Assessor, consultor e analista de investimentos: o que fazem e quais as diferenças?

Para quem está começando a investir, profissões podem soar parecidas, mas têm distinções importantes – algumas obrigatórias, segundo as normas da CVM

Equipe InfoMoney

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Em um assunto tão complexo como os investimentos, muitos brasileiros necessitam de ajuda profissional antes de decidir em que alocar seu dinheiro – muitas vezes, as economias de uma vida inteira. É aí que entram personagens comuns das empresas do mercado financeiro: os assessores, os consultores e os analistas de investimento.

Os termos podem parecer sinônimos e realmente há algumas semelhanças entre as atividades – como a obrigação de não prometer garantia de resultados, nem omitir riscos dos investimentos –, mas a atuação deles no mercado têm distinções importantes, que vão das atribuições do dia a dia, ao tipo de empresa em que trabalham e até a maneira que costumam ser remunerados.

Confira, a seguir, as atribuições desses profissionais, entenda as diferenças entre eles, e descubra como o investidor pode se beneficiar do seu trabalho.

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Assessor de investimentos

Muitos clientes de corretoras já tiveram a chance de interagir com assessores de investimento. Anteriormente chamados de agentes autônomos, são pessoas que atuam como espécies de “representantes comerciais” das instituições financeiras.

Cabe a esses profissionais captar clientes, receber e registrar as ordens de investimentos, além de prestar informações sobre os produtos e serviços oferecidos pelas instituições financeiras. Não é seu papel recomendar investimentos, por exemplo.

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“Um agente autônomo pode apresentar o portfólio de produtos que a corretora a que está vinculado oferece, de acordo com o perfil de investidor dos clientes que atende. Mas a responsabilidade pela análise dos ativos não é dele, e sim da corretora”, explica Giovana de Biase, da área de Wealth Service da XP Investimentos.

Segundo a CVM, cabem aos agentes autônomos tarefas como apresentar o mercado aos investidores, explicar as características dos produtos, cadastrar novos clientes, receber as ordens e transmiti-las para os sistemas de negociação, além de esclarecer dúvidas práticas.

Os assessores não têm autorização para administrar a carteira dos investidores, operando os seus recursos por conta própria. Cada ordem e operação demanda uma autorização expressa do investidor para que seja realizada. Por isso, o regramento da CVM proíbe que eles utilizem as senhas ou assinaturas eletrônicas dos clientes.

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Para poderem atuar, os assessores de investimento precisam se credenciar junto a uma entidade autorizada pela CVM, com estrutura de autorregulação e código de conduta profissional.

Atualmente, o credenciamento é feito pela Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord). A entidade aplica um exame de certificação, realiza as atualizações cadastrais e também o cancelamento dos registros, quando é o caso.

Em geral, assessores são remunerados pela corretora ou escritório de assessoria aos quais estão associados, e os pagamentos envolvem comissão sobre investimentos realizados pelos clientes.

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Consultor de investimentos

Ao contrário do assessor, o consultor de investimentos não é vinculado a uma corretora específica. Em geral, trabalham em consultorias especializadas e em empresas que contam com divisões focadas em gestão de fortunas. Por isso, tendem a oferecer serviços para o público de mais alta renda.

Seu papel é orientar, aconselhar e oferecer recomendações sobre investimentos no mercado de valores mobiliários de modo a maximizar os retornos do cliente de acordo com suas necessidades, interesses, preferências e perfil de risco, de forma personalizada.

O aconselhamento de consultores de investimento envolve tanto indicar os melhores ativos, na sua avaliação, para cada cliente, quanto atuar na seleção de gestores e outros prestadores de serviços no mercado financeiro.

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Embora possa recomendar, um consultor não pode realizar os investimentos pelo cliente. A decisão sobre adotar ou não a estratégia recomendada é sempre uma prerrogativa do cliente, e não do consultor. Portanto, assim como no caso dos assessores, é o próprio investidor quem precisa efetivar a compra de ações, a aplicação em títulos bancários, a aplicação em fundos ou no que quer que seja.

O consultor também deve evitar situações com potencial para gerar conflitos de interesse e atuar com independência. Tanto é que esse profissional não deve ter vínculo direto com nenhuma instituição financeira.

A atividade de consultor de valores mobiliários é regida pela CVM e demanda um credenciamento junto à entidade e o pagamento de uma taxa de fiscalização trimestral. É preciso comprovar conhecimento ou experiência na área para conseguir o registro.

Normalmente, consultores são remunerados por meio de uma taxa (fixa ou percentual) cobrada diretamente dos investidores que atende.

Analista de investimentos

Se o assessor e o consultor têm maior proximidade com o investidor, esse não é o caso do analista de investimentos. Sabe aquele relatório que chega da corretora indicando se é ou não um bom momento para comprar as ações de uma certa empresa? Quem escreve esse tipo de material é o analista de investimentos – ou analista de valores mobiliários, nos termos técnicos do mercado.

Esse profissional tem a função de elaborar análises publicadas e divulgadas ao público, com o objetivo de ajudar os investidores a tomar decisões de aplicação. As análises podem assumir diferentes formas: podem ser relatórios de acompanhamento, estudos ou outros textos sobre um ativo específico ou sobre um emissor, de modo geral.

Os analistas não podem, por exemplo, sugerir que os investimentos que avaliam têm rentabilidade garantida ou são isentos de risco.

Para atuar como um analista de investimentos, é necessário ter um credenciamento previsto pela CVM. Segundo o regramento, um analista precisa ser aprovado em um exame de qualificação técnica, aderir a um código de conduta profissional, ter curso superior e reputação ilibada.

Atualmente, a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) conduz esse processo. Os analistas têm de prestar uma prova conhecida como CNPI, ou Certificado Nacional de Profissional de Investimento, organizada pela Apimec e aplicada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). De posse dela, basta solicitar o credenciamento junto à própria entidade.

Analistas podem atuar tanto de forma autônoma quanto serem vinculados a uma instituição financeira, e costumam ser remunerados pela corretora, casa de análise ou banco aos quais estão associados. Eles não recebem comissão em cima de investimentos realizados pelos clientes que acessam os relatórios que produzem.