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O aumento na taxa de importação de aço definido pelo governo na última terça-feira (23) deve beneficiar especialmente a Usiminas, siderúrgica mais exposta ao mercado local, avalia o Itaú BBA. Diante da mudança na cobrança do imposto, produtores nacionais podem encontrar um melhor ambiente de flexibilidade para os preços.
“A Usiminas é a siderúrgica brasileira mais beneficiada pela decisão, dada sua maior alavancagem operacional e exposição ao setor nacional de aços laminados”, diz relatório publicado pelo banco. A empresa divulgou na véspera seus resultados do primeiro trimestre de 2024, registrando uma alavancagem financeira, medida pela dívida líquida/Ebitda ajustado, de -0,22 vez em março de 2024. A companhia afirma estar pressionada, assim como todo o setor de aço brasileiro, pelas importações chinesas.
O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior do Brasil (Gecex) vai elevar para 25% o imposto de importação de 11 produtos de aço e estabelecer para eles cotas de volume de importação. A medida entra em vigor em cerca de 30 dias e só aumenta a incidência de tributos para o excedente à cota — estabelecida no equivalente a 130% do volume médio importado de 2020 a 2022, explica o Itaú BBA.
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“O que notamos é que 54% do volume total de chapas de aço importado pelo Brasil em 2023 estaria sujeito ao aumento da tarifa em 25% se essa decisão estivesse em vigor”, diz o banco. “Olhando para 2024, quase 60% da cota combinada para os produtos já havia sido preenchida em março, sendo que um deles já teria ultrapassado em 100% sua cota anual”, aponta. Se considerada a continuidade do ritmo de importações de chapas de aço, elas estariam sujeitas à tributação já no início do terceiro trimestre.
Importações chinesas
Em 2023, o volume de importações dos 11 produtos adicionados à lista de aumento de imposto superou em 30% as médias de 2020 a 2022, diz o o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), ao qual o Gecex é ligado. A enxurrada de importações chinesas gerou pressão das produtoras nacionais — a própria Usiminas precisou abafar um de seus altos-fornos em dezembro passado e admitiu a possibilidade de uma segunda paralisação temporária em outro deles em janeiro deste ano.
Em setembro do ano passado, o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, classificou a situação do setor como “dramática”. Em entrevista ao IM Business, Lopes disse que a concorrência com o aço chinês é “desleal” e “predatória”. Entidades e empresas reclamavam, à época, que os chineses estariam vendendo a margens negativas.
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De acordo com o Itaú BBA, deve haver uma queda no prêmio pela paridade de importação de 22% para 8% após o anúncio das medidas. Historicamente, esse prêmio tem variado de 10% a 15%. “Uma redução para 8% proporcionaria alguma flexibilidade para possíveis aumentos no preço ou, ao menor, pode ajudar os produtores a reduzir os descontos no atual ambiente de demanda interna enfraquecido.”
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