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Olimpíadas Paris 2024: ser voluntário em eventos globais é positivo para o currículo?

Profissionais contam como foi o processo de seleção e a expectativa com a experiência ímpar em vários sentidos – do sonho pessoal ao incremento na carreira

Jamille Niero

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As Olimpíadas de Paris, que começaram oficialmente nesta sexta-feira (26), vão contar com 45 mil voluntários selecionados de 190 países – entre eles, o Brasil, de acordo com o COI (Comitê Olímpico Internacional). Entre esses voluntários, estão colaboradores de empresas com operação brasileira, como é o caso da seguradora Allianz e da varejista multiesporte Decathlon, ambas também patrocinadoras globais do evento.

É consenso entre os voluntários e especialistas em recursos humanos consultados pelo InfoMoney que a experiência de trabalhar como voluntário em uma olimpíada é ímpar em vários sentidos – desde realizar um sonho pessoal até a incrementar o currículo profissional.

Para Stephanie Leites, gerente de eventos e parcerias de marketing da Decathlon Brasil, a participação como voluntária é “um match entre o sonho pessoal e profissional”. Ela conta que o fato de o pai ser professor de educação física a incentivou a praticar esportes desde criança, levando-a até a estudar marketing com o objetivo de trabalhar na área de esportes de alguma forma.

“Participar como voluntária nas Olimpíadas de Paris 2024, especialmente em um papel de liderança como chefe de equipe, terá um impacto significativo e positivo no meu currículo profissional. Vou liderar uma equipe de 35 voluntários, então acredito que será relevante para aperfeiçoar minha capacidade de gerenciar e coordenar pessoas em um ambiente dinâmico e multicultural. Também a experiência provavelmente envolverá a resolução de imprevistos, então vai me ajudar na habilidade em lidar com situações desafiadoras de maneira eficaz”, diz.

Stephanie Leite, da Decathlon Brasil, atua como voluntária nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 (Divulgação/Decathlon)

Em sua primeira vez como voluntária em eventos esportivos dessa magnitude, Stephanie garante “já estar de olho” para repetir a experiência nas próximas Olimpíadas, que acontecerão em 2028 em Los Angeles, e na Copa do Mundo de futebol feminino, que será disputada no Brasil um ano antes, em 2027.

Para Laís Viana Nerys, analista de Marketing na Allianz Brasil, esta é a segunda vez que ela vive “a mágica de trabalhar nas Olimpíadas”. Em 2016, nas Olimpíadas que aconteceram no Rio de Janeiro, ela trabalhou como tradutora e assistente de produção para uma TV inglesa.

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“Eu já vivi isso em 2016, então sei o intercâmbio cultural, o mix de pessoas e de experiências que a gente vive, mas vivi tudo isso no meu país, falando a minha língua, então a minha expectativa para participar dessas Olimpíadas, em outro país, com outra língua e outra cultura é altíssima. E tem mais uma coisa: essa é a primeira Olimpíada com equidade de gênero entre os esportistas. Estar presente nesse evento faz eu me sentir parte da história”, ressalta Laís.

Ela acredita que a nova experiência a ajudará a incrementar o currículo profissional não só nas ‘hard skills’ – utilizando o conhecimento técnico e desenvolvendo a comunicação em uma língua diferente, mas também nas ‘soft skills’, ou seja, estimulando a resolver problemas com mais facilidade, proatividade e resiliência.

Há também quem esteja animado para poder exercer, por meio do voluntariado, uma função totalmente diferente da que pratica hoje na empresa. É o caso de Bianca Rosolem, que é gerente atuarial na Allianz, e conta que vai atuar como voluntária no futebol, na área de assessoria de imprensa. Outra expectativa é poder observar e entender a logística do evento e “como algo tão grande funciona”. “Pensar que uma coisa dessa magnitude funciona e funciona tão bem, poder entender o mínimo disso e trazer para o seu dia a dia já te torna uma pessoa profissionalmente muito melhor e muito mais capacitada”, acredita a gerente atuarial.

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Qual o papel das empresas empregadoras?

Entre saber do processo de seleção, via empresa empregadora, até embarcar para Paris levou cerca de 2 anos, contam as voluntárias entrevistadas. E isso valeu não só para o Brasil, mas para o mundo todo – afinal, as duas empresas selecionaram colaboradores nas suas unidades espalhadas pelo globo.

No caso da Allianz, por exemplo, foram selecionados 200 colaboradores em 16 países onde a seguradora opera. Para chegar a esse número, foi feito um processo seletivo tanto da empresa quanto do COI.

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A primeira etapa consistiu em sortear os colaboradores interessados, que precisaram comprovar a proficiência em inglês ou francês por meio de uma prova para poder seguir como voluntário, conta Márcia Evangelista Lourenço, diretora executiva de Recursos Humanos, Comunicação e Sustentabilidade na companhia.

Após a seleção, todos os colaboradores escolhidos como voluntários passaram por uma série de treinamentos virtuais promovidos pelo COI com informações gerais e específicas de cada função a ser exercida pelos profissionais durante os jogos.

“Todos eles apoiarão a organização da competição em uma variedade de funções, desde receber os espectadores e guiá-los para o local exato, distribuir os equipamentos e ajudar os atletas, jornalistas ou equipe médica. Da Allianz Brasil foram três colaboradoras que serão dispensadas do trabalho durante o evento”, continua Márcia.

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Na Decathlon, o processo foi similar, já que também contou inicialmente “com a contribuição de um comitê local de indicação com participantes dediferentes departamentos”, explica Regina Biondo, diretora de Recursos Humanos da empresa. A companhia levou dois funcionários brasileiros para os jogos em Paris.

Segundo Regina, a Decathlon, assim como a Allianz, será responsável por fornecer suporte financeiro aos funcionários que estão na França como voluntários, garantindo hospedagem, alimentação, transporte e todas as demais despesas.

Resultados para empresas e funcionários

“Com essa oportunidade, estamos oferecendo a alguns deles a chance de viver uma experiência internacional pela primeira vez. Participar como voluntário nas Olimpíadas não permitirá apenas desenvolver novos idiomas e vivências durante o evento, mas também os levará a expandir repertórios, ampliar suas redes de relações e elevar sua responsabilidade”, salienta a diretora da Decathlon ao avaliar de que forma uma experiência como essa é capaz de incrementar o currículo de qualquer profissional.

“Eles geralmente sentem que a empresa valoriza seu desenvolvimento pessoal e seu compromisso com causas sociais e isso pode aumentar a lealdade dos funcionários”, salienta a diretora de RH da seguradora.

“Temos que reconhecer que existe um investimento da empresa e da pessoa nesse tipo de ação. Abrir mão das horas trabalhadas de um bom profissional por si só já é um investimento ainda mais quando as despesas são arcadas pela empresa”, avalia Fernando Brancaccio, especialista em neurociências e fundador da Fairjob, plataforma de pesquisas e indicadores ESG nas empresas.

Por outro lado, Brancaccio acredita que iniciativas do tipo “compensam cada centavo investido”, pois acabam motivando os colaboradores de duas formas:

O especialista explica que mais do que o acúmulo de competências técnicas, as habilidades sociais (ou soft skills) são de fato muito trabalhadas nesses eventos experienciais.

“A neurociência tem demonstrado que a capacidade de compreender as emoções e experiências motoras e sensoriais dos outros é programada no cérebro humano por meio de vias neurais ativadas pela experiência direta ou pela observação de outras pessoas. Moléculas sinalizadoras (neurotransmissores e hormônios) são liberados e banham áreas cerebrais produzindo sensação de bem-estar em quem pratica e e quem recebe”, pontua Branccacio. Ou seja, em eventos as Olimpíadas, que reúnem milhões de pessoas de múltiplas culturas, há uma potencialização desse aprendizado, sem contar que são evidenciados o senso de competitividade e de pertencimento.

O especialista indica que, nessa situação, certamente são trabalhadas habilidades e atitudes como:

“Assim, mais que o ROI (Retorno sobre o Investimento) do que foi feito pela empresa, nesse caso temos que avaliar o VOI (Valor do Investimento) gerado à pessoa, à empresa e à sociedade. E isso não tem custo, tem valor”, conclui Brancaccio.

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Jamille Niero

Jornalista especializada no mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e saúde suplementar, com passagem por mídia segmentada e comunicação corporativa