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Turista paga R$ 776 mil por uso de celular no exterior — mas startups buscam soluções

Airalo oferece chip virtual com plano pré-pago de consumo de dados no exterior; startup de Cingapura mira mercado brasileiro

Mitchel Diniz

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Na era do “se não postou nas redes sociais, não aconteceu”, ter acesso à internet no celular durante viagens internacionais parece essencial. No entanto, até pouco tempo atrás, as opções para viajantes hiperconectados eram limitadas. Aqueles que não contratavam um pacote de roaming internacional, geralmente caro, precisavam depender de redes públicas de Wi-Fi ou comprar um chip de operadora local, um processo que envolvia a apresentação de passaporte e assinatura de contratos em língua estrangeira.

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O repórter millennial que assina este texto, até meses atrás, ainda seguia esse caminho. Foi então que descobriu a opção de se manter conectado no exterior por meio de um eSIM, uma versão virtual do chip físico. Essa tecnologia permite que os usuários adquiram pacotes para se conectar às redes das operadoras locais durante suas viagens, tudo feito pelo smartphone em questão de minutos.

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Startups como a espanhola Holafly e a Airalo, fundada em Cingapura, oferecem esse serviço há pelo menos cinco anos. Embora ainda enfrentem algumas barreiras à digitalização, como a compatibilidade com smartphones, estão inseridas em um mercado com potencial bilionário.

O mercado global de eSIM foi avaliado em US$ 1,22 bilhão em 2023, segundo a consultoria Fortune Business Insights, e deve alcançar US$ 6,29 bilhões até 2032.

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Brasil no foco

Os números do mercado brasileiro são promissores para a Airalo. “Anualmente, entre 10 milhões e 15 milhões de pessoas saem do Brasil para o exterior. Há uma demanda clara por conectividade a preços acessíveis durante essas viagens”, afirmou Bahadır Özdemir, CEO da empresa, em entrevista ao InfoMoney. Ele cofundou a Airalo em 2019 com Abraham Burak, atual COO.

Desde a sua fundação, a empresa já levantou mais de US$ 67 milhões (R$ 364 milhões) em recursos e entre os seus investidores estão braços de venture capital das operadoras Telefônica, Orange e Deutsche Telekom.

Abraham Burak e Bahadır Özdemir: fundadores da Airalo (Crédito: Divulgação)

A oferta limitada de roaming internacional a preços acessíveis pelas operadoras locais, especialmente em destinos mais distantes, como Europa e Ásia, gera uma oportunidade de atuação para a Airalo.

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Ao mesmo tempo em que compete com as chamadas “telcos” nesse aspecto, a startup também é parceira delas, pois não possui uma rede própria. Estrangeiros em viagem ao Brasil com um chip da Airalo se conectam às redes das principais operadoras do país, como Vivo, TIM e Claro.

“Construímos parcerias com as operadoras locais em mais de 200 países onde atuamos. É uma situação de ganha-ganha”, explica Burak.

Desafios para a expansão

No Brasil, a startup já conta com cerca de 20 funcionários, e um dos principais desafios é a oferta ainda limitada de aparelhos compatíveis com o eSIM. “Era um problema relevante cinco anos atrás e ainda é”, explica Burak. Nos Estados Unidos, um dos mercados mais desenvolvidos na adoção dessa tecnologia, alguns smartphones novos já não possuem slot para chip físico.

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E ainda que exista uma demanda de milhões de viajantes brasileiros por conectividade no exterior, a marca ainda não é percebida por todos eles. Não é que o autor dessa reportagem estivesse desatualizado. Existe, de fato, um problema de consumer awareness que precisa ser atacado, segundo o COO.  

Conta de R$ 776 mil

A Airalo tem um “garoto-propaganda” pouco convencional: Rene Remund, de 71 anos, que vive nos Estados Unidos. Após uma viagem com a esposa à Suíça, ele recebeu uma conta de US$ 143 mil (quase R$ 776 mil) da T-Mobile pelo uso de menos de 10 gigabytes de dados durante a viagem.

A história se tornou notícia, e Remund contou aos jornais que havia visitado uma loja da operadora antes de embarcar para avisar que usaria dados fora do país, algo que já havia feito em outras viagens. “Nunca pensei que poderia ser uma vítima… do roaming”, disse Remund, na peça publicitária da Airalo.

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A startup de Özdemir e Burak não quer que os viajantes tenham sustos assim e trabalha com um modelo pré-pago. O usuário adquire um volume de dados para ser utilizado dentro de um determinado período. O pacote global mais barato custa US$ 9 (R$ 49), oferecendo 1 gigabyte para ser usado em até sete dias e válido para 135 países. Um pacote similar, incluindo ainda 10 minutos de chamadas telefônicas e 10 SMS, sai por US$ 15 (R$ 82).

Este ano, a base da Airalo ultrapassou 10 milhões de usuários, considerando apenas o consumidor final que adquire o eSIM junto aos pacotes de dados pelo aplicativo. Contudo, a startup também planeja crescimento no segmento B2B, oferecendo a tecnologia para empresas.

“Isso permitirá que empresas e corporações ao redor do mundo forneçam a conectividade da Airalo para seus negócios e equipes. Várias indústrias poderão integrar a tecnologia do eSIM em suas ofertas”, conclui o COO.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados