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Suecos compram Adaggio por R$ 150 mi e assumem direitos autorais de Mamonas e Molejo

Gestora de obras musicais brasileiras era controlada por FIP da Arbor Capital; negócio ganha visibilidade global com aquisição pela Bell Partners AB

Mitchel Diniz

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Pode parecer aleatório colocar Mamonas Assassinas, Novos Baianos e Grupo Molejo em uma mesma playlist. No entanto, foi com esse repertório eclético de catálogos musicais que a Adaggio conquistou seus investidores. Desde sua criação em 2021, a gestora de direitos autorais era controlada por um fundo de investimentos em participações (FIP) da Arbor Capital, que levantou R$ 60 milhões junto a sócios e clientes para financiar a aquisição de catálogos. Agora, o negócio troca de mãos e passa a ser controlado pela Bell Partners AB, uma empresa com sede na Suécia, especializada em investimentos na indústria musical e que buscava uma oportunidade na América Latina.

A Bell Partners pagou mais de R$ 150 milhões pela aquisição, proporcionando um “funding praticamente ilimitado” para a Adaggio, afirma o CEO da gestora, João Luccas Caracas. “Estamos com munição para fazer qualquer tipo de negócio no Brasil”, declarou ao InfoMoney.

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Hoje, a Adaggio possui 170 catálogos, com mais de 200 mil músicas. Além dos clássicos, a gestora também investe na aquisição de obras novas — preferencialmente “hits” que estejam entre as mais tocadas nas plataformas digitais. “Estamos com mais de 50 composições concorrendo ao Grammy Latino deste ano”, ressalta João Luccas.

João Luccas Caracas, CEO da Adaggio, permanece à frente da gestora após aquisição da Bell Partners AB (Crédito: Divulgação)

Gestão de “hits”

A Adaggio recebe pela reprodução das músicas nas plataformas de streaming e pelos direitos autorais pagos via Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), mas também realiza uma gestão ativa de seu portfólio. Para impulsionar o retorno financeiro dos catálogos, a gestora negocia a inserção das músicas em campanhas publicitárias, filmes e séries, além de promover “remixes” e novas versões. Essas iniciativas podem, inclusive, gerar mais retorno para os próprios artistas, especialmente nos casos em que a Adaggio adquire apenas uma participação na obra, em vez de realizar uma aquisição completa.

A Bell Partners amplifica essas possibilidades. A nova controladora possui uma rede internacional de empresas de música sob seu guarda-chuva, o que deve permitir que a Adaggio trabalhe seus catálogos de forma global.

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“Eles têm um catálogo gigantesco de k-pop, o que abre possibilidades de parcerias com compositores brasileiros. Ou, quem sabe, um intercâmbio com o pessoal do country americano, já que temos o sertanejo forte aqui”, exemplifica João Luccas. Por enquanto, a Adaggio possui apenas obras brasileiras em seu portfólio, mas já está atenta a catálogos de fora do país, especialmente na América Latina, onde pretende expandir seus negócios com a chegada do novo controlador.

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Mercado em expansão

A Arbor saiu, mas a aquisição da Adaggio pela Bell Partners teve como condição a permanência de João Luccas e sua equipe à frente do negócio. O CEO é músico, produtor e, como DJ, já se apresentou em grandes festivais, como Rock in Rio e Lollapalooza. Durante a pandemia, impossibilitado de fazer shows, ele recebeu uma oferta pelo seu catálogo de músicas, o que foi o estopim para o surgimento da gestora.

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Os cotistas do FIP que controlou a Adaggio nos últimos três anos saíram com quase o dobro do investimento feito no início do negócio. “Fora do Brasil, esse é um tema muito quente. Toda a indústria de private equity está envolvida, e muitos fundos investem no segmento, em um arranjo muito parecido com o nosso”, explica João Vitor Valladares, sócio-fundador da Arbor Capital. “Agora, passamos o bastão para o próximo investidor levar a Adaggio a outro patamar.”

Segundo Valladares, a indústria musical está “submonetizada”, mas vem se transformando com o streaming e possui grande potencial de crescimento. No Brasil, no entanto, a digitalização da música ainda está abaixo da média global, e a base de assinantes “premium” nas plataformas está muito atrás de mercados de referência, como os Estados Unidos. “No Brasil, apenas 13% da base de usuários das plataformas são assinantes. Nos Estados Unidos, esse número é de 42%”, afirma o gestor.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados