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As mudanças previstas na lei de licitações a partir do ano que vem são vistas como uma oportunidade para a Viveo avançar na oferta de medicamentos e insumos para os hospitais públicos. O motivo, afirma a diretora de Governo do grupo, Maria José Valadares, é que a companhia já sai na frente nas exigências de compliance dos órgão das mais diversas esferas públicas, um mercado endereçável de R$ 6 bilhões por ano.
“Acho que a grande mudança é a exigência de programas internos de integridade por parte das participantes das licitações, especialmente no contrato de grandes volumes”, explica a executiva. A nova regra determina que, para contratos a partir de R$ 200 milhões, é obrigatória a implementação de um plano de compliance interno no prazo de seis meses. “Nós, independentemente da lei, já temos isso estabelecido”, acrescenta Maria José, ao lembrar que a Viveo já lida com a rigidez que uma empresa listada convive.
Além disso, a Lei 14.133, aprovada em 2021 e com efeito a partir de 30 de dezembro deste ano, altera também os valores de dispensa de licitação. Antes, contratos até R$ 17,6 mil poderiam ser realizados sem concorrência e, com a mudança, passam a ser de até R$ 57,2 mil. O tempo do acordo emergencial foi ampliado de 180 dias para um ano, enquanto a duração de contratos regulares passam de um ano com prorrogação por mais cinco para, agora, cinco anos prorrogáveis por mais 10 anos. Haverá também menor tolerância a atrasos do Poder Público junto às empresas: de 90 para, no máximo, 60 dias.
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Vale destacar que, embora sejam contratos interessantes do ponto de vista financeiro, a oferta de produtos e serviços para a administração pública não é tarefa simples para as companhias maiores. Especialistas apontam como desafios a dificuldade no recebimento, especialmente de municípios, editais que abrem espaço para empresas sem capacidade financeira ou operacional se candidatarem e a falta de processos de integridade.
A executiva da Viveo prefere não se alongar sobre as dificuldades, mas diz que a empresa tem mapeado internamente os editais mais interessantes para o seu modelo de negócio, bem como um cálculo de risco e retorno sobre o capital investido (ROIC, em inglês) para cada ente da federação. “Existe um risco, sim, de trabalhar com o mercado público, mas é como em qualquer segmento. Quando falamos de medicamentos, há orçamentos melhores definidos [por parte dos governos] e temos um processo de diligência para evitarmos inadimplência”, explica. Em média, prossegue Maria José, os contratos públicos têm um prazo de pagamento de 90 a 120 dias, o que também exige um fôlego financeiro por parte das companhias.
A vertical de governos da Viveo tem 7% de market share e faz parte do segmento de hospitais e clínicas do grupo – que atende também empresas privadas. Essa área, sozinha, faturou R$ 3,92 bilhões no primeiro semestre deste ano, crescimento de 31,3% em relação a igual período do ano passado – e é a maior frente de negócios do grupo. A unidade reúne algumas empresas adquiridas recentemente, como a Tecno4, Medcare, BEMK, Pointmed e Expressa – esta última, uma empresa que faturava mais de R$ 1,5 bilhão por ano, da qual Maria José Valadares era CEO até a compra pela Viveo em 2019.
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Uma das novatas da Bolsa, a Viveo aproveitou a janela de ofertas públicas iniciais (IPOs, em inglês) de 2020-2021 e estreou na B3 em agosto daquele ano. Em 2023, os papéis negociam com alta de 4,6%, com a ação valendo em torno de R$ 16,50.
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