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Ao longo de seus 93 anos, Silvio Santos se tornou um dos mais importantes executivos do setor de mídia no Brasil. Dono da emissora SBT e de empresas como Jequiti, Sisan Empreendimentos, Liderança Capitalização e SS Participações, além do hotel Jequitimar, o Grupo Silvio Santos rendeu ao apresentador um patrimônio de R$ 1,6 bilhão, segundo a Forbes.
A morte de Silvio Santos no último sábado (17), vítima de complicações de um quadro de broncopneumonia causado pelo vírus influenza (H1N1), gera questões sobre quem irá assumir o comando do grupo de empresas fundado em 1959. Neste cenário, um nome começa a ganhar destaque: Renata Abravanel.
Com 39 anos de idade, Renata é a sexta filha de Silvio. As irmãs são Cintia (63), Silvia (53), Daniela (47), Patrícia (46) – talvez a mais conhecida e “herdeira” da apresentação dos principais programas da rede de televisão –, além de Rebeca (43). Todas têm algum envolvimento no Grupo Silvio Santos.
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A caçula dos Abravanel já vinha sendo preparada para liderar os negócios do pai pelo menos desde 2010. Neste ano, o grupo passou a ser presidido por Guilherme Stoliar, sobrinho de Silvio e foi a partir de então que Renata passou a ter mais destaque na operação. As decisões finais do negócio ainda cabiam ao fundador.
Renata assumiu a presidência da holding em 2020, com a saída de Stoliar. Dois anos depois, ela passou o bastão para José Roberto Maciel, executivo que atuava há mais de uma década como CEO do SBT. Renata, por sua vez, passou a ocupar o cargo de Presidente do Conselho de Administração do Grupo Silvio Santos.
O que pode auxiliar Renata neste processo de transição é o fato de que Silvio já havia deixado o comando da operação anos antes. “Não se trata de uma sucessão traumática, porque vários herdeiros já trabalham na emissora”, afirma Bruno Corano, economista da Corano Capital, gestora de wealth management que administra uma carteira de mais de US$ 2 bilhões.
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Para Corano é importante que exista conformidade entre as herdeiras para evitar conflitos que possam atrapalhar os negócios do grupo no curto e no longo prazo. “É algo que não me parece acontecer. Silvio parece ter fomentado uma harmonia familiar bem resolvida”, afirma.
Em 2014, em entrevista para a revista Contigo, Renata comentou sobre a possibilidade de suceder ao pai. “É óbvio que estamos trabalhando nisso, toda função importante tem que ter um plano B. Porém, Silvio Santos é insubstituível. Meu pai é meu mentor. Gosto de observar como ele conduz reuniões, sua visão e o jeito como trata as pessoas. Eu duvido que ele vá se aposentar tão cedo.”
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Para assumir a operação, ela se preparou academicamente. Renata graduou-se em administração de empresas na Liberty University, nos Estados Unidos – uma faculdade sem tanto prestígio no país – e fez cursos relacionados na Fundação Getulio Vargas, no Insper e na Fundação Dom Cabral. Em 2016 e 2017 frequentou a Universidade de Harvard – essa, sim, internacionalmente reconhecida.
Ainda que tenha pouco mais de 510 mil seguidores no Instagram e 102 mil internautas conectados em sua conta no X, Renata é uma pessoa pouco pública. Sua vida pessoal foi mantida longe da imprensa nos últimos anos. Apenas seu casamento com o empresário Caio Curado, em 2015, e o nascimento dos filhos Nina (6) e Daniel (4) ganharam os holofotes nos últimos anos.
“As pessoas mais jovens trazem um modelo de gestão mais moderno. É uma questão natural da formação”, afirma Rodrigo Pecchiae, especialista em governança corporativa de família. “Uma sucessão involuntária permite que a empresa possa absorver mudanças de forma mais contundente.”
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Negócio familiar
O Brasil concentra grandes empresas controladas por famílias e que conseguiram, ao longo de décadas, realizar a sucessão dos negócios entre seus familiares. Nessa lista estão empresas de capital fechado como Grupo Globo e Grupo Boticário e companhias com ações listadas em bolsa, como Magazine Luiza e JBS.
Na gestão do Grupo Silvio Santos, Renata terá pela frente o desafio de continuar administrando empresas de faturamento bilionário. A companhia não divulga seus números financeiros. Mas, em 2019, o SBT informou que ultrapassou R$ 1 bilhão de receita.
Outro negócio de destaque é a marca de cosméticos Jequiti, que tem mais de 260 mil revendedoras no Brasil. A operação foi avaliada em R$ 450 milhões e esteve próxima de ser vendida para Cimed, mas as negociações com a farmacêutica foram encerradas na última terça-feira (20).
Segundo o Pipeline, o que travou o M&A foi um pedido de renegociação dos valores envolvidos no negócio. A Cimed queria um ajuste final no valuation. O Grupo Silvio Santos, no entanto, bateu o pé no valor de quase meio bilhão de reais para a venda total de ações.
“O Grupo Silvio Santos comunica que as tratativas para a venda da Jequiti à Cimed foram encerradas. Após um período de negociações e diálogo construtivo entre as partes, não foi possível alinhar todos os interesses envolvidos para concretizar o acordo”, informou o Grupo Silvio Santos em comunicado ao mercado.
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