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Sob a lupa do mercado, Nvidia mira em 4º tri mais forte após atraso em novos chips

Problema na produção postergou resultados para o fim do ano, mas demanda segue firme, diz Marcio Aguiar, diretor da Nvidia para América Latina

Iuri Santos

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Para as próximas semanas, a Nvidia (NVDC34) ainda espera ver algumas oscilações em suas ações na esteira de atualizações macroeconômicas dos Estados Unidos. Vinda de um trimestre em que as receitas novamente cresceram acima de 100%, a companhia readequou as expectativas de faturamento após atraso na entrega de sua linha mais moderna de chips, com resultados mais fortes chegando ao fim do ano.

Desde a divulgação dos resultados do segundo trimestre da empresa, na última quarta-feira (28), as ações da Nvidia tiveram uma desvalorização próxima de 5%. Ainda que os dados tenham mostrado um faturamento de US$ 30 bilhões, crescimento de 122% na comparação anual e acima do consenso de mercado, as projeções da empresa quanto ao terceiro trimestre não agradaram ao mercado.

Pelo guidance (projeção) relatado pela empresa, a receita do terceiro trimestre será de cerca de US$ 32,5 bilhões. Embora os analistas tivessem previsto, em média, US$ 31,9 bilhões, algumas estimativas apontavam até US$ 37,9 bilhões.

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Segundo o diretor da divisão de Enterprise da Nvidia para América Latina, Marcio Aguiar, dados econômicos que estão por vir nos Estados Unidos – como o Payroll, do mercado de trabalho e a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano) sobre os juros – devem manter alguma volatilidade no papel.

“[A reação do mercado] não gera preocupação porque sabemos o que estamos fazendo, o nosso propósito de conseguir evoluir”, disse Aguiar em entrevista ao InfoMoney. “No primeiro trimestre, por exemplo, tivemos resultados com o mesmo crescimento ano contra ano e trimestre contra trimestre. As ações caíram um pouco e depois subiram.”

Resultados da Nvidia > rumo dos juros?

A volatilidade ocorre enquanto analistas começam a tratar os resultados da Nvidia como um indicador financeiro comparável às decisões de política monetária do próprio Fed, dada sua posição como um “indicador” para a indústria de tecnologia, disse Mohit Kumar, estrategista da Jefferies, em entrevista ao Financial Times.

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Mas a sensação, segundo Aguiar, não aponta para qualquer esfriamento na demanda, ao menos do lado dos grandes provedores de serviços de processamento em nuvem, os chamados hyperscalers. Big techs como Google (GOGL34), Amazon (AMZO34) e Microsoft (MSFT34) mantêm investimentos acelerados em sua infraestrutura para data centers enquanto a demanda por processamento de inteligência artificial generativa aumenta.

Embora investidores estejam começando a questionar os elevados gastos em infraestrutura dos hyperscalers, as grandes empresas de tecnologia estão dispostas a errar para cima no cálculo de gastos com infraestrutura. Na linha de soluções para empresas da Nvidia, os provedores de larga escala representam algo próximo a 40% das receitas.

“A demanda que eles estão nos dando é muito rápida, quase não conseguimos entregar tudo”, diz Aguiar. “Todos os hyperscalers estão vendo valor. A cada US$ 1 que eles investem, têm US$ 6 de retorno”, conta.

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Um erro, muitos atrasos

Devido à identificação de um erro em soldas de um agrupamento de componentes que poderia causar problemas, a linha mais moderna de chips da empresa, Blackwell, teve atrasos em sua entrega, que já deveria estar acontecendo nos últimos meses. Por isso, boa parte do faturamento com os pedidos da geração mais moderna – que deve levar a destaques no faturamento – ficou para o fim do ano.

“Em setembro já começamos a entregar uma parte, mas o forte da receita da Blackwell é para o quarto trimestre. Mas o forte mesmo da receita da linha é para o quarto trimestre, em novembro e dezembro, até porque já estamos com nossos pedidos”, diz Aguiar. De novo, os grandes demandantes desses novos chips são os hyperscalers.

Iuri Santos

Repórter de inovação e negócios no IM Business, do InfoMoney. Graduado em Jornalismo pela Unesp, já passou também pelo E-Investidor, do Estadão.