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Os acionistas da Sinqia (SQIA3) definem na manhã desta quinta-feira (14) o fechamento de capital da empresa de tecnologia na B3. Esse é mais um passo desde que a porto-riquenha Evertec anunciou um acordo para compra da companhia brasileira, em um M&A que se tornou público no fim de julho e avaliado em pouco mais de R$ 2,4 bilhões.
O aval para o encerramento das negociações das ações da Sinqia na Bolsa não deve enfrentar resistência da base acionária, uma vez que a Evertec já obteve acordo com os acionistas relevantes da companhia – HIX, Tarpon, Vinland Capital e os fundadores do negócio –, que representam cerca de 40% de seu capital. Para a proposta ser aprovada basta 50% mais um.
A transação chamou a atenção do mercado à época. Nada indicava no radar uma possibilidade de aquisição, pelo contrário. A Sinqia comprou 24 empresas desde sua oferta pública inicial (IPO, em inglês) em 2013 e a expectativa era que seguisse com o plano. Prova disso é que a companhia não estava prospectando a venda do negócio, segundo fontes ouvidas pelo IM Business.
O interesse partiu diretamente da Evertec. Capitalizada após um bem-sucedido turnaround, a companhia, que atua no processamento de pagamentos na América Latina, buscava ampliar sua participação no Brasil. O primeiro passo ocorreu em fevereiro, com a compra da paySmart, fintech de serviços financeiros. Na sequência, a Evertec já centrou foco na Sinqia, iniciando conversas com membros de seu conselho.
As negociações foram concluídas em cerca de cinco meses, janela considerada rápida para os padrões de mercado. A organização do negócio chamou a atenção do comprador. “O mercado conhece a qualidade organizacional da Sinqia, então foi um processo de diligência muito rápido”, relata uma pessoa próxima ao negócio.
A Evertec enxerga que a Sinqia trará um negócio complementar ao seu, especialmente sob o ponto de vista de receitas recorrentes. A empresa brasileira é referência em softwares para grandes bancos, tendo um market share consolidado no país. Essa expertise foi outro diferencial observado pela Evertec, que trabalha com a possibilidade de levar essas soluções bancárias para fora do país.
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“Esta é uma transação altamente complementar. Juntos planejamos trazer as soluções de pagamentos da Evertec para o Brasil e as estratégias da Sinqia para os nossos mercados latino-americanos”, disse Mac Schuessler, presidente e CEO da Evertec, em comunicado divulgado após o M&A.
O M&A prevê a incorporação das ações da Sinqia a uma subsidiária brasileira da Evertec, a exemplo do que ocorreu nas transações entre Stone e Linx e, mais recentemente, entre Boa Vista e Equifax. A Evertec pagará 90% do valor em dinheiro e 10% será convertido em ações da companhia em Nova York – a empresa lançará BDRs com a promessa de um programa de recompra no futuro. Além do aval dos acionistas, a Sinqia precisará da aprovação de seus debenturistas, o que as partes afirmam já estar em conversas.
Sob este cenário, a tendência é que uma das “queridinhas” do mercado saia das carteiras de investidores e gestores até o fim do ano. A primeira a puxar a fila foi a SFA. Em carta aos cotistas após o anúncio do M&A, a gestora, que possui 2% do capital da empresa e que entrou no papel no IPO, já admitiu que busca novas oportunidades no mercado e citou um sentimento misto ao ver um investimento ter dado muito certo ao mesmo tempo em que havia oportunidade de crescer ainda mais.
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“Mesmo que a incorporação ao preço de R$ 27,19 por ação represente uma alta de 81,5% no ano de 2023, a Sinqia ainda está muito longe do preço que consideramos justo”, afirma a carta assinada pelo sócio e gestor da SFA, Ciro Aliperti Neto. “Em alguns poucos anos, a Sinqia estaria com um faturamento e Ebitda muito maiores do que os apresentados hoje e poderia ser vendida por um valor superior ao oferecido pela Evertec.”
Com valor de mercado de US$ 2,5 bilhões na Nyse, a Evertec registrou lucro líquido de R$ 28,2 milhões no segundo trimestre deste ano, crescimento de 16%, com a receita líquida alcançando US$ 167,1 milhões (+4%). No mesmo período, a Sinqia reportou prejuízo líquido de R$ 3,4 milhões, já a receita líquida cresceu 9,7%, para R$ 166,6 milhões, sendo R$ 141 milhões em receitas recorrentes. A empresa vale R$ 2,4 bilhões na B3.
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