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Setor de data centers vai negociar com governo isenção tributária para “chip da IA”

Ideia é isentar o imposto sobre a importação dos GPUs, o tipo de chip mais usado para tarefas de inteligência artificial

Iuri Santos

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O setor de data centers começará a negociar com o governo alternativas para isentar o imposto sobre a importação de GPUs, o tipo de chip mais usado para tarefas de inteligência artificial. Representantes do setor vislumbram o potencial de atrair grandes empreendimentos devido ao crescimento da demanda provocado pela IA generativa, mas o custo dos equipamentos ainda é muito elevado.

Segundo o diretor da Associação Brasileira de Data Center (ABDC), Renan Lima Alves, o setor já está alinhando agendas com os ministérios da Fazenda, Minas e Energia, Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e Ciência e Tecnologia para iniciar as conversas.

“Todos eles estão muito engajados na pauta. Agora falta um pouco da indústria fazer um trabalho dentro de casa, apresentar melhor os trade-offs e quantificar quanto isso impacta em termos de faturamento, emprego, etc.”, disse Alves ao InfoMoney.

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A intenção, no entanto, não é que o tema seja tratado por meio da Reforma Tributária. Segundo a avaliação da associação, esse é um caminho de debate mais amplo, enquanto a demanda do setor é localizada e precisa de respostas rápidas: conseguir um benefício de exportação focado em GPUs para processamento de inteligência artificial generativa.

A avaliação é de que a matriz energética amplamente renovável do Brasil é um atrativo para empresas que atuam nesse segmento.

Para desenvolver uma inteligência artificial, há basicamente dois processos: o treinamento e a inferência. O segundo está relacionado à capacidade do modelo de raciocinar — como quando um chat de IA generativa responde a uma pergunta. O primeiro diz respeito ao aperfeiçoamento do modelo e sua capacidade de gerar melhores inferências.

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No caso do treinamento, os servidores dedicados ao processamento da IA generativa não precisam estar próximos às empresas responsáveis pelos modelos, o que significa que as companhias podem optar por operar fora do país, já que a latência (quantidade de tempo que leva para os dados viajarem de um ponto a outro através de uma rede) não é um impeditivo.

É nesse contexto que o Brasil poderia competir com outros países que buscam espaço no mercado dos grandes desenvolvedores de inteligência artificial. Segundo Alves, o país seria capaz de disputar a alocação de data centers com grandes concorrentes como Índia e Austrália.

O custo das GPUs, no entanto, é um obstáculo. No setor, costuma-se dizer que para cada R$ 100 que uma empresa gasta para construir um data center — isto é, a estrutura física, refrigeração, abastecimento de água, etc. — são gastos R$ 1.000 com o que vai dentro dele. Simplificando: gastos com as GPUs.

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“A janela de tempo para fazermos essa mudança é agora; precisamos trabalhar intensamente nos próximos dois anos para capturar essa oportunidade. Se não fizermos isso agora, não vai acontecer”, avalia Alves.

Atualmente, o Brasil não tem capacidade de desenvolver computadores com potência suficiente para nutrir os data centers dedicados à IA generativa. Aliás, a Nvidia praticamente domina o mercado de alto desempenho para processamento.

Iuri Santos

Repórter de inovação e negócios no IM Business, do InfoMoney. Graduado em Jornalismo pela Unesp, já passou também pelo E-Investidor, do Estadão.