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Após quebrarem recordes históricos em 2022, as vendas de máquinas agrícolas recuaram no país no ano passado, prejudicadas sobretudo por uma conjuntura mais adversa para os produtores de grãos. E, uma vez que fatores como a queda dos preços de commodities como soja e milho perduram, a expectativa é de nova retração em 2024, como indicou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) em evento realizado nesta quarta-feira em São Paulo.
Segundo a entidade, foram comercializadas no varejo brasileiro 60.981 máquinas agrícolas em 2023, 13,2% menos que no ano anterior (70.262). Embora a redução tenha sido expressiva, foi a segunda melhor marca do segmento, como realçou o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite. As vendas de colheitadeiras, máquinas maiores e mais caras, usadas em plantações de grãos, registraram baixa de 18,5%, para 7.188 unidades, enquanto as de tratores de rodas caíram 12,4%, para 53.793 unidades.
Além da queda dos preços dos grãos, colaboraram para o encolhimento das vendas de máquinas agrícolas no ano passado os problemas climáticos provocados pelo fenômeno La Niña na região Sul na safra 2022/23 e, de acordo com Leite, também a expectativa de redução da taxa básica de juros (Selic), que levou produtores rurais a adiarem aquisições. Pesquisa apresentada pela Anfavea apontou que 60% da decisão de compra dos produtores é norteada por questões ligadas ao crédito, como juros, prazo e tempo de liberação dos financiamentos.
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A contínua curva de baixa da Selic pode destravar negócios em 2024, mas ainda há muitas nuvens no horizonte. Os problemas climáticos, agora causados pelo El Niño, estão mais generalizados nesta safra 2023/24, tanto que a colheita total de grãos deverá diminuir em relação ao ciclo 2022/23.
Também ainda não são conhecidas as condições para o crédito que estará à disposição no próximo Plano Safra (2023/24), e o Moderfrota, incluído na política, é o principal programa de fomento à aquisição de máquinas agrícolas do país. Assim, a Anfavea estima nova queda das vendas internas este ano, de 11%.
Mas nem tudo são espinhos para um mercado que movimenta cerca de US$ 10 bilhões por ano no Brasil. Os fundamentos de longo prazo permanecem sólidos, com perspectivas de aumento da produção agrícola e investimentos em tecnologias no campo, o que poderá acelerar a renovação da frota de máquinas, cuja idade média é superior a 15 anos – em 2017, 75% dos tratores em operação já eram usados em 2006. Outro ponto: segundo o IBGE, em 2017 apenas 14,5% das pouco mais de 5 milhões de propriedades rurais do país contavam com tratores, e 2,4% com colheitadeiras, o que indica um enorme potencial de crescimento.
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Parte das fichas do segmento para que esse potencial se traduza em bons negócios está depositada no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, que poderá gerar investimentos da ordem de R$ 1,4 trilhão nos próximos anos. O programa Nova Indústria Brasil também é alvo de expectativas positivas, e o contínuo avanço da conectividade em regiões rurais é outro motor importante que tende a estimular as vendas de máquinas agrícolas. O segmento espera, finalmente, maior apoio às exportações, com o estabelecimento de novos acordos bilaterais capazes de abrir novas portas para os equipamentos produzidos no Brasil.
Em 2023, as exportações caíram 17,8%, para 8759 unidades. O Paraguai, que recebeu polpudos investimentos de agricultores brasileiros nos últimos anos, é atualmente o principal destino das exportações. O país vizinho importou US$ 195 milhões em máquinas agrícolas no ano passado, ou 30% do total, e foi seguido pelos Estados Unidos, que gastou US$ 95 milhões (15%) e pela Bolívia, com US$ 55 milhões (9%). A Argentina, outrora o principal cliente externo do Brasil no ramo, representou apenas 5% do total em 2023. Para 2024, a Anfavea espera queda de 3% das exportações.
MÁQUINAS RODOVIÁRIAS
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Boa parte dos fatores que tornam o futuro das vendas de máquinas agrícolas promissor também deverá estimular o aumento da comercialização de máquinas rodoviárias, uma vez que investimentos em infraestrutura previstos no PAC, por exemplo, são vitais para esse segmento.
Em 2023, as vendas domésticas desses equipamentos registraram redução de 22,1% ante o recorde de 2022, para 30.399 unidades. As exportações, em contrapartida, aumentaram 79,1%, para 4.180 unidades. Para 2024, a estimativa da Anfavea é de crescimentos de 5% das vendas internas e de 7% nas exportações.
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