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O mercado de carros elétricos só cresce no Brasil. Depois de um 2023 com recorde de vendas, a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) projeta números ainda melhores para este ano, com alta de 60%, para cerca de 150 mil unidades comercializadas em 2024. No entanto, esse crescimento depende de infraestrutura como a disponibilização de locais de recarga. Atualmente, o Brasil tem em torno de 4.600 postos e, segundo um estudo realizado por Audi e Porsche e Raízen, o ideal seria saltar para 250 mil unidades em 2030 para acompanhar o ritmo de expansão da mobilidade elétrica. Para 2035, seriam necessários um milhão de pontos no país.
E é aí que entra a aposta da Kinsol, empresa de soluções renováveis que atua nos setores de energia solar e mobilidade elétrica. Com um investimento de R$ 150 milhões, a companhia tem a meta de inaugurar 1.000 eletropostos na capital paulista e Grande São Paulo para expandir o acesso a pontos de recarga de quem possui carros elétricos. “Quem tem um veículo deste tipo ainda tem muita dificuldade de encontrar locais de recarga. Nosso objetivo é, além de proporcionar um avanço na infraestrutura, oferecer oportunidades de investimento sustentável”, diz Mauricio Crivelin, CEO da Kinsol.
O executivo reforça que, atualmente, o país tem menos de 3% da frota totalmente elétrica. O número é pequeno quando comparado a outros países, como Suécia, que já possui 87% da frota. Ele afirma ainda que a China, onde esteve recentemente visitando a Chinsan Group, conta com as maiores reservas de extração de lítio no mundo inteiro. “Observar o mercado de mobilidade elétrica nesses países é como olhar uma ‘bola de cristal’ do que vai acontecer no Brasil daqui a alguns anos”, diz.
Por isso, é tão importante preparar o terreno para o que está por vir, de acordo com ele. Isso porque o aumento nas vendas tende a avançar ainda mais à medida que os preços das baterias de íons de lítio caem, o que torna a produção dos veículos elétricos mais barata e possibilita que mais pessoas possam adquiri-los. Um balanço feito pela BloombergNEF, por exemplo, mostra que o preço do lítio caiu 89% desde 2010, quando custava US$ 1.183/kWh. Em 2020, chegou a US$ 135/kWh e, no ano passado, a US$ 30/kWh. A previsão de 2024 é US$ 16 kWh, podendo atingir US$ 7 em 2025.
Retorno efetivo
O projeto dos eletropostos foi iniciado a partir do interesse de investidores, pessoas que possuem carros elétricos e sentem na pele os desafios e dores desse mercado. Mauricio explica que os 1.000 eletropostos estão sendo divididos por cotas, cada uma com cem unidades, um investimento em torno de R$ 1,5 milhão e um retorno estimado de 1% a 6% de rentabilidade aos investidores. “Nosso primeiro eletroposto gerou, em um mês, R$15 mil reais de lucro, um retorno significativo e que mostra que existe mercado a explorar”.
A escolha por iniciar o projeto na capital paulista e nas cidades da Grande São Paulo deve-se ao fato de ser a região que mais vende veículos elétricos no país e, assim, uma forma de impulsionar o ecossistema, ganhar mercado para depois seguir com os investimentos nos demais Estados.
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O CEO conta que os locais de instalação já foram mapeados e, antes de escolhê-los, a empresa realizou um mapa de calor para detectar onde está o maior fluxo de automóveis elétricos. O plano é inaugurar 350 eletropostos este ano e 650 em 2025. Além disso, vale ressaltar que os eletropostos foram projetados para recarregar veículos elétricos de maneira eficiente, precisando de apenas 20 a 40 minutos para uma carga completa.
Os eletropostos têm impacto direto na emissão de gás carbônico. Segundo a empresa, 10.260 toneladas de CO2 deixarão de ser emitidas por mês quando as 1.000 estações estiverem prontas funcionando ao menos 12 horas por dia.
Os equipamentos são produzidos na fábrica da Kinsol em Vacaria (RS), que começou a ser pensada durante a pandemia e, em 2023, passou de uma pequena linha de produção para um local com capacidade de produção mensal de até 1.000 estações de recarga de veículos elétricos e cerca de 200 estações ultra rápidas, após um investimento de R$ 4,8 milhões. “A fábrica é resultado de muita pesquisa e visitas a outros países para reunir o que há de melhor nessa área. Usamos tecnologia dos Estados Unidos e da China, mas é uma estação montada no Brasil e de acordo com as demandas e necessidades locais”.
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Estratégia para crescer
O projeto dos eletropostos e o investimento na fábrica também estão em linha com a estratégia da empresa para ganhar mercado e se reinventar. Com as vendas caindo de R$ 59 milhões em 2022 para R$ 28 milhões em 2023, a empresa sabia que precisaria buscar outras formas para sobreviver. “Em vez de lamentar a queda nas vendas, buscamos novas oportunidades”, conta Mauricio. A Kinsol passou, assim, a comercializar energia pelo mercado livre varejista e acelerou os projetos de mobilidade elétrica, abrindo portas para investidores. “Com isso, 2023 se tornou um dos anos mais importantes para a companhia, que evoluiu de uma empresa de energia solar para uma de energia diversificada”.
O investimento em tecnologia quadruplicou desde 2020, o que mostra o compromisso da empresa em crescer e se diversificar, com um olhar atento às demandas do mercado. Ao que tudo indica essa fórmula começa a dar dado certo.