Publicidade
SÃO PAULO – Embora o mercado de trabalho ainda esteja se recuperando da crise que o país enfrentou, uma proposta de emprego pode chegar a qualquer hora – não importa se o profissional estiver buscando um emprego ou não.
E um dos dilemas na hora de tomar uma decisão como essa é o que considerar. Muitas vezes, o profissional decide pelo impulso do “novo desafio” e só depois compreende que optou pelo pior caminho.
Aline Riccio, Diretora de Projetos da Korn Ferry, diz que o importante é refletir sobre o bônus ou ônus de uma possível mudança. “Parece óbvio, mas não é tanto assim, até porque cada vez mais o salário é um dos fatores secundários na decisão”, explica.
Com a ajuda de especialistas, o InfoMoney separou dicas essenciais para fazer essa escolha.
O que considerar
Aline explica que o profissional deve começar pelo básico. “Compare primeiro salário, benefícios, vale alimentação e transporte e plano de saúde. Nesse caso, são comparações numéricas e é uma relação de custo-benefício”, explica.
Depois, é importante avaliar a parte de relacionamento com o grupo, chefe e pares no emprego atual.
Continua depois da publicidade
“Essa análise é bem importante e pesa na permanência ou não do profissional. Um superior que não possui uma liderança ativa e motivadora é, muitas vezes, motivo para uma eventual saída, além do reconhecimento”, afirma.
Por último, é preciso fazer uma análise do que a executiva chama de “estima”.
“O profissional precisa entender os valores da empresa que está oferecendo a vaga e comparar com a atual ou sua última experiência. Ele ou ela se encaixam? Ainda, vale analisar a reputação da empresa no mercado, como é o plano de carreira e as oportunidades para crescer e se desenvolver lá dentro. É melhor do que o profissional já possui hoje? São reflexões que o trabalhador precisa fazer”, diz.
Continua depois da publicidade
Segundo ela, esses três passos são importantes para que o profissional não decida no impulso e se arrependa depois.
Reinaldo Passadori, especialista em negociação e CEO da Passadori Comunicação, acrescenta alguns termos que o profissional deve levar em conta.
“A localização do emprego, por exemplo, pode levar muitos profissionais a pensarem com mais carinho. Um deslocamento casa-trabalho mais curto pode trazer mais qualidade de vida”, afirma.
Continua depois da publicidade
Outro ponto lembrado por ele é em relação ao cargo. “É interessante comparar também o nível de responsabilidade. Às vezes, na prática, o cargo é o mesmo, mas o nome muda e a pessoa entende como uma promoção. Então, avalie a vaga para não se surpreender caso mudar”, sugere.
Durante a negociação
Após uma análise, o profissional terá que dar uma resposta para a empresa que está fazendo a oferta – esteja ele trabalhando ou não.
Aline dá algumas dicas comportamentais para a conversa. “Seja positivo e objetivo. Demonstre que você fez uma avaliação ponderada e explique os motivos para sua escolha, seja na resposta positiva ou na negativa”, afirma.
Continua depois da publicidade
Ainda, ela explica que o segredo de uma negociação de sucesso é entender que a conversa não é o que se negocia, mas como se negocia. “Saber conversar e mostrar seus pontos de vista é crucial para não fechar portas pelo caminho. Além disso, na hora dessa conversa diga tudo o deseja, não deixe nada para uma outra oportunidade”, orienta.
Outro aspecto importante é demonstrar tranquilidade e segurança. “Você deve ser visto como alguém com quem eles querem trabalhar – mantenha a calma, mesmo se estiver empregado. Não se desespere”, diz.
Passadori, especialista em negociação, também orienta que a pessoa vá para essa entrevista conhecendo a empresa com a qual vai falar, tendo ideia da política da companhia, momento econômico atual, e informações que lhe podem ser úteis na conversa. “A lição de casa é obrigatória independentemente da posição. Também não minta em hipótese alguma e não seja arrogante só porque foi procurado”, sugere.
Continua depois da publicidade
Se o candidato vai para uma entrevista, mesmo que esteja empregado, deve mostrar interesse. “Mostrar que realmente está presente ali e mostrar vontade é um diferencial. Mesmo se o profissional recusar, ele não fecha portas. Além disso, ficar dois ou três anos em uma empresa hoje já determina um ciclo e querer mudar faz parte”, afirma.
Sobre o salário e outros benefícios
Aline diz que, ao negociar o salário, é importante já ir para a entrevista com o número em mente. “Tenha um valor específico definido. Geralmente, entre 15% e 25% acima do seu último salário. Nem sempre é a prioridade, mas é um fator de peso”. Também é importante se certificar da política de bônus e PLR (Participação nos Lucros e Resultados), incluindo regras e período de recebimento para “ajustar o planejamento financeiro e despesas”.
Mas mais importante é “não leiloar o salário”. Segundo ela, o profissional não deve entrar no jogo: “quem pagar mais, receberá o ‘sim’”. “O trabalho deve ser valorizado para além de dígitos, não caia nessa armadilha de ficar pedindo mais e mais de ambos os lados caso você já esteja empregado”, explica.
Passadori lembra que a empresa também tem seus limites. “Salário não é tudo, mas não significa que a pessoa não pode crescer. Ao mesmo tempo, a empresa tem seus limites. Por exemplo, um período de crise em que a companhia precisa colocar o pé no freio e fica sem margem de negociação. Saiba entender e respeitar esse momento e se não for suficiente para você, recuse”, orienta.
Sempre há espaço para perguntas, segundo Aline. “É importante entender também sobre home office e as possibilidades sobre esse tipo de flexibilidade no dia a dia, por exemplo. Hoje, oito a cada dez profissionais acreditam que esse benefício seja muito relevante”, diz. Mas também não adianta tentar negociar tudo: o ideal é focar em dois ou três aspectos de negociação, de acordo com ela.
Por outro lado, afirma que o profissional não deve perder tempo negociando seguro de vida, plano de saúde e etc. “A empresa já tem regras estabelecidas, busque saber as políticas e aplicações de regras desses benefícios e entender se fazem sentido para você”.
Para o público executivo, vale dar atenção para políticas de reembolso, viagens, carros, ações, além de conversar com um head hunter, para receber auxílio e eventualmente fazer uma contraproposta.
Vale lembrar que a contraproposta é algo possível para profissionais de qualquer nível, mas geralmente ela pedida quando há a intenção de ficar na empresa que já está atuando. “Isso mostra seu interesse em ficar na casa, e geralmente o que é reajustado é salário e benefícios, já que nessa situação entende-se que você está feliz com o ambiente e cultura, por exemplo”, afirma a executiva da KornFerry.
Como recusar ou dar a notícia na empresa atual
Se o profissional decidir recusar, a chave é, apenas, fazer isso com educação, segundo Passadori. “Se a pessoa tiver bom-senso e maturidade durante a conversa e explicar os motivos de não querer mudar ou aceitar a proposta, não há problema algum”, diz.
Ele explica que entrar e sair de uma empresa é normal. “Deveria ser visto como algo comum. É um processo, se não estiver feliz muda e vá atrás de um emprego que dê a satisfação que procura”, diz.
Aline reitera que o profissional deve buscar sair da empresa atual ou recusar a proposta sem acabar com oportunidades futuras.
“Se optar por sair da empresa que está, deixe claro todas as conquistas que teve, demostre que o próximo passo vai ser importante, mas que em algum momento da vida, pode voltar. Se vai recusar a proposta de uma outra empresa, explique que ainda tem alguns desafios para cumprir no atual emprego, sempre agradeça a oportunidade e valorize a empresa que te procurou”, orienta.
Invista seu dinheiro para realizar seus maiores sonhos. Abra uma conta na XP – é de graça.