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Trisul aposta em janela de oportunidade no Minha Casa Minha Vida

Incorporadora quer aproveitar ampliação do teto de financiamento do programa habitacional do governo para elevar oferta em 2024 e 2025

Felipe Mendes

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A incorporadora Trisul pretende ampliar sua presença no programa Minha Casa Minha Vida neste ano. A meta é atingir cerca de R$ 1,5 bilhão em valor geral de venda (VGV) de lançamentos para 2024 (o último guidance para o mercado projeta um VGV entre R$ 1,8 bilhão e R$ 2,2 bilhões entre julho de 2023 e dezembro de 2024). Segundo seu cofundador e CEO, Jorge Cury, a ideia é que o programa habitacional do governo corresponda a até R$ 1 bilhão em lançamentos no ano — ou seja, mais da metade dos investimentos será voltada para o Minha Casa Minha Vida. Em 2023, esse segmento respondeu por um terço dos projetos da empresa, que havia abandonado esse tipo de mercado nos anos em que o país foi governado por Jair Bolsonaro.

Em entrevista ao IM Business, Cury explica que a retomada no segmento foi reforçada pela ampliação do valor para a Faixa 3 do programa, que teve seu teto de financiamento por família ampliado de R$ 264 mil para R$ 350 mil em 2023. “Vamos fazer entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão no Minha Casa Minha Vida com foco na faixa de até R$ 8 mil de renda”, diz Cury. “Nós sempre trabalhamos com o programa. Quando veio um governo liberal [do ex-presidente Bolsonaro] e baixou o juro, melhorou o poder aquisitivo da classe média e a gente parou. Agora, com o governo Lula, cuja vocação é voltada para o social e que incentiva o Minha Casa Minha Vida, nós voltamos a fazer.”

A empresa descarta, neste momento, realizar uma nova oferta subsequente de ações (follow on) como a feita em 2019, quando a ação estava cotada a R$ 10. Hoje, com os papéis cotados a menos de R$ 5 e a bolsa de valores brasileira ainda em momento de recuperação, Cury não vê estímulo para um nova rodada. “Eu não vejo sentido em fazer esse movimento agora com esse preços. Nós estamos com um bom nível de landbank, com geração de caixa bastante forte, e vamos entregar 12 empreendimentos de agosto de 2023 a agosto deste ano. Só faríamos isso se melhorasse muito o preço da ação”, afirma ele. “Nós temos uma boa geração de caixa, com mais de R$ 2 bilhões em recebíveis para entrar até o meio do ano. Isso vai gerar uma bela desalavancagem e nos deixar em uma situação tranquila para comprar mais terrenos, dependendo da conjuntura.”

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Cury também acredita que os papéis das incorporadoras que atuam no médio e alto padrão estão mais descontadas do que o normal na bolsa. “Acho que isso é resultado dos juros altos por muito tempo. Operacionalmente, as incorporadoras estão em situação melhor do que estavam antes e durante a pandemia de Covid-19. Mas as incorporadoras de médio e alto padrão estão mais expostas aos juros que as que atuam no segmento econômico”, diz.

Segundo sua prévia operacional, a Trisul registrou vendas líquidas de R$ 342 milhões no quarto trimestre de 2023, uma alta de 40,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. No ano, as vendas líquidas da Trisul atingiram R$ 1,28 bilhão, um aumento de 81,4% frente a 2022. As vendas de lançamentos, entretanto, caíram 1,7%, para R$ 982,83 milhões, mas o número total de unidades lançadas avançou 57,6%, para 1,95 mil, na mesma base de comparação. Ao final do terceiro trimestre, a empresa registrava R$ 4,9 bilhões em landbank, patamar considerado ideal por Cury.

O CEO da Trisul afirma que o controle da inflação e o início do ciclo de queda na taxa básica de juros, a Selic, está sendo positivo para o setor, mas diz que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva precisa se atentar à disciplina fiscal para não incorrer em um repique inflacionário a partir de 2026. “O maior risco que eu vejo hoje é a questão fiscal. Se o governo tiver disciplina fiscal, isso vai gerar credibilidade para que o juro possa se manter em patamares mais baixos. Sem isso, corre-se o risco de voltarmos a ver inflação. Esse é o grande perigo. Por isso, temos que aproveitar esses anos de 2024 e 2025, já que não podemos prever o que vai acontecer em 2026, que é ano eleitoral”, aponta Cury.

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