Como resolver qualquer conflito no trabalho, segundo especialista em negociação

Na última edição do programa Carreiras do Mercado, o convidado foi Breno Paquelet, especialista em negociação estratégica  

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – No dia a dia, não é tão difícil evitar tratar com pessoas que não gostamos. Mas no trabalho, a convivência obrigatória nos faz ter de lidar com profissionais com quem, às vezes, não nos damos bem. Acontece que muita gente não sabe resolver esse tipo de conflito, e o ambiente de trabalho fica bastante conturbado.

Na última edição do Carreiras do Mercado, o InfoMoney recebeu Breno Paquelet, especialista em negociações estratégicas pela Escola de Negócios de Harvard, para nos ajudar a descobrir como lidar melhor com esses tipo de conflitos.  

Primeiro, precisamos entender que faz parte não nos darmos bem com todo mundo no trabalho, lembra Breno. “Você tem que ter em mente que vai ter que ter uma relação profissional saudável com todas as pessoas que estão trabalhando com você”, diz. Manter uma boa relação no trabalho é fundamental para desenvolver suas tarefas. “Ter uma relação saudável é ter acesso a todas as pessoas”, explica. 

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Paquelet explica que ninguém pode achar que vai conseguir passar a vida profissional fugindo de desavenças: vai acontecer. “É fato que no ambiente de trabalho com pessoas que tiveram todo um background diferente, naturalmente as ideias serão diferente e conflitos vão aparecer”, diz. 

Mas se você está envolvido ou já esteve e não soube como agir, o especialista deu duas dicas. O primeiro passo para tentar resolver um conflito é saber o momento certo de conversar com a outra pessoa. “Não pode ser uma coisa imediata a ponto das pessoas ainda estarem estressadas, mas também não pode demorar tanto a ponto da outra parte nem lembrar o que aconteceu”. 

Em segundo lugar, é importante começar a conversar “desarmado”. “Quando for conversar para tentar resolver saiba que não é só o outro que é culpado por esse conflito – você com certeza fez algo (mesmo sem perceber) que causou alguma divergência”, afirma. 

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Ele também orienta para nunca usar linguagem acusatória para tentar resolver. É importante assumir que você pode ter errado e ter humildade para resolver. 

“Mas também evite uma harmonia artificial. Aquela em que todo mundo finge que está tudo bem, mas na prática, não está. Não é produtivo, porque na hora que as pessoas tiverem que resolver alguma coisa concreta, um desafio, os conflitos aparecem de novo”, alerta.  

Outra questão que dificulta muito além disso as pessoas têm sempre a tendência a pensar o pior da intenção do outro, segundo Paquelet. “Mas, às vezes, você fez algo sem querer e só percebe quando a pessoa começa a dar sinais, como evitar falar com você. Então sempre considere que pode não ter sido a intenção da pessoa agir daquela maneira”. 

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Uma conversa para tentar resolver algum problema e acalmar os ânimos nem sempre é amistosa e você deve estar preparado para isso. “Temos que assumir que quando tentarmos conversar com a outra pessoa ela provavelmente não estará muito aberta. Mas ela tem que perceber que você se importa – com ela e com esse relacionamento”. 

O especialista também comentou, durante sua participação no programa, sobre a importância da confiança na resolução de problemas profissionais. “As pessoas tem a tendência a achar que os conflitos são muito difíceis de resolver, mas elas não tem noção da importância e do poder que uma conversa aberta, construtiva e honesta tem para resolver os problemas”, diz.

Isso porque, segundo ele, quanto mais você vai se testando e vai se abrindo para conversar com outras pessoas sobre questões difíceis mais confiante você vai ficando, porque você começa a entender que pode solucionar muitas coisas que de repente atrapalham seu desempenho. 

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O profissional que sabe lidar com as desavenças é diferenciado atualmente.  “Hoje hoje para tirar qualquer ideia do papel você precisa se envolver com mais de uma área que vai ter pessoas diferentes com motivações diferentes embora pensem no bem da empresa”, explica. 

Segundo ele, quem hoje não tem inteligência emocional para lidar com conflitos cada vez mais perde oportunidades ou não é valorizado.  

O primeiro passo para aprender e começar a desenvolver essa capacidade de gerenciar conflitos é pensar sobre isso. “Geralmente as pessoas vão agindo e reagindo a problemas sem refletir. Mas realmente a relação que temos com outras pessoas é algo que deve ser pensado” Outra dica que ela dá, é que pedir um feedback de pessoas que você confiar e admira para avaliar sua postura. 

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Assista ao programa completo no vídeo acima. 

Papel do chefe 

Se você tiver uma desavença com o chefe é, naturalmente, mais complicado e precisa ter mais cuidado. “Mas por outro lado, quando se trata do chefe você já tem uma ideia de como ele reage e gosta das coisas. Então você deve escolher quais batalhas vai lutar. Muitas vezes o chefe tem algum preciosismo, detalhes que ele faz questão e você não precisa encrencar com isso, faça e evite conflito pequenos”, diz Paquelet. 

No entanto, quando você vê que alguma atitude do chefe foi ou poderá ser equivocada e pode afetar seu setor ou equipe, tudo bem se posicionar e conversar com ele sobre o assunto. 

Do outro lado, o líder precisa entender que boa parte do trabalho dele é administrar conflitos. “Um bom líder não foge desses problemas e tem que entender que discussões saudáveis entre a equipe gera soluções mais completas”, afirma. 

Quando o líder tende a dar voz só para as pessoas que pensam igual a ele, sempre vai ter as mesmas soluções. “E quem tem uma visão diferente e acha que poderia contribuir com o desafio, começa a entender que ali ele não vai ter voz e que a sua opinião não é respeitada”.

Segundo ele, a inovação e a criatividade surgem de pontos de vista diferentes. “O líder tem que fomentar essas discussões saudáveis e moderar, dando a oportunidade para todo mundo falar e colocando limites durante reuniões e no dia a dia para não incentivar conflitos”, completa. 

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Giovanna Sutto

Jornalista com mais de 6 anos de experiência na cobertura de finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.