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St Marche pede medida cautelar para suspender dívidas e evitar recuperação judicial

Holding e controladas tentam evitar cobrança antecipada de dívidas de fundos geridos por Quatá e BTG

Iuri Santos

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A rede de supermercados St Marche entrou na última segunda-feira (17) com um pedido de medida cautelar para suspender temporariamente o pagamento e vencimento antecipado de dívidas na casa de R$ 639 milhões.

Na ação encaminhada à 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo a que o InfoMoney teve acesso, a holding STM e suas controladas justificam que o pedido busca evitar uma recuperação judicial.

Segundo o documento, nos últimos dias as empresas Hortus, Alimentum, Virtus, Sanctus, Astrum, Fides, Via e Fortis (sociedades operacionais) receberam de fundos geridos pela Quatá uma declaração de vencimento antecipado das dívidas de R$ 8,25 milhões. Já a STM (holding), enfrenta dificuldades para extender o período de negociação com o Fundo de Direitos Creditórios (FIDC) Alternative Asset I, administrado pelo BTG.

O St Marche tenta se precaver da cobrança antecipada de todas as obrigações financeiras junto ao Alternativ Asset I, “em razão de descumprimento de um único covenant financeiro (obrigações de fazer), relativo ao índice de alavancagem de uma de suas subsidiárias.

De acordo com a ação, o próximo vencimento relevante da empresa com o fundo ocorre apenas em 23 de junho de 2026, com o vencimento de uma emissão de debêntures. A totalidade das obrigações financeiras da rede varejista com o fundo é de R$ 275,9 milhões.

O juiz Jomar Juarez Amorim concedeu à empresa uma tutela parcial “apenas para determinar a suspensão de execuções contra as requentes, desde que embasada em créditos sujeitos a RJ [Recuperação Judicial]” pelo prazo de 60 dia.

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A empresa menciona que o pedido de medida cautelar ocorre em “prol da mediação extrajudicial instaurada perante aos credores financeiros”, requerida na Câmara Especial de Resolução de Conflitos Empresariais no último domingo (16).

O Grupo St Marche faturou R$ 1,32 bilhão em 2024, segundo aponta a ação. Diante da elevação das taxas de juros acima do esperado quando parte das dívidas foram contratadas, a empresa justifica que houve uma pressão adicional sobre sua estrutura de capital.

Em janeiro de 2025, o faturamento bruto do grupo foi de cerca de R$ 94 milhões, diz o documento e R$ 60 milhões das operações de crédito estão garantidas por cessões fiduciárias de vendas de cartões de crédito e débito. Os pagamentos líquidos no mesmo mês foram de R$ 103 milhões, o que levou a um fluxo de caixa negativo em R$ 10 milhões.

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“Caso a presente tutela cautelar não seja concedida, praticamente a totalidade de sua receita bruta mensal poderia ser retida e permaneceria indisponível, demonstrando a essencialidade na liberação de toda a carteira de recebíveis”, argumenta no pedido.

Iuri Santos

Repórter de inovação e negócios no IM Business, do InfoMoney. Graduado em Jornalismo pela Unesp, já passou também pelo E-Investidor, do Estadão.