Como uma profissional de RH virou engenheira de software do Google sem diploma

Mas para chegar neste patamar da carreira, a jovem enfrentou um processo de seis anos – que começou como um mero acaso  

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – Em maio de 2017, Angela Taylor começou em seu novo cargo de engenheira de software no Google. Mas para chegar neste patamar da carreira, a jovem enfrentou um longo processo – que começou como um mero acaso. Isso porque Taylor já trabalhava no gigante das buscas desde 2009. Começou lá como estagiária, mas no setor de recursos humanos. Hoje aos 30 anos, ela é formada em comunicação social e não tem diploma na área de engenharia.  

Nascida no estado de Arkansas, ela cresceu em uma cidade rural sem muito contato com a tecnologia. Ao InfoMoney, Angela  contou que não era ligada ao assunto e nem sabia o que uma engenheira de software fazia. “Mesmo depois que eu saí de Arkansas e fui para a escola em Illinois, eu ainda não pensava muito em tecnologia. Eu entrei na indústria, por acaso, de verdade”, diz. 

Depois de se candidatar para um processo seletivo no Google em 2009 e passar pelas entrevistas, ela foi contratada para integrar a equipe de RH do gigante das buscas como estagiária. Em 2011, já integrada com o ambiente de trabalho e efetivada, a equipe de recursos humanos começou a trabalhar em um novo projeto que fazia uso de uma planilha com uma série de códigos que não estavam funcionando. A jovem se ofereceu para corrigi-los, o que significava aprender mais sobre uma linguagem chamada Visual Basic, da Microsoft.

Para esse mesmo projeto ela teve que fazer uma viagem para a China e foi nesse período que a programação de fato entrou em sua vida. Como o voo é bem longo, usou as horas disponíveis para aprender a usar a planilha. E aos poucos foi se aproximando da programação.

Quando voltou para casa, ela começou a fazer cursos online gratuitos em sites como Udacity, uma organização educacional com cursos do Vale do Silício, e Code Academy, site que tem cursos sobre linguagem de programação. Bastante pró-ativa, ela se ofereceu aos poucos para fazer pequenos projetos de codificação para equipe de RH.

Além disso, participou de desafios de codificação no trabalho e, ainda, fez aulas de programação em Stanford. Ela optou por não se matricular em nenhum programa de graduação em ciência da computação ou engenharia de software. Mesmo assim, sentiu suas habilidades melhorarem constantemente. “Minha confiança foi aumentando”, conta.

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Com essas especilizações, Taylor passou mais dois anos na área de RH e depois foi transferida para uma equipe especializada em software, mas ainda focada na área de comunicação do Google. Trabalhando com isso no dia a dia, viu que era realmente o que queria e se candidatou para uma vaga na área de engenharia de software em outubro de 2016. “Depois de seis meses, o responsável pela área disse: ‘Você é boa, por que não vem trabalhar aqui?'”, contou. E assim, ela foi oficialmente transferida em maio do ano passado. “Para mim, aquilo era uma promoção”, diz.   

“Eu descobri a programação e me apaixonei por isso. Após algumas pesquisas, descobri o que era um engenheiro de software e o que ele fazia. Então, me dediquei para chegar onde estou hoje. Por isso, me orgulho muito de atuar como engenheira”, explica.

Vale explicar que embora Taylor não tenha a graduação de engenharia, nos EUA é permitido que um profissional atue como engenheiro e tenha o status do mesmo, segundo as leis da Califórnia. Há uma licença de engenheiro profissional (Professional Engineer – PE) que é alternativa para os profissionais da área,  segundo o manual de PE do estado. “Em qualquer local de trabalho que envolva  engenharia, há uma demanda por trabalhadores qualificados que não estão licenciados como PE na Califórnia. Se você encontrar trabalho nessas áreas, pode ter “Engenheiro” em seu cargo sem ter que ter a licença PE. No entanto, ao mudar de emprego, você deve ter certeza de que o novo lugar não exija um licenciamento”, diz o documento.

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Embora Taylor tenha conseguido começar uma nova carreira dentro do Google, nem sempre essa trajetória é fácil. O desafio é ainda maior sendo mulher e negra, já que a grande maioria dos engenheiros do Vale so Silício são homens brancos. Ela não comentou sobre situações de preconceito e outras adversidades que possa ter enfrentado, mas garantiu que hoje se sente muito bem acolhida na equipe em que trabalha. Isso porque, segundo ela, sua equipe é composta por cinco engenheiros, sendo três mulheres de nacionalidades diferentes.  

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Giovanna Sutto

Jornalista com mais de 6 anos de experiência na cobertura de finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.