Existem 80 países melhores do que o Brasil para mulheres trabalharem, segundo pesquisa

Brasileiras estão tão inseridas no mercado de trabalho quanto os brasileiros, mas a desigualdade ainda é imensa; país aficano fica em primeiro lugar

Paula Zogbi

Carteira de trabalho (Foto: Wikimedia Commons)
Carteira de trabalho (Foto: Wikimedia Commons)

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SÃO PAULO – As mulheres ganham, mundialmente, salários 33% menores do que os dos homens, segundo a OIT. Setecentas milhões delas são vítimas de violência física e/ou sexual por ano. Diversas delas sofrem preconceito em entrevistas de emprego, e tratamento diferenciado uma vez que são contratadas.

A desigualdade de gênero no mercado de trabalho não é uma questão exclusiva do Brasil, mas, segundo uma lista do Fórum Econômico Mundial, o país está bastante atrasado com relação a isso: de acordo com a lista, referente a dados de 2014, o país está em 81º lugar em “participação econômica e oportunidades”. O primeiro colocado neste item é Burúndi, pequeno país africano que fica entre Ruanda do Norte, a Tanzânia e a República Democrática do Congo.

O pior lugar possível para uma mulher trabalhar, segundo o chamado Índice Global de Desigualdade de Gênero, é a Síria. A pesquisa pontua os países de 0 a 1, sendo 1 o nível máximo de igualdade. O país africano que ficou em primeiro lugar teve nota 0,8630; enquanto a Síria pontuou um assustador 0,2975. A nota do Brasil chega em 0,6491.

Destrinchando essa nota, os dados mostram que o Brasil está em uma posição ainda pior em equiparação salarial: 123 países possuem mais igualdade salarial do que o nosso. Apesar disso, tivemos a nota máxima no que diz respeito a cargos ocupados no geral: no item “trabalhadores profissionais e técnicos”, a pontuação do Brasil foi de 1,0, o que significa que a porcentagem de mulheres empregadas (55%) está muito próxima da de homens (45%) – o estudo desconsidera pontuações maiores que 1,0 para fazer o ranking, o que significa um empate no primeiro lugar entre diversos países.

No item educação, as descobertas para o Brasil são positivas: o ranking mostra igualdade quase total tanto em taxa de alfabetização como em formação nos ensinos fundamental, médio e superior. Apesar disso, na política a participação é mínima e o país fica em 74º lugar.

Para ranquear os países no geral, a pesquisa usa quatro fatores: participação econômica e oportunidade; acesso à educação; saúde e sobrevivência e poder político. No geral, o primeiro colocado é a Islândia, mas nem lá as coisas são perfeitas: o país pontuou 0,859 do total de 1.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney