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Seu avô materno, em 2008, era um tímido investidor da Bolsa. “Ele fazia eu anotar os preços das ações. Todos os dias almoçava na casa dele porque ele morava perto da minha escola”, conta Caio Scotte, que foi muito chegado ao avô.
Tempos depois, Scotte já trabalhava na região da Avenida Paulista, em São Paulo, e fazia faculdade à noite. Sem tempo para nada, começou a pensar uma maneira de sair desse quadro, já imaginando no futuro, na formação de uma família. Isso era 2011.
Ficou com uma pulga atrás da orelha ao lembrar três anos depois do que fazia junto com o estimado avô. “Estava ali com os meus 21 anos. Queria ter dinheiro, conquistar meu primeiro milhão”, recorda.
Foi aí que fez o curso “Como investir em ações” na antiga BM&FBovespa. “Comecei também a ler”, relembra. “A partir daí nunca mais deixei de estudar o mercado”, afirma.
Autonomia com trader
Scotte largou a agência de turismo que trabalhava e se tornou representante comercial no mercado de construção civil. “Queria autonomia”, diz. “Fui estudando, operando. Comecei a ganhar um pouco mais de dinheiro (como representante comercial), e passei a operar maior”, conta.
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De 2012 até o final de 2018, Scotte diz que toda vez que falava que operava ações, as pessoas achavam que ele era um “louco”. “Fiquei de 2012 a 2016 só trocando ficha: não ganhava nem perdia. Queria ter boas ações e montar carteira, mas o mercado me obrigou a ser day trader”, diz, explicando que era mais difícil ganhar dinheiro com papéis no longo prazo naquela época.
“O mercado estava em rally de alta desde 2016. Foi ali que comecei a ganhar dinheiro, ver de fato o que era a bolsa”, diz. “De 2016 a 2019, me tornei um heavy user porque o mercado começou a ter muita volatilidade, qualquer coisa que comprava dava super certo”, acrescenta.
Em 2018, Scotte viu aumentar significativamente o número de pessoas físicas operando com renda variável. Como entendia bem dos ativos negociados, chegou a criar um grupo no WhatsApp, sem pretensão de ganhar dinheiro, para tirar dúvidas e dar sugestões a pessoas próximas e outras que foram sendo adicionadas.
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Perda marcante
Em 2019, época que passou a trabalhar em tempo integral como trader, lembra de um momento marcante.
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“Vinha fazendo uma semana muito boa (com índice e dólar). Na semana seguinte, tive perda todos os dias. Perdi 10 mil (reais) num dia, mas estava dentro do risco. Perdi dez no segundo, mas estava dentro do risco. No quarto dia, já tinha perdido bastante, assim como no quinto e sexto dias. No final, devolvi 70 mil (reais), que tinha levado na semana anterior e fiquei negativo 20 mil (reais) na conta”
Ele explica que o momento foi muito ruim. “No primeiro e segundo dias estava dentro do operacional, mas em diante não estava mais”, diz. Para ele, esse detalhe foi muito importante. “O maior devastador para o trade não é operar grande, é operar fora de seu operacional”, ensina.
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Paciência e matemática
A partir do grupo de WhatsApp que criou, chegou a dar cursos depois, até que acabou sendo chamado para trabalhar no grupo XP, em maio de 2021, para desenvolver a área de trade. Nascido na cidade São Paulo, hoje mora no Rio de Janeiro com a família.
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“Aprendi que ninguém vence um trade paciente”, gosta de dizer. Ele conta que costuma chamar de unidade de risco uma operação. “Assim, eu coloco todo mundo no mesmo lugar. Pode ter uma unidade de risco de 100 mil reais, mas o meu é de 100 reais. Então, a pessoa, por exemplo, pode ganhar três unidades de risco e eu também. A diferença é nenhuma. Varia só o tamanho (do valor)”, diz.
Caio Scotte diz que do seu capital todo, arrisca apenas 10% no trade. “E desses 10%, arrisco 1% no day trade. É equivalente a 0,01% do meu capital todo”, explica.
Ele diz também que não ganha todos os dias no trade. A sua média de ganho é de 65% a 75% entre os trades que faz num período de 10 a 15 dias. “Prezo muito pela relação risco-retorno. Trade é muito mais matemática do que racional”, afirma.
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Sem dia de fúria
“Tive vários dias de fúria na minha vida. Todo trader vai ter sempre o seu dia de fúria e vai ter que aprender a lidar com isso. E ele vai ter que fazer as pazes com a sua fraqueza. Primeira coisa é que não aceito de maneira nenhuma fazer trade fora do meu operacional”, ressalta.
“Não gosto de usar consistência, mas consciência. Acho que sou um trader consciente depois de 2020. Já passei tudo que o trader poderia passar. Levei nove anos para ter uma consciência”, complementa.
“A consciência adequada e saber o que não tem que fazer. Essa consciência que me traz resultados consistentes”, diz. “Faço seis operações por dia. Se tomar três stops (parada devido a perdas excessivas) no mesmo dia eu paro de operar imediatamente”, ressalta.
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