Chefe de RP do Baidu gera crise de imagem após exaltar cultura de trabalho “tóxica”

Qu Jing disse que quem trabalha com relações públicas não deve esperar fins de semana de folga e indicou manter o telefone ligado 24 horas por dia

Maria Luiza Dourado

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A chefe de relações públicas do Baidu, buscador mais popular da China, gerou uma crise de imagem na empresa após emitir comentários exaltando uma cultura de trabalho que tem gerado questionamento entre os jovens do país.

Em vídeos postados na versão chinesa do TikTok, Qu Jing afirmou não ser responsável pelo bem-estar das famílias de seus funcionários, já que não ocupa uma posição maternal nelas.

Em outros vídeos, Jing descreveu sua vida pessoal, contando que esqueceu o aniversário de um dos seus filhos e a série em que outro filho estava na escola, garantindo não se arrepender disso, porque escolheu ser uma “mulher de carreira”.

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Ela afirmou que quem trabalha com relações públicas não deve esperar fins de semana de folga e disse manter o telefone ligado 24 horas por dia, “sempre pronta para responder”.

Além disso, a executiva ameaçou funcionários que reclamaram da sua gestão, alegando ser capaz de tornar sua busca por emprego “impossível”.

Nesta quinta (9), com a repercussão do caso, apareceu nas redes sociais um vídeo de Qu Jing em que ela supostamente chicoteia um homem de papelão que representa o jornal South China Morning Post, aparentemente para aliviar a raiva depois que o veículo publicou um artigo negativo sobre a empresa.

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As declarações receberam uma enxurrada de críticas nas redes sociais. A cultura de trabalho das empresas chinesas tem sido amplamente questionada no país, sobretudo pelas novas gerações de trabalhadores, que tentam romper com o estado atual das relações de emprego.

Jing se desculpou em uma postagem na sua conta pessoal na rede social WeChat. Ela afirmou ter refletido sobre as opiniões dos usuários de diversas plataformas, dizendo que os aceitava humildemente.

Ainda segundo a executiva, seus comentários não representam o posicionamento do Baidu e tampouco foram aprovados pela empresa previamente.

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Contudo, o histórico recente da executiva parece alinhado os padrões mais tradicionais de trabalho chineses. Uma fonte, que falou em anonimato à CNN Business, disse que Qu Jing, que foi repórter na agência de notícias estatal Xinhua e relações públicas Huawei, trouxe ao Baidu a cultura de trabalho agressiva, popularmente associada a gigante tecnológica chinesa, causando a saída de 60% de sua equipe poucos meses depois de ter chegado no cargo.

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.