Conheça Sandoval Martins, o CEO do Buscapé que ”não é empreendedor” e que recriou a empresa

Em entrevista para o InfoMoney, o executivo contou toda a sua trajetória profissional e apontou quais foram os principais desafios que já enfrentou

Júlia Miozzo

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SÃO PAULO – A sede da Buscapé Company, empresa que abrange tanto o buscador de preços de mesmo nome quanto outras plataformas digitais, é, desde agosto do ano passado, um prédio de 3 mil m² localizados em Alphaville, São Paulo. A mudança aconteceu em comemoração aos 17 anos da empresa e sob o comando do atual CEO, Sandoval Martins.

Essa foi uma das mudanças que ele implantou na empresa desde que passou a comandá-la, em março de 2016 – entre elas, também estão a redução da jornada de trabalho de 44 horas semanais para 40 horas, a melhoria dos benefícios e o aumento do salário dos funcionários.

O executivo, que, para ser CEO “não foi empreendedor” e precisou “se educar como executivo e se vestir como um diretor ao longo da carreira para ser o que sou hoje”, contou, em entrevista para o InfoMoney, toda a sua trajetória profissional e apontou quais foram os principais desafios que já enfrentou.

Formado em Ciências Contábeis na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), o executivo teve sua primeira base profissional na ElmaChips, onde afirmou ter “montado a base de sua carreira” por aproximadamente oito anos. Posteriormente, a Sadia, a extinta PageNet, a antiga Dievel e uma incubadora de empresas acrescentaram experiência ao seu currículo, sempre na área financeira.

A experiência não foi suficiente para Sandoval, que, já na época, sabia que não queria “ser visto como um especialista em finanças”. Foi por isso que decidiu cursar um MBA, na mesma época em que entrou para a aérea Gol e foi um dos responsáveis por realizar seu IPO. Por conta de contatos feitos no curso, Sandoval acabou fazendo o mesmo na concorrente, a TAM, um ano depois. Participou da criação da Multiplus, programa de fidelidade parceiro da TAM, e assumiu como CFO da empresa, em 2012.

No Buscapé

A oportunidade do Buscapé apareceu em 2013, quando a empresa já havia sido comprada pela sul-africana Naspers. O objetivo era um com o qual Sandoval já tinha experiência: realizar o IPO da empresa. Na época, ele afirma que o Buscapé não era um negócio global e que, por representar um terço da Naspers na época, o IPO ficou para trás.

O desafio para impedir que a empresa fosse vendida foi gerar rentabilidade para o Buscapé, que tinha uma tecnologia desatualizada e descrença dos investidores, era “mostrar para a Naspers que eu era o cara certo para isso”. “Eu já sabia o que daria certo ou não na empresa”, disse. O desafio foi concedido e, em um dia, às 4h da manhã, por conta do fuso horário, ele recebeu a notícia de assumiria como CEO da empresa.

Desde então, veio a mudança para a nova sede de R$ 1 milhão, a criação de uma equipe “muito boa, com os melhores executivos do mercado” e de “um novo Buscapé”. “Aqui, meu objetivo é fomentar a criatividade, e para isso foi preciso tornar o escritório a extensão da casa da equipe”, disse. Nesse período, Sandoval conduziu a empresa a seus melhores anos, melhores resultados e chegou a ganhar o prêmio de administrador do ano. “Assumi a empresa em seus piores anos”, explicou, afirmando que o plano de crescimento de um ano criado quando assumiu foi atingido em somente três meses. 

“Em toda minha carreira, liderar pessoas foi com o que eu mais me identifiquei. Eu quis ser o melhor líder e precisei aprender para isso, para mudar o Buscapé. Mas não gosto de dizer que sou ‘empreendedor’: eu quis ser um intraempreendedor, inovador dentro da empresa; empreendedores são quem as fundou”, disse.

Ao InfoMoney, o executivo afirma que assumir como CEO foi o maior desafio de sua carreira e que “ainda é difícil”, principalmente quando, em determinado momento, teve que realizar demissões em massa na empresa. “Hoje, para evitar isso, eu construo a Buscapé com base nas pessoas. Sempre penso em performance de gestão para evitar isso, reconheço os esforços, nunca deixo de me colocar em seus papeis para garantir que tudo está do jeito que deve estar”, disse.

A lição que tirou de toda a sua carreira, e que, segundo o executivo, é fundamental para sua desenvoltura como CEO, foi de levar o melhor de sua experiência em cada empresa. “Não posso considerar que nenhuma delas foi tempo perdido. Eu aprendi muito e essas experiências foram construindo minha carreira, foram indispensáveis”, finalizou.