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SÃO PAULO – Assim como tantos outros setores, a crise do novo coronavírus afetou para sempre a educação e o futuro do ensino daqui em diante. Mas será que veremos o fim das salas de aulas?
Para entender como o setor deve se comportar no pós-Covid e os papéis de escolas, professores e alunos na transformação da educação, Isabella Mattar, Head da Xpeed, plataforma de educação da XP Inc., conversou com Daniel Castanho, presidente do conselho da Ânima Educação e Duda Bastos, líder de negócios para educação do Facebook, em um dos painéis da Expert XP 2020.
Confira a conversa completa aqui.
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A velha escola e a nova educação
No início do painel, os convidados expuseram suas perspectivas para o ensino no pós-pandemia e como a volta à normalidade poderia afetar os modelos de educação à distância (EAD), impulsionados pelo isolamento social.
“Não vamos voltar a ser como eramos. A Covid simplesmente acelerou a morte dos modelos velhos. Já precisávamos passar por uma mudança. A educação como conhecemos já estava obsoleta”, avalia Castanho.
Para ele, um dos maiores problemas do ensino formal, que agora pode ficar para trás, é o modelo repetitivo e a falta de protagonismo do aluno no aprendizado, que muitas vezes é agente passivo no ambiente de ensino. “A escola precisa mudar o formato e oferecer um ensino personalizado, que trabalhe com a equidade e não a igualdade entre os alunos”, explica o presidente do conselho da Ânima.
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Castanho, porém, faz uma ressalva sobre a importância do ambiente escolar na formação dos alunos. “Hoje, toda a informação do mundo está online e pode ser acessada de graça. Então, qual o papel da escola? É através dos professores e espaços de aprendizagem que você vai transformar essa informação em conhecimento. E esse deve ser o papel do professor, inspirar e provocar os alunos”, diz.
Para Duda, do Facebook, o ambiente do ensino formal e as experiências desse ecossistema servem, principalmente, para que o aluno entenda processos interpessoais importantes para o aprendizado em si, como a habilidade de fazer escolhas, lidar com erros e a vontade de ampliar o conhecimento.
“O lugar da escola é o lugar da formação e não da informação. É o lugar de incentivar a formação do aluno como um ser disposto a aprender. O protagonismo do aluno é fundamental, o professor deve habilitar o aluno para o aprendizado. Nada é mais importante para o progresso da sociedade do que a educação”, explica Duda.
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“A escola precisa fazer uma curadoria de conteúdo e de mentoria do aluno, para que ele possa se conhecer melhor e entender seus desejos. A grande responsabilidade é desenvolver o apetite pelo aprender. A curiosidade é o embrião da criatividade, e esse é o grande papel da escola”, complementa Castanho.
Para ambos, então, as escolas devem caminhar para se transformar em um ambiente de desenvolvimento de características e habilidades pessoais que sirvam de alicerce para instigar a sede por conhecimento.
Isso não descarta, porém, o EAD e todas as formas de ensino e aprendizagem remotas que explodiram com o avanço da pandemia.
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Para Castanho, os dois modelos, presencial e remoto, já são indissociáveis. “Cada vez mais existe essa indissociabilidade entre o profissional e o pessoal, entre o presencial e o remoto. Tudo hoje é fluido”, conclui Castanho.
O long life learning e o papel da tecnologia no ensino
O conceito de long life learning pode ser traduzido, de forma literal, como aprendizado ao longo da vida, ou de forma mais precisa, como educação continuada. Por trás do termo está a ideia de que o modelo tradicional de educação, que vigorou ao longo do século XX, já não é suficiente para preparar as pessoas, mantê-las atualizadas, competitivas e produtivas, considerando os novos anseios da sociedade e do mercado de trabalho.
“A vida nada mais é do que um eterno aprendizado e um desejo por aprender. A capacidade de sonhar é o mais nobre do ser humano, e isso é a sede de aprender. Então, não dá para você ter uma estrutura de ensino em que você só estuda até um certo tempo da sua vida. É preciso ter esse desejo de aprender na vida toda e por toda vida”, acredita Castanho.
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Assim como Castanho, Duda também acredita que a educação precisa ser uma constante e vai além. Para ela, a maior lição sobre educação continuada é que o aprendizado não é perfeito e as etapas precisam ser respeitadas.
“Como foi a educação formal por tantas gerações? Um espaço onde o não saber e o errar era um grande problema. Mas o não saber é o básico para buscar conhecimento e o erro nada mais é do que uma parte necessária do processo de aprendizado”, explica Duda.
Na visão da líder de educação do Facebook, antes de entrar em debates profundos sobre tecnologia, é preciso discutir a cultura do aprendizado de forma geral. “Não adianta discutir tecnologia se a cultura não permite o erro e o teste. Precisamos primeiro de ambientes onde seja seguro errar. As discussões precisam ser sobre os métodos e processos, e não sobre a tecnologia”, diz Duda.
Para Castanho, a transformação digital tem muito mais a ver com cultura do que com a tecnologia em si e existe uma grande diferença entre digitalizar o velho e criar o digital. Ou seja, para ele, de nada adianta digitalizar apostilas e livros e oferecer o mesmo método de ensino obsoleto.
Na avaliação do diretor, a tecnologia é apenas o meio para se alcançar os objetivos. “O fato de a tecnologia ter dado acesso a tanto conteúdo, traz para a escola um papel ainda mais relevante. A informação digital está lá, mas eu ter essa informação e ter uma dinâmica de aprendizado usando aquela informação são coisas muito diferentes”, acredita Duda.
“O Brasil vai mudar quando todo brasileiro tiver o propósito de transformar o país por meio da educação”, finaliza Castanho.
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