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As indústrias de pequeno e médio porte do estado de São Paulo têm potencial para reduzir em até 70% a pegada de carbono, a partir de investimentos em tecnologias e equipamentos, como caldeiras à base de biomassa. O uso de bombas de calor para produção de água quente, por exemplo, diminui em até 65% o custo da energia. Medidas como manter menor temperatura de exaustão em fornos e aquecedores podem baixar o valor da fatura de energia em até 30%.
Esses achados fazem parte de análises do Programa de Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável (PotencializEE), liderado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e coordenado por meio da GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit), Agência Alemã de Cooperação Internacional. Criado em 2021, o PotencializEE acaba de ser integrado ao plano Nova Indústria Brasil, lançado pelo Governo Federal em janeiro de 2024.
Jornada de descarbonização
Na fase de diagnósticos, o PotencializEE está sendo aplicado em 380 indústrias de pequeno e médio porte do estado de São Paulo, com o objetivo de desenvolver e financiar projetos de eficiência energética. Até o fim de 2025, o programa tem cerca de R$ 420 milhões para subsidiar essa jornada de descarbonização, diz Marco Schiewe, diretor do Programa PotencializEE.
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Os recursos são subsidiados pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e pelo Fundo de Aval de Eficiência Energética (FAEE), lançado em junho pelo Governo de São Paulo. Segundo o Desenvolve SP, o FAEE foi lançado para viabilizar garantias a pequenas e médias empresas indústrias instaladas em São Paulo que invistam em projetos de eficiência energética.
“Os pequenos e os médios industriais não deixam de trocar máquina porque não querem, mas sim porque precisam de 130%, 150% de garantia. O custo da energia é uma das maiores dores da indústria. As máquinas industriais têm hoje, em média, 20 anos de uso”, afirma Ricardo Brito, diretor-presidente da Desenvolve SP.
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Schiewe diz que a função do FAEE é exatamente reduzir a exigência das indústrias no processo de tomada de crédito. A estimativa é que, com os descontos oferecidos, o montante que os participantes do PotencializEE terão que desembolsar pode cair para até 20% do valor do projeto.
“Uma empresa que antes precisava apresentar, por exemplo, 130% do crédito que demandou, em garantia, terá essa exigência bastante reduzida. Em alguns casos será de 20% do valor tomado”, afirma Schiewe.
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Os gestores do PotencializEE estimam que as indústrias terão maior acesso a crédito, a partir da combinação de recursos do FAEE, e a parceria da Finep no programa, com a linha Finep Inovacred, que tem taxas de juros atreladas à Taxa Referencial (TR) e gira em torno de 7% ano.
“Elas poderão de fato avançar na descarbonização com a adoção de projetos de eficiência energética no curto prazo”, avalia Schiewe.
Senai realiza diagnósticos
Antes de optar pelo programa mais adequado de descarbonização, as pequenas e médias indústrias passam por uma avaliação, que é feita pelo Senai. O PotencializEE já identificou cerca de mil indústrias classificadas como pequenas e médias no estado de São Paulo interessadas em aderir ao programa.
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Além de ser enquadrada como PME ─ ou seja, a indústria deve ter até 499 funcionários e faturamento anual que não pode ultrapassar R$ 300 milhões ─, é preciso cumprir alguns requisitos do programa. Schiewe ressalta que há preferência entre as indústrias que possam reduzir significativamente o consumo energético.
“Empresas com faturas de energia elevadas são relevantes para o programa. Especialmente se esse consumo vai além da energia elétrica, como gás natural e diesel”, observa.
Na fase de diagnóstico, o PotencializEE identificou alguns casos de indústrias que poderiam reduzir em 70% a pegada de carbono. Uma dessas indústrias está instalada no município de Cajamar e integra o setor têxtil.
Por questões contratuais, o PotencializEE não está autorizado a divulgar o nome das indústrias participantes, mas Schiewe afirma que, nesse caso, a solução seria a instalação de bombas de calor e sistema de ar comprimido e recuperadores de calor alimentados pela energia elétrica, em substituição aos equipamentos que consomem gás natural.
“Na indústria localizada em Cajamar, a bomba de calor que produz água quente alimentada pela energia elétrica representa um investimento de aproximadamente R$ 5 milhões, porém, anualmente a empresa vai economizar cerca de R$ 1,7 milhão no consumo energético e evitar 13, 5 mil toneladas CO2 equivalentes”, diz Schiewe.
Consumo e emissão da indústria
Dados reunidos pelo PotencializEE apontam que o setor industrial é responsável por 32% do consumo energético e por 18,13% do total de emissões no Brasil, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O programa também levantou junto à Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) que, na última década (2010-2020), o valor da tarifa média de eletricidade no país aumentou mais de 50%, representando um dos maiores obstáculos ao crescimento e competitividade da indústria.
“Por isso, o investimento em eficiência energética promove a descarbonização de processos industriais e a redução dos gastos com energia em cerca de 34%”, observa Schiewe.
O PotencializEE pretende viabilizar uma economia de 7.267 GWh no consumo de energia até 2025, superando o consumo anual de energia elétrica de todo o Distrito Federal, contribuindo assim para a mitigação da emissão de 1,1 MtCO₂e (tonelada de carbono equivalente). Schiewe diz que há planos para levar o programa a outros estados brasileiros e que já está avaliando essa possibilidade junto ao MME.
Emissões evitadas
As indústrias que aplicarem para participação no PotencializEE e forem escolhidas para a etapa de avaliação terão o diagnóstico realizado gratuitamente por especialistas do Senai. Além do exemplo do setor têxtil, a fase de diagnósticos apontou possíveis projetos nos setores de produção de plástico e borracha.
No caso da indústria do setor plástico, o investimento está estimado em R$ 580 mil para ações de isolamento térmico e implantação do sistema de geração de ar comprimido e iluminação. A economia anual no consumo energético ficará em torno de R$ 240 mil, e a produção evitará 497 toneladas CO2 equivalentes.
Já a indústria do setor de borracha pode adotar equipamentos alimentados por biomassa e motores acionadores elétricos, com investimento da ordem de R$ 1,6 milhão. A implantação resultará em uma economia anual de aproximadamente R$ 450 mil e evitará cerca de 11,3 mil toneladas CO2 equivalentes.
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