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Até pouco tempo, o ex-CEO da gigante varejista brasileira Americanas (AMER3) era praticamente invisível para o público. Discreto, ele evitou entrevistas à imprensa, manteve-se distante de investidores e analistas – e há muito poucas fotos públicas dele. Nesta quinta-feira (27), Miguel Gutierrez foi alvo da Operação Disclosure, da Polícia Federal, por supostas fraudes contábeis quando esteve à frente da empresa.
Ele é a primeira grande figura interna da varejista a enfrentar consequências penais da investigação. A polícia tem mandado de busca e de prisão preventiva contra o ex-executivo, que tem cidadania brasileira e espanhola e está foragido. Também recebeu ordem de prisão a ex-diretora Anna Saicali, que, assim como ele, deixou o Brasil.
Gutierrez comandou a Americanas durante 20 anos. Ele chegou ao grupo em 1993, quando assumiu a área financeira, e passou a ser CEO dez anos depois. O executivo renunciou ao cargo em dezembro de 2022, quando Sergio Rial assumiu o posto e logo revelou o rombo bilionário da varejista.
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As acusações
Gutierrez e ex-diretores da varejista são acusados de envolvimento na fraude bilionária que levou a empresa a pedir recuperação judicial. Investigado por falsificação de contratos e ocultação de dívidas, o ex-executivo nega as acusações.
A Americanas tenta reestruturar uma dívida de R$ 42,5 bilhões e tem planos de voltar a ser lucrativa até 2025, com ajuda de uma injeção de capital do trio de bilionários da 3G Capital, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira.
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Em janeiro de 2023, quando o escândalo de fraude contábil explodiu na Americanas e manchou a reputação de seus accionistas bilionários, o carioca Gutierrez mudou-se para Espanha enquanto os investigadores brasileiros investigavam o caso.
Um inquérito interno apontou diretamente para Gutierrez como o mentor do caso que levou a varejista brasileira de 95 anos à recuperação e deixou 5 mil funcionários desempregados. Uma investigação do Congresso revelou documentos – produzidos por um comité independente contratado pela Americanas – que alegavam que Gutierrez e membros da sua equipe executiva falsificaram contratos publicitários e ocultaram o financiamento da cadeia de abastecimento, a fim de minimizar o tamanho da dívida da empresa e aumentar os lucros.
Os investigadores da Polícia Federal, do Ministério Público e do comitê interno trabalharam para desvendar o funcionamento interno do suposto esquema. Dois executivos seniores aceitaram acordos judiciais e concordaram em cooperar com as autoridades.
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Sobre a operação
Na ação de hoje, cerca de 80 policiais federais fizeram dois mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão nas residências dos ex-diretores das Americanas, localizadas no Rio de Janeiro.
Também entre os alvos estão Anna Christina Soteto, Carlos Eduardo Padilha, Fabien Picavet, Fabio Abrate, Jean Pierre Ferreira, João Guerra Duarte Neto, José Timotheo de Barros, Luiz Augusto Henriques, Marcio Cruz Meirelles, Maria Chirstina Do Nascimento, Murilo dos Santos Correa e Raoni Lapagesse Franco. A PF não divulgou os nomes dos alvos da operação desta quinta.
A investigação contou ainda com o apoio técnico da Comissão de Valores Mobiliários – CVM. A Justiça Federal determinou o sequestro de bens e valores destes ex-diretores que somam mais de meio bilhão de reais.
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Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
*Com informações da Bloomberg
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