que vem ou nem saírem do guarda-chuva do estado, a depender da composição nova do Senado no ano que vem. Por um lado, o risco de a privatização não acontecer é ainda maior; por outro, o ganho potencial do negócio fechado também é superior.