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A 777 Partners, investidora do Vasco da Gama, iniciou nesta semana um contra-ataque para retomar o controle da SAF do clube carioca. Sob a representação de um novo grupo de advogados, a empresa americana pediu na segunda-feira (27) a impugnação da árbitra escolhida pelo cruz-maltino na Câmara de Arbitragem que discute o contrato entre as empresas.
Ana Tereza Basílio, eleita presidente da OAB do Rio de Janeiro em novembro de 2024, foi a escolhida pelo Vasco para a Câmara de Arbitragem, composta por uma indicação de cada parte e um presidente independente.
No início de janeiro, a 777 fez um pedido de esclarecimento à Câmara, constituída pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), sobre a relação profissional e pessoal entre Basílio e Paulo César Salomão Filho, vice-presidente do Vasco.
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No documento, ao qual o InfoMoney teve acesso, são mencionados casos em que ambos os escritórios atuaram conjuntamente, como os casos das recuperações judiciais de Oi e Americanas.
Salomão é tido como um nome forte no Vasco e foi um dos advogados que assinaram o pedido de suspensão dos contrato da 777 com o clube carioca. Ele também é conselheiro federal da chapa de Basílio na OAB.
Foi com base nos argumentos do pedido de esclarecimento que a investidora pediu a impugnação do nome da advogada. O processo para definir a impugnação deve durar até 45 dias, entre a intimação de Basílio e a decisão.
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Na Câmara de Arbitragem, o Vasco busca a rescisão do contrato selado com a 777 pela venda da sua SAF. Já os investidores querem reassumir o controle.
A reportagem do InfoMoney procurou o Vasco e a árbitra Ana Tereza Basílio. Não obteve, no entanto, respostas até a publicação deste texto. O espaço segue aberto a eles.
Disputa judicial
A 777 comprou 70% da participação da SAF do Vasco em 2022, por R$ 700 milhões. Em maio de 2024, uma liminar do juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, devolveu o controle ao clube, sob o argumento de que a empresa não teria capacidade de arcar com os pagamentos programados.
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Foram depositados pela investidora cerca de R$ 300 milhões e uma nova parcela em dimensão similar estava programa em contrato, mas a decisão do juiz foi tomada antes desse prazo.
Fora do Brasil, a controladora tem enfrentado outros litígios e problemas financeiros. Na Inglaterra um tribunal decidiu que a filial da companhia deveria ser fechada e a companhia foi despejada de escritórios nos Estados Unidos por falta de aluguel. Veículos de notícia internacionais mencionam a possibilidade de falência e pressão da principais credora do grupo, a seguradora A-CAP.
Nesta quarta-feira (29) um recurso da liminar seria julgado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) e foi retirada da pauta após pedido da 777.
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Após a saída do escritório Sérgio Bermudes também deste caso, o Dickstein Advogados assumiu o processo.
Interfaces da 777 Partners tem acompanhado de perto os processos em curso no Brasil em reuniões numa frequência de dois dias junto aos representantes.
Mais que retomar o controle, a 777 quer sentar na mesa em eventuais negociações de venda da SAF. Desde que saiu do controle, a empresa tem visto notícias sobre negociações entre a atual presidência do clube, comandada pelo ex-jogador Pedrinho, e possível compradores.
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Como a liminar é provisória, para a 777 uma decisão positiva na arbitragem afirmando que o contrato entre as empresas é válido seria como dar a palavra final na questão.
Troca de representantes
Os escritórios Monteiro de Castro, Setoguti Advogados e Dickstein Advogados assumiram, respectivamente, a arbitragem e o processo judicial pela 777, após a saída de Sérgio Bermudes Advogados do caso.
Segundo coluna do jornal O Globo, a 777 teria deixado de pagar valores próximos a R$ 2 milhões em honorários, o que levou à saída.
Pelo que apurou o InfoMoney junto a fontes com conhecimento sobre o assunto, os pagamentos não teriam ocorrido em função de um desentendimento entre empresa e escritório.