Servidores do BC ameaçam entrar em ‘operação diferenciada’

Categoria foi a mais mobilizada do Executivo federal neste ano por um reajuste salarial e chegou a entrar em greve por mais de 90 dias

Lucas Sampaio

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Os servidores do Banco Central farão atos nacionais de protesto nesta terça-feira (13) e na quarta-feira (14) e ameaçam entrar em “operação diferenciada” a partir do dia 27, daqui a duas semanas, caso não consigam uma reunião com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, para tratar da reestruturação de carreiras.

Os dois atos de protesto serão virtuais, das 14h às 16h. O Sinal (sindicato dos funcionários da instituição) diz que “a expectativa é de adesão majoritária ao movimento” e que “não haverá ainda paralisação de nenhum serviço do BC, por se tratar apenas de um alerta”, mas ameaça que a operação diferenciada “poderá dificultar alguns processos de trabalho do BC”.

Os servidores da instituição foram os mais mobilizados entre as categorias do Executivo federal neste ano. O movimento por um reajuste salarial começou com operações-padrão diárias, que afetaram diversas atividades da autarquia — inclusive a divulgação de indicadores econômicos e do relatório Focus —, e depois evoluiu para uma greve que durou mais de 90 dias.

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Inicialmente a categoria pedia reposição salarial da inflação de 27%, além de reestruturação de carreira. Mas, após a negativa do governo Jair Bolsonaro (PL) em conceder um reajuste ao funcionalismo público federal ainda em 2022, a categoria passou a focar na pauta de reestruturação de carreira.

A greve foi encerrada após uma proposta de minuta ser enviada ao Ministério da Economia, com a criação de um bônus de produtividade e exigência de ensino superior para concursos para o Banco Central, entre outros pontos, mas a proposta está parada desde então.

Pix e eleição

O sindicato também reiterou nesta terça-feira (13) o seu posicionamento de “repudiar mais uma vez o uso eleitoral do Pix”. Os servidores afirmam que “o sistema de pagamento instantâneo foi criado e implementado pelos analistas e técnicos do Banco Central do Brasil — ou seja, por servidores concursados de estado, não pelo atual governante ou por qualquer outro governo”.

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O posicionamento do sindicato ocorre porque o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), tem usado o Pix em sua propaganda eleitoral gratuita. “O Sinal não vai permitir que nenhum candidato na campanha eleitoral de 2022 (seja de situação, de oposição ou independente) tente tirar proveito eleitoral indevido do trabalho feito por analistas e técnicos do BC”.

Os servidores dizem que “o início do projeto do Pix é bem anterior ao mandato do atual presidente da República”, pois a portaria do BC que instituiu o grupo de trabalho para desenvolver a ferramenta “foi publicada em 3 de maio de 2018, muito antes da eleição do atual governo”. Dizem também que “muitos obstáculos foram criados pelo atual governo tanto contra a implementação do Pix pelo BC quanto contra outros projetos”.

A nota diz ainda que não havia qualquer menção ao Pix no programa de governo de Bolsonaro na eleição de 2018 e que o projeto “não recebeu nenhum apoio (ou mesmo citação) durante a campanha eleitoral que elegeu o atual presidente”. “Além disso, em discurso público realizado em novembro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro declarou que Pix era algo ligado à aviação civil, mostrando completo desconhecimento do assunto”.

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Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.