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Bruxelas (Reuters) – A União Europeia decidiu aumentar as tarifas de importação sobre os veículos elétricos fabricados na China para até 45,3% ao final de uma investigação que dividiu a Europa e provocou retaliações de Pequim.
Pouco mais de um ano após o lançamento da investigação sobre subsídios da China às montadoras de veículos, a Comissão Europeia decidiu estabelecer tarifas extras que variam de 7,8%, para a Tesla, a 35,3%, para a SAIC, além do imposto padrão de 10% que incide sobre importação de carros na UE.
Um autoridade de alto escalão da UE disse que as tarifas extras foram formalmente aprovadas nesta terça-feira (29). As novas tarifas deverão ser publicadas no Diário Oficial da UE até a quarta-feira e entrarão em vigor no dia seguinte.
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A Comissão, que supervisiona a política comercial da União Europeia, afirmou que as tarifas são necessárias para combater o que, segundo ela, são apoios injustos do governo chinês, incluindo financiamento e subsídios preferenciais, como terrenos, baterias e matérias-primas a preços abaixo do mercado.
A capacidade excedente de produção da China, de 3 milhões de veículos elétricos por ano, é o dobro do tamanho do mercado da UE. Considerando as tarifas de 100% nos Estados Unidos e no Canadá, a saída mais óbvia para esses veículos elétricos é a Europa, além de regiões como América Latina.
Pequim classificou as tarifas da UE como protecionistas e prejudiciais às relações entre a UE e a China e às cadeias de suprimentos automotivas, e lançou suas próprias investigações este ano sobre as importações de conhaque, laticínios e produtos suínos europeus em aparente retaliação.
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A China também contestou as medidas da UE na Organização Mundial do Comércio.
A Comissão Europeia estima que a participação das marcas chinesas no mercado da UE aumentou de menos de 1% em 2019 para 8% e pode chegar a 15% em 2025. A Comissão afirma que os preços são normalmente 20% inferiores aos dos modelos fabricados na UE.
A Alemanha, a maior economia da UE e principal produtora de automóveis do bloco, se opôs às tarifas em uma votação no início deste mês, na qual 10 membros da UE as apoiaram, cinco votaram contra e 12 se abstiveram.
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O Ministério da Economia da Alemanha disse nesta terça-feira que Berlim apoia as negociações em andamento da UE com a China e esperava uma solução diplomática para mitigar as tensões comerciais e, ao mesmo tempo, proteger a indústria da UE.
“O governo federal defende a abertura dos mercados. Porque a Alemanha, em particular, como uma economia globalmente interconectada, depende disso”, acrescentou o porta-voz.
As montadoras alemãs criticaram duramente as medidas da UE, cientes de que possíveis taxas de importação chinesas mais altas sobre veículos a gasolina com motores grandes as atingiriam mais fortemente.
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As medidas ocorrem em um momento em que milhares de trabalhadores da indústria alemã, inclusive das montadoras, fazem greve por salários mais altos, com a Volkswagen possivelmente prestes a anunciar o fechamento de fábricas alemãs pela primeira vez em seus 87 anos de história.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, disse que a UE estava caminhando para uma “guerra fria econômica” com a China.
No entanto, a associação automotiva da França (PFA) recebeu bem a decisão da UE de adotar a taxação adicional.
A Comissão realizou oito rodadas de negociações técnicas com a China para encontrar uma alternativa às tarifas e disse que as negociações podem continuar depois que as tarifas forem impostas.
As duas partes estão analisando possíveis compromissos de preço mínimo para carros importados e concordaram, na sexta-feira, em realizar uma nova rodada, embora a Comissão tenha afirmado que ainda existem “lacunas significativas”.
Nos primeiros nove meses de 2024, as exportações de veículos elétricos da China para a UE caíram 7% em relação ao ano anterior, mas aumentaram em mais de um terço em agosto e setembro, segundo dados da associação de montadoras de automóveis da China (CPCA).