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SÃO PAULO – Transferir um executivo para uma unidade, seção ou departamento da empresa em outro estado que não seja o de origem é uma ação que requer uma série de cuidados, tanto das organizações quanto dos próprios profissionais. As mudanças ocorrem em parte pela descentralização do eixo econômico de alguns setores – antes estritamente ligados a São Paulo e Rio de Janeiro, e em parte, pelo desenvolvimento de unidades de diferentes negócios em regiões com grandes possibilidades de crescimento.
“Já percebemos que São Paulo e Rio de Janeiro continuam sendo um foco, mas já se nota uma descentralização. Um exemplo? Nós, da Michael Page, que temos unidades em diversos lugares do mundo, tivemos no escritório de Recife (PE) o maior crescimento entre as unidades de negócio da empresa”, conta o diretor de marketing da empresa de recrutamento, Sérgio Sabino.
Uma prova da análise de Sabino é um cenário avaliado pela própria Michael Page, que aponta, que no primeiro trimestre deste ano, há uma movimentação significativa de pessoas saindo de São Paulo e indo para cidades do interior. “Entre as pessoas que estão indo para cargos em Campinas, por exemplo, 22% saíram de São Paulo, e muitas delas já eram de Campinas e tinham vindo para São Paulo em outro contexto”, relata Sabino. “As empresas já contratam pensando em todo o País, fomentando um pouco dessa movimentação”, avalia o diretor de marketing da Michael Page.
Estrutura
Segundo o profissional, a maioria das grandes empresas já conta com um programa bem estruturado para transferir esses profissionais minimizando ao máximo o impacto em sua mudança, adaptação e assimilação de rotinas. “Elas estruturam programas para facilitar o processo de adaptação, transição de funções, chegada da família, tornando sua transferência mais suave”.
Sabino avalia que grande parte das maiores empresas já conta com alguns programas que aproximam a realidade das gestões de diferentes unidades, então, o desafio que se sobrepõe é o da adaptação na vida pessoal. “Não é um processo rápido, mas também, na média, não é nada que comprometa a performance desse executivo, isso depende muito de cada profissional e de um contexto”, identifica o diretor de marketing da Michael Page.
Nessa troca, Sabino recomenda que o executivo leve sua família com antecedência, construa uma comunicação clara, passeie pela cidade para conhecê-la, tente organizar a agenda e mantenha um contato prévio com pessoas que também não são daquela cidade, mas migraram por fins profissionais. “É muito importante que essa mudança seja feita de forma bem consciente, para que o profissional produza melhor, não corra riscos e vá desempenhar o seu trabalho com o melhor contexto possível”.
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O profissional avalia que a dimensão dessa adaptação varia de acordo com o cargo que o executivo vai assumir. “É claro que, se ele for um diretor ou presidente, sua adaptação vai influenciar mais pessoas, e esse processo de assimilação de processos e adaptação vai ser mais acompanhado ou repercutido”, analisa Sabino.
O diretor da Michael Page acrescenta que é muito importante que a mudança de estado dos executivos atenda satisfatoriamente ao trinômio: remuneração, benefícios e aspecto familiar. “Alguns executivos deixam grandes e tradicionais centros econômicos também em função da possibilidade de ter um desafio, um motivador extra no novo estado, seja a possibilidade de gerenciar um time maior ou ter um cargo de maior projeção”, exemplifica Sabino.
Mas, se o contexto é tão favorável por parte das empresas, por que ainda há tantos casos de dificuldade em adaptação dos executivos após a transferência entre estados? “Na hora de avaliar se o profissional está ou não preparado para mudar de estado para desempenhar a função desejada, é preciso evitar deixar qualquer dúvida no ar, oferecer um desafio novo, sem descuidar de apresentar todos os aspectos que envolvem essa nova posição, como os da cultura local e das peculiaridades presentes. Com maior transparência, se minimiza a possibilidade de futuros eventuais problemas”, conclui Sabino.