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SÃO PAULO – Escutar críticas, principalmente no ambiente de trabalho, não é tarefa fácil. Muitos profissionais se incomodam com elas e preferem ignorar, porque não sabem lidar com o que foi falado. “Eu recebo muito bem críticas”, afirmou Ronaldo Nazário de Lima, o Fenômeno, nesta quinta-feira (12). “Por estar tão exposto na mídia, as críticas acabam me ajudando e muitas vezes me orientando”.
Porém, ele lembra que muitos críticos acham que entendem tudo de futebol e falam sem ter uma base real do que de fato é o esporte profissional, por isso ele dá atenção apenas às críticas construtivas. E o alcance do melhor resultado em uma partida, a vitória, serve para silenciar esses críticos? “A vitória é para mim, para meu clube, para a torcida, para os que me apoiaram, para os que gostam de mim… Ela não é para ‘calar a boca’ de ninguém. Mas, eu faço realmente da crítica um incentivo e uma motivação, e tento melhorar com ela”.
Durante palestra motivacional, realizada na 27º Congresso de Gestão e Feira Internacional de Negócios em Supermercados da Apas (Associação Paulista de Supermercados), Ronaldo estimulou a plateia a repensar suas próprias atitudes como profissionais, revelando os desafios que venceu enquanto era jogador.
“Eu sempre fui movido por desafios”, declarou. “Não era uma grande ambição minha ser o melhor do mundo e chegar no topo, mas eu dediquei minha vida toda para ser jogador”. Durante todo o evento, ele reiterou sua paixão pelo esporte e disse que foi esse sentimento que o fez acreditar que nenhum obstáculo atrapalharia.
Oportunidades abraçadas
Ronaldo iniciou sua carreira muito jovem e ainda com pouca idade realizou o sonho que muitos veteranos jamais conquistaram: foi convocado para jogar na Seleção Brasileira. “Muitas vezes tinha que servir cafézinho para o Romário. O cara estava fazendo gol ‘pra caramba’! Eles [os outros jogadores] também mandavam eu pegar a chuteira. Eu era novato, né? Sofria na mão deles”.
Porém, assim como todos os jovens deveriam fazer, ele tirou proveito de uma situação que sabia ser uma grande oportunidade. “Eu era muito jovem e já naquele momento me sentia realizado, mesmo sem estar jogando. Eu observava muito cada detalhe de todos os jogadores. Sabia que aquilo ia servir muito para mim, para minha vida”, avalia Ronaldo.
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Aprendizado e motivação
Após começar a demonstrar um bom trabalho em clubes no Brasil, o Fenômeno foi levado para a Europa. Chegou pela Holanda e depois passou pela Espanha e Itália. Essas mudanças de país lhe renderam muitos aprendizados. “Eu morei muito tempo fora e a convivência com esse meio do futebol me fez aprender a ser disciplinado, a ser educado, a ter minhas responsabilidades”, diz.
Uma das mudanças foi ocasionada pelo desentendimento com a diretoria do Barcelona. “Foi uma decisão difícil, porque eu estava feliz lá”, conta. “Mas a Inter de Milão apareceu naquele momento pagando a multa recisória [US$ 35 milhões] e aí fui para a Itália, aprender outro idioma”.
Foi no clube italiano que Ronaldo enfrentou a primeria das várias lesões que sofreu no joelho. “Aquilo foi um golpe duro. Todos julgavam como encerrada a minha carreira, até por não ter nenhum histórico dessa lesão, e ninguém sabia como tratar”, detalha. “Fiquei um ano e sete meses fazendo fisioterapia. Em nenhum momento pensei em deixar o futebol, porque é a coisa que eu mais amo na vida”. Assim, ele manteve o foco, acreditou que iria vencer e deu a volta por cima.
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“O Ronaldo usa uma palavra com muita frequência que para mim é uma fonte de muita inspiração. Toda vez que ele vai falar, ele diz: ‘Eu aprendi muito’. Um cara deste nível de reconhecimento mundial é, para mim, uma lição de que a gente está nessa vida o tempo todo aprendendo”, concluiu o apresentador Marcelo Tas, que foi o mediador da palestra do Fenômeno.