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Corretor responde por 80% da venda de seguros no país: como a tecnologia tem mudado a profissão?

Brasil conta com 124.612 corretores ativos, sendo que 57,37% atuam como pessoas físicas

Gilmara Santos

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O Brasil tem o registro de quase 125 mil corretores de seguros cadastrados na Susep (Superintendência de Seguros Privados), que juntos respondem por cerca de 80% da venda de apólices (contratos de seguros) em todo o país. Principal força de venda de seguros, os profissionais estão se adaptando às novas tecnologias para garantir sua participação no mercado e facilitar o próprio trabalho, que passa a ser cada vez mais consultivo.

Recentemente, por exemplo, a Baeta Assessoria lançou o SeguroGPT com o objetivo de facilitar e agilizar suas vendas e obter informações sobre seguros em tempo real. “É como se o corretor tivesse ao seu lado um especialista capaz de responder sobre qualquer tema relativo a seguro durante 24 horas”, explica João Arthur Baeta Neves, CEO da Segbox e diretor da Baeta Assessoria.

“Neste novo cenário de mudanças de hábitos de consumo, internet das coisas e inteligência artificial, há novos desafios para o corretor, que tem que informatizar a sua corretora, aprender a lidar com funil de vendas e usar as ferramentas que as seguradoras oferecem para ajudá-lo iniciar, sem nenhum investimento, a digitalização e o marketing”, considera Boris Ber, presidente do Sincor-SP (Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo).

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Para especialistas, o papel do corretor no mercado de seguros se mantém consolidado. “A tecnologia não substitui, ela vem para potencializar as relações”, acentua Luiz Arruda, vice-presidente comercial, marketing, dados e clientes da Porto. Na avaliação dos experts deste mercado, o profissional terá função mais consultiva do que apenas a de vender um produto. “A tecnologia é uma importante aliada do nosso trabalho, mas o papel do consultor segue sendo essencial”, avalia Paulo Grillo, diretor de seguros pessoais e do VC+Seguro, da Alper Corretora de Seguros.

Ele cita o caso do seguro residencial. É importante que o cliente, ao lado de um corretor, avalie a real necessidade da apólice. Se o contratante mora em apartamento, não precisa de cobertura para telhado, por exemplo. “Tivemos o caso de um cliente que estava contratando o seguro residencial para o seu apartamento no valor total do imóvel. Explicamos que não fazia sentido porque o seguro não pagaria uma reconstrução. Isso é responsabilidade do seguro do condomínio. Então, fizemos uma análise do que ele realmente precisava e o valor do seguro ficou bem mais barato”, lembra Grilo.

A cultura do seguro ainda é pouco difundida entre os brasileiros, e o corretor tem o papel de ajudar a disseminá-la. “Menos de 25% da frota de veículos no Brasil é segurada, apenas 17% das residências contam com uma apólice e 7% dos brasileiros contrataram o seguro de vida”, salienta Edson Franco, CEO da Zurich, destacando o potencial de crescimento do setor. Ele diz acreditar que a tecnologia pode facilitar a atuação dos corretores de seguro. Para ele, não existe ameaça ao papel do corretor, pois ele é parte da cultura do setor.

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“Temos de começar a olhar para o corretor como um consultor que tem o conhecimento técnico e sabe o momento adequado para apresentar o produto aos seus clientes. Ninguém conhece melhor o cliente do que o corretor e somente ele pode nos ajudar a criar produtos personalizados”, diz Ivan Gontijo, presidente do grupo Bradesco Seguros.

Quem é o corretor brasileiro?

De acordo com o ‘Painel Corretor de Seguros’, da Susep, o Brasil conta com 124.612 profissionais ativos, sendo que 57,37% atuam como pessoas físicas. Deste universo, a maioria (54,5%) tem entre 35 e 54 anos de idade.

Na outra ponta, o menor percentual está entre os mais jovens, sendo que corretores com faixa etária entre 25 e 34 anos representam apenas 12,4% dos profissionais ativos. Segundo Diego Rocha, coordenador do curso ‘certificação em aceleração digital para corretores de seguros’, da Escola de Negócios e Seguros, a pouca quantidade de profissionais mais jovens não é negativa.

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Ela sinaliza, porém, a necessidade de uma maior renovação do quadro geral, principalmente com o novo perfil de consumidores de seguros, que busca cada vez mais experiências digitais e produtos personalizados em seus atendimentos.

Em relação à formação, os dados mostram que 62,02% dos corretores registrados possuem nível superior completo. “Quanto mais corretores especializados, mais seguros serão vendidos e pessoas protegidas”, considera Rocha.

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Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC