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Se os três primeiros trimestres deste ano foram “desafiadores” para as operações de JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) nos Estados Unidos, por conta da oferta restrita de animais e dos custos mais elevados, o último quarto do ano não dá sinais de ser diferente.
O último dado sobre o abate de gado divulgado pelo Serviço de Pesquisa Econômica, do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) mostrou que o país teve o pior outubro desde 2017, em termos de animais abatidos.
Foram enviadas para os frigoríficos 2,82 milhões de cabeças, 2,7% a menos do que em outubro do ano passado. O número também está 3,5% abaixo da média de animais abatidos no mês nos últimos cinco anos, segundo o USDA.
A retenção de fêmeas, indicativo de que a oferta de animais poderia voltar a crescer, não está ocorrendo. O percentual de vacas no total de animais abatidos segue acima de dois dígitos. Em outubro, as fêmeas representaram 11,9% do total. Na média do ano, o percentual é de 10,6%.
É verdade que a participação das vacas no total de abates de 2023 é inferior aos 11,7% de 2022. Porém, ainda está distante dos 9,6% observados em 2019, antes da pandemia da covid-19.
O próprio chefe das operações da Marfrig na América do Norte, Tim Klein, reconhece que o rebanho americano vai continuar encolhendo por mais alguns anos. Em teleconferência com investidores após os resultados do terceiro trimestre, ele disse que o processo de retenção de fêmeas ainda não começou e a oferta restrita de animais deverá durar todo ano de 2024 e chegar a 2025.
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Com menos animais disponíveis, os preços da principal matéria-prima dos frigoríficos sobem e seguem impactando o negócio. De janeiro a setembro, a margem da operação americana da Marfrig foi de 4,5%, distante dos 13,34% registrados no mesmo período do ano passado.
Para a JBS, a situação também é difícil. A margem da operação de carne bovina da companhia entre janeiro e setembro caiu de 11,35%, no ano passado, para 1,24% em 2023.
Em sua mensagem aos investidores do terceiro trimestre, o CEO da JBS, Gilberto Tomazoni, disse que medidas operacionais adotadas a partir de março, tanto na área comercial quanto na industrial, estão ajudando a empresa a atravessar o ciclo de oferta mais restrita nos EUA.
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Contudo, os preços seguem em trajetória de alta. Em outubro, o preço do “centum weight” – unidade de medida equivalente a 100 libras ou 45,35 kg – voltou à casa dos US$ 182. O valor é 25% maior do que o registrado em outubro do ano passado e 54% superior ao preço médio dos últimos cinco anos.
Na ponta do varejo americano, o preço real da carne bovina – deflacionados pelo IPC dos EUA – vem caindo desde agosto. A carne Choice – classificação intermediária entre Prime e Select – está abaixo dos US$ 2,70 por libra no varejo.
“Embora elevados, os valores reais da carne bovina no varejo, nos primeiros 9 meses deste ano, estão abaixo das máximas de 2021 e 2022”, diz o relatório de novembro do Serviço de Pesquisa Econômica do USDA.
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