Falta de liderança no gestor pode barrar desenvolvimento da carreira dos subordinados

Líderes sem pulso podem se esconder atrás da máscara da severidade ou ser o líder amigão. Por trás disso, está a insegurança

Camila F. de Mendonça

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SÃO PAULO – Ter um o chefe no seu pé a todo o momento, fazendo cobranças e delegando tarefas, não é o sonho de todo profissional. Mas, pode acreditar, o oposto também não é saudável. Líderes ausentes, sem pulso, podem prejudicar o trabalho da equipe e até o desenvolvimento da carreira dos seus colaboradores.

Identificar um líder ausente não é tão difícil. Embora o perfil mude muito, de acordo com a empresa e a área de atuação, algumas características são bem comuns a eles, como explica a professora da Trevisan Escola de Negócios, Elaine Cristina Barbato Andrade. “Esses líderes ou são muito democráticos ou muito omissos, têm dificuldade na tomada de decisão e não são agentes de mudança organizacional”, afirma.

Para a gerente de Assessment e Development Center da Career Center, Marcia Spinola, muitas vezes, se esquivam física e psicologicamente, diante das dificuldades ou dos desafios dos liderados. Na sua avaliação, esse tipo de líder pode ser muito prolixo, emitindo discursos vazios, sem objetividade, ou esconder-se atrás da máscara de uma pessoa sisuda, inacessível à sua equipe.

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“Eles escondem-se atrás de uma máscara de severidade, com o discurso de que não querem receber problemas de seus liderados, mas, sim, somente as soluções, ou seja, não discutem um problema para contribuir com a sua solução. Evitam conflitos e têm dificuldade em dizer ‘não’ aos seus superiores, assumindo tarefas que não serão capazes de cumprir, sacrificando a equipe, para que apresente resultado”, afirma.

Por outro lado, o fato de muitos líderes centralizarem as tarefas e não saberem delegar também pode ser mais uma característica de gestores ausentes. “Esse líder tem dificuldade para delegar, desenvolver e criar um nível de maturidade na equipe e nele mesmo. Centraliza, se sobrecarrega, desmotiva e infantiliza a equipe”, ressalta.

Os motivos
A insegurança é citada pelas especialistas consultadas como o principal motivo para a existência de líderes sem pulso. Essa insegurança deve-se, principalmente, à falta de preparo para ocupar determinada função. Com o mercado cada vez mais aquecido, a ascensão da carreira ocorre de maneira rápida, impedindo que o profissional adquira maturidade e vivência suficiente para liderar uma equipe.

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“Esses líderes até são bons tecnicamente, mas são pessoas mais inseguras e agem muitas vezes de maneira paternalista”, afirma Elaine. “Ainda existem promoções nas empresas visando apenas ao conhecimento técnico e desconsiderando se o profissional tem perfil para administrar, gerir pessoas”, completa Marcia.

E nem sempre os gestores sem as características de um líder colocam a máscara da severidade. O extremo oposto também ocorre. Elaine explica que a insegurança leva o gestor a ser mais maleável com seus colaboradores – o que pode provocar confusões. “Existe uma confusão entre um líder que é bonzinho e aquele que tem um bom relacionamento interpessoal”, diz.

Para a professora, líderes democráticos demais podem até deixar o ambiente agradável, mas a falta de pulso uma hora ou outra prejudicará o desempenho da equipe. “Ele não inspira seus colaboradores, não dá feedbacks”, afirma Elaine.

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Os prejuízos
Os danos de se ter um gestor sem pulso são muitos. A começar pela falta de capacidade de tomar decisões. Para Marcia, as decisões que esse gestor tomar serão precipitadas e unilaterais – que podem gerar erros e prejudicar a empresa.

Os maiores prejuízos, porém, serão para os profissionais, pois, na avaliação da gerente, esse líder não consegue identificar, reter e desenvolver bons talentos. “Pela sua inabilidade em liderar, ele pode deixar de perceber as reais necessidades de cada membro da sua equipe, seja nas condições físicas de trabalho ou na ascensão profissional”, afirma Marcia.

Líderes sem pulso também podem desmotivar. “Eles podem cometer injustiças com a equipe, protegendo profissionais ruins, mas que lhe dão alguma segurança, em detrimento aos profissionais comprometidos, causando a desmotivação da equipe”, diz.

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O que fazer?
Quando a sua carreira depende da mudança de comportamento do seu líder, a situação fica mais complicada, mas não difícil de resolver. Nesse caso, a empresa pode averiguar os motivos pelos quais a sua equipe não gera resultados. Ou troca-se ou desenvolve-se 
a liderança. “Existem hoje bons treinamentos de liderança no mercado”, afirma Elaine.

Coaching e counsellings podem mesmo ajudar. “É preciso desenvolver um programa de desenvolvimento tanto corporativo quanto individual para que ele aprimore as competências e conhecimentos necessários para que desenvolva uma liderança assertiva e inspiradora”, afirma Marcia.

Mas, para além dos cursos e treinamentos, os gestores e aqueles que aspiram a esse cargo, precisam atentar ao fato de que ser líder não é apenas lidar com as pessoas e gerir projetos. “Liderança é um comportamento e não um cargo”, ressalta Elaine.

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