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SÃO PAULO – A lama proveniente do rompimento da barragem da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), na última sexta-feira (25), já arrastou consigo 60 mortos. Das vítimas fatais encontradas até a publicação desta matéria, 8 eram funcionários da empresa.
Com mais de 290 pessoas ainda desaparecidas, o ocorrido pode se tornar o maior acidente de trabalho da história do Brasil, estimou o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.
Até agora, o maior acidente foi a queda do Pavilhão de Exposições da Gameleira, em Belo Horizonte (MG), que matou 65 funcionários da Sergen – Serviços Gerais de Engenharia SA em 1971. Na tragédia, cerca dez mil toneladas de concreto caíram sobre os mais de 100 operários que trabalhavam para concluir a obra. A indenização só foi concedida a vítimas e familiares em 2014, 41 anos depois.
O segundo maior acidente de trabalho do país aconteceu em Paulínia, interior de São Paulo. Agrotóxicos utilizados pela multinacional Shell Basf contaminaram o solo, causaram a morte de 62 funcionários e afetaram mais de mil ex-trabalhadores em 2013. Hoje, os produtos são proibidos no Brasil.
Outro acidente de trabalho expressivo foi a tragédia de Mariana (MG), em 2015. Também de responsabilidade da Vale, o rompimento da barragem na região matou 19 pessoas, das quais 16 eram funcionários da mineradora.
Em 2018, o Brasil era o quarto país do mundo que mais registrava acidentes de trabalho: 1 a cada 48 segundos, perdendo somente da China, Índia e Indonésia, segundo a Organização Internacional do trabalho (OIT). Ao redor do planeta, a maioria dos acidentes acontece em indústrias, usinas e minas
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Confira alguns dos maiores acidentes de trabalho do mundo:
- – Desastre na mina de Soma (Turquia, 2014)
Considerado um dos piores acidentes de mineração dos últimos 20 anos, uma explosão no transformador elétrico ocasionou um incêndio durante a troca de turnos dos mineiros, que estavam a 200 metros de profundidade. 301 trabalhadores da empresa Soma Holding morreram em 2014.
Posteriormente, a polícia turca prendeu 25 pessoas sob suspeita de “negligência e descuido”. Entre elas estavam altos executivos da empresa, como o diretor de operações Ramazan Dogru, que foi condenado a 15 anos de prisão pelo caso, e o engenheiro-chefe Akin Celik, condenado a 18 anos e nove meses.
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- – Desastre na mina de Centralia (Estados Unidos, 1947)
Em março de 1947, a mina de carvão n°5 de Centralia (Pensilvânia, Estados Unidos) explodiu com 142 trabalhadores, dos quais 111 morreram.
- – Incêndio de Karachi (Paquistão, 2012)
Em 2012, mais de 300 trabalhadores morreram em um incêndio em uma fábrica de material têxtil na cidade de Karachi, sul do Paquistão. O fogo teria se originado de um curto-circuito em um dos geradores elétricos da fábrica da Ali Enterprise.
No local, trabalhavam até 2 mil pessoas, algumas menores de idade, e não havia nenhuma medida de segurança contra incêndios.
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- – Desabamento em Bangladesh (2013)
Em 2013, o desabamento de um prédio de três andares que abrigava uma fábrica de tecidos em Bangladesh matou 377 funcionários, dos 3 mil que estavam trabalhando do momento. O edifício Rana Plaza abrigava também um mercado e um banco.
As condições de trabalho dos funcionários não respeitavam a legislação trabalhista da região, segundo grupos de defesa dos direitos dos trabalhadores. Na época, a Primark, rede britânica de roupas com preços reduzidos, admitiu que uma de suas fornecedoras trabalhava no local.
Em 2015, a polícia de Bangladesh acusou de homicídio 41 pessoas responsáveis pelo incêndio, incluindo Sohel Rana, o dono do Rana Plaza e alguns oficiais do governo.
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- – Explosão nuclear de Chernobyl (Ucrânia, 1986)
Este acidente nuclear aconteceu em 1986, na Usina de Chernobyl localizada na então República Socialista Soviética da Ucrânia.
A explosão do reator 4 da usina gerou uma nuvem de fumaça radioativa que matou 47 trabalhadores, 9 crianças e, posteriormente, cerca de 4.000 pessoas, em decorrência de doenças relacionadas ao acidente, estima a Organização das Nações Unidas (ONU).