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Nos últimos meses, muitos profissionais foram atingidos por uma onda de demissões, chamada de layoff, em função de reestruturações estratégicas e econômicas desencadeadas pelas companhias.
De novembro de 2022 para cá, grandes empresas anunciaram cortes em suas respectivas forças de trabalho tanto no Brasil como em outros países. Na lista estão companhias de tecnologia, transportes, saúde e do ramo imobiliário, entre outras. Veja alguns casos:
- Unico demitiu 4,4% dos funcionários;
- Twitter cortou 50% da força de trabalho;
- Meta, dona do Facebook, demitiu 11 mil funcionários;
- Dona da Shopee demitiu 10% dos empregados;
- HP demitiu cerca de 6 mil funcionários;
- Loft demitiu mais de 310 empregados em terceira rodada de demissões;
- Empresas de criptoativos como, Silvergate Capital, Amber Group, Swyftx, Bybit, entre outras, cortaram cerca de 28 mil pessoas;
- Amazon confirmou demissão de 18 mil empregados;
- Buser demitiu 30% de seus empregados;
- Salesforce demitiu 10% e fechou escritórios;
- startup Alice demitiu mais de 100 pessoas;
- Xiaomi cortou 10% de seus funcionários;
- Sem números, XP confirmou demissões pontuais;
- Nubank também promoveu cortes;
- 99 fez segunda rodada de demissão;
- CVC cortou 5% da sua força de trabalho.
Apesar de ser um momento complicado para os que saem em busca de uma nova oportunidade, recrutadores entendem que o profissional que foi demitido nesse contexto deve compreender que o cenário atual de desligamentos é diferente daquele em que o corte é motivado por falha de performance ou de comportamento.
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“A demissão é um mecanismo de oxigenação nas empresas, mas no volume que vem acontecendo entendemos que tem um sinal que envolve mais o momento das empresas do que as habilidades dos profissionais desligados”, avalia Márcio Gropillo, head de recrutamento e sócio sênior da Korn Ferry no Brasil.
“O layoff [demissão em massa] é visto como um movimento de mercado e não [um problema] da equipe. Por isso, os profissionais não vão ter menos oportunidades por terem passado por um desligamento desse tipo”, sinaliza Luciana Calegari, especialista de recrutamento e seleção da Vagas.com.
O desafio dos profissionais atingidos nesses desligamentos é se recolocar no mercado de trabalho. Reportagem recente do InfoMoney mostrou que 2023 vem sendo classificado pelos recrutadores como um ano de cautela pela troca de governo, movimento que freia o ritmo de contratações e faz com que as empresas tentem ser mais assertivas, com processos de recrutamento e seleção mais longos. Os atos golpistas contra a democracia, no dia 8, também causaram tensão em todo o mercado.
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Leonardo Berto, gerente da Robert Half, observa que “os 100 primeiros dias do governo Lula serão cruciais para as empresas consolidarem ou mudarem rotas em suas estratégias”.
Para Márcio Gropillo, da Korn Ferry no Brasil, ainda não foi possível observar retração nas contratações em função da invasão em Brasília. “É tudo muito recente”.
Reflita e se organize após a demissão
Foi demitido? Rebeca Toyama, especialista em estratégia de carreira e educação corporativa, ensina o que fazer em 5 passos. Confira:
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- Faça um minucioso inventário de suas competências: separe quais são os seus conhecimentos, habilidades e experiências no formato que achar mais fácil de se organizar;
- Atualize seu currículo e LinkedIn considerando seu inventário de competências;
- Inclua em seu currículo métricas e indicadores que demonstrem suas capacidades e qualidades de entrega;
- Ative seu networking e amplie sua rede de contatos para que todos saibam sobre seu momento. A ideia não é pedir emprego, mas sim dicas sobre oportunidades e novos aprendizados;
- Ressignifique sua história profissional: abra espaço na sua agenda para novos hábitos e amplie seu networking. Existe muito mais vida fora da sua empresa do que dentro dela. Isso vai te ajudar a ampliar seus horizontes profissionais e pessoais e, principalmente, lidar com o desligamento.
“Autocuidado precisa ser incluído em sua rotina. Quando empregado, para garantir a qualidade de suas entregas e, quando desempregado, para garantir um bom desempenho em sua recolocação”, afirma Toyama.
Habilidades e qualificação
Mais do que procurar um emprego, após uma demissão, o profissional deve aumentar sua empregabilidade. “É importante aproveitar esse momento de pausa forçada para atualizar suas habilidades técnicas, aprimorar alguma tecnologia, programa, idioma, fazer treinamentos online ou presenciais. Ir a eventos, falar com pessoas, olhar as tendências do mercado em que atua. Hoje tem muito material disponível na internet. Fazer essa imersão para acompanhar as novidades é importante para não criar um gap enquanto procura por uma nova vaga”, afirma Gropillo.
Felipe Calbucci, diretor de vendas do Indeed no Brasil, afirma que os novos processos de seleção estão analisando as habilidades comportamentais dos candidatos às vagas. “Os profissionais precisam desenvolver e encontrar quais dessas habilidades precisam ser melhoradas”.
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Segundo estudo da Indeed, as cinco principais soft skill para 2023 são: resolução de conflito, proatividade, pensamento crítico, atenção a detalhes e empatia.
“O desafio dessas habilidades é que nem sempre existe um curso para te ajudar a desenvolvê-las. Por isso, é importante conversar com pessoas e estar aberto a feedbacks. Peça uma análise genuína, com exemplos atrelados a situações práticas que ajudam a tangibilizar o que precisa ser melhorado. É um exercício difícil, ninguém gosta de receber crítica, mas é um processo importante para evoluir”, explica Calbucci.
Onde procurar o novo emprego?
O processo de busca por um emprego exige proatividade: retomar contatos; perguntar se há alguma oportunidade entre conhecidos; e avisar que está em busca de um novo desafio são algumas atitudes citadas pelos especialistas consultados.
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“Por exemplo, uma pessoa que você conhece mudou de empresa? Entre em contato, dê os parabéns e aproveite para informar que você está à disposição. É comum ter uma mudança de cadeira quando um novo gestor entra em uma empresa. E, com isso, você pode ser chamado para um processo seletivo”, afirma Gropillo.
Berto, da Robert Half, sugere uma dinâmica de busca de empresas que podem ajudar na recolocação. A primeira empregabilidade do funcionário demitido está no concorrente. A segunda na cadeia de serviço que ela atua, como fornecedores e clientes. O terceiro caminho é buscar emprego em segmentos que não são correlatos. Ou seja, não é cliente, não é fornecedor, e não é concorrente, mas tem uma estrutura de negócio e organizacional parecida. Um profissional de tecnologia, como um engenheiro de software
A ideia é as pessoas buscarem empresas que já utilizem suas habilidades para conseguir uma recolocação mais ágil. “No caso de demissões em massa, pode acontecer das principais concorrentes estarem passando por uma situação macro de mercado similar e não necessariamente estar contratando, por exemplo. Então, vale o profissional olhar também para as empresas menores, fornecedores e clientes que podem ter vagas. Vemos, às vezes, essas empresas menores com vagas, mas sem profissional para contratar porque as maiores atraem mais”, explica Berto.
Na entrevista
Passada a fase de achar as empresas para se candidatar, a próxima etapa é fazer a entrevista de seleção. É crucial se preparar para esse momento e se municiar de informações. “Faça a lição básica de casa: pesquise sobre a empresa, sua cultura e notícias recentes sobre ela. Mas também pesquise quem vai te entrevistar no LinkedIn”, diz Leonardo Berto, gerente da Robert Half.
Berto também sinaliza que o profissional precisa ter clareza sobre o que o levou a ser demitido. “Compreender o motivo da sua saída é importante para explicar o desligamento em novas entrevistas e mostrar maturidade sobre o que aconteceu”, aponta.
É verdade que nem sempre o funcionário tem esse esclarecimento por parte do empregador os motivos pelos quais foi demitido. “Nesse caso, se algum entrevistador questionar, seja transparente: explique que você não sabe o motivo da sua demissão e que foi pego desprevenido”, complementa Berto.
Na visão de Gropillo, o candidato a um novo cargo não precisa se alongar muito na explicação da demissão, ainda mais no contexto de layoffs. “A demissão em massa é pontual e, geralmente, não diz respeito a um único funcionário. O segredo é ser sincero: diga o que aconteceu, mas já foque nos aprendizados e no que você pode acrescentar ao novo emprego”.
Luciana Calegari, da Vagas.com, recomenda evitar respostas muito curtas com apenas “sim” ou não”. “O candidato deve usar a oportunidade da entrevista para se ‘vender’, explicar os processos, aprendizados, desafios e como se saiu a partir de tudo isso. Se mostrar aberto a aprender algo novo, ou aprimorar algo que conhece no nível básico são pontos positivos. Se for contar ou for questionado sobre algum fracasso conte a verdade, mas atrele a um aprendizado”, afirma.
Ela também orienta o candidato a sempre levar perguntas sobre a empresa, sobre o negócio para a entrevista. “Mostra que o candidato estudou e que tem interesse em saber mais sobre a companhia”.
Gropillo ressalta ainda que o candidato pode pedir, ao final da entrevista, um feedback sobre a conversa. “Se a empresa falou uma semana para o retorno, pode ligar no oitavo dia. Se falou 21 dias e não deu retorno, pode entrar em contato com no 22º dia. Isso ajuda o candidato a se organizar”, avalia.
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